Para Emília FERREIRO (1997, p. 168), analisando a importância das intervenções do educador no processo de alfabetização coloca que o drama de muitíssimas crianças é que, não tendo contato com interpretantes nos seus primeiros anos, ao chegarem à escola tampouco os encontram.
A professora não age como intérprete nem como interpretante, mas como decodificadora. As famílias silábicas e as soletrações reduzem o mistério a um treinamento, e a palavra dissolve-se em componentes que destroem o signo lingüístico. Onde está a magia, o mistério, o desafio a ser superado, o objeto de conhecimento a ser alcançado?
Ela pesquisou e detectou três estágios no processo de aquisição da linguagem escrita. No primeiro estágio ou pré-silábico, as crianças não vêem a palavra e o objeto como duas realidades distintas; no segundo estágio, escrevem letras correspondendo a sílabas e no último estágio, adquirem a capacidade de empregar a representação alfabética da escrita.
Um preceito de Ferreiro traduz muito bem esta questão ao afirmar que a criança não está na escola para aprender a ler e escrever, mas para ler e escrever por ela mesma. Portanto, é preciso entender que a criança não se alfabetiza sozinha.
Segundo Ferreiro, “um dos maiores danos que a escola pode fazer a uma criança é levá-la a perder a confiança em sua própria capacidade de pensar”.
Para a autora supracitada o aprendizado da leitura e escrita é um processo evolutivo. Portanto, devemos considerar a escrita espontânea, e isto se sobrepõe aos limites das junções de letras, sílabas e palavras. Nesse ponto, a pesquisadora faz contundentes críticas às cartilhas e a recomendação de que devem ser reavaliadas porque impedem verificar se a criança evolui. Portanto, para FERREIRO, apud LAGÔA (1990, nº 41):
o processo construtivista do aprendizado, que consiste, antes de tudo, em respeitar o modo como a criança começa a conceber o universo da língua escrita. Neste tipo de abordagem, ela pode cometer erros de ortografia, mas não sufoca a língua que pode produzir. Ao escrever a palavra casa com apenas dois ás, a criança está construindo os primeiros andaimes de um edifício que a leva a dominar a escrita.
O construtivismo não é o redentor dos problemas educacionais do nosso país, mas, com certeza, é uma teoria ou linha pedagógica norteadora de ações inovadoras que melhor se adaptam ao nosso tempo.
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