Líder da luta contra o apartheid, Nelson Mandela foi hoje lembrado
pela presidente Dilma Rousseff como um exemplo e referência a ser
seguido por todos os povos. "Trago aqui o sentimento de profundo pesar
do governo e do povo brasileiro e, tenho certeza, de toda a América do
Sul pela morte desse grande líder, Nelson Mandela", começou Dilma, muito
aplaudida na cerimônia de homenagem ao ex-presidente sul-africano no
estádio Soccer City, em Johanesburgo.
"O combate de Mandela e do povo sul-africano transformou-se em um
paradigma não só para este continente, mas para todos os povos que lutam
pela justiça, liberdade e igualdade", continuou Dilma Rousseff, que
levou condolências à viúva de Nelson Mandela, Graça Machel, e ao povo da
África do Sul. Segundo ela, Mandela "teve seus olhos postos no futuro
de seu país, de seu povo e de toda a África", ao mesmo tempo em que
"inspirou a luta no Brasil e na América do Sul".
"Madiba, como carinhosamente vocês o chamavam, constitui exemplo e
referência para todos nós, pela histórica paciência com que suportou o
cárcere e o sofrimento, pela lúcida firmeza e determinação que revelou
em seu combate vitorioso, pelo profundo compromisso com a justiça e pela
paz, sobretudo por sua superioridade moral e ética", declarou a
presidente. "Ele soube fazer da busca da verdade e do perdão os pilares
da reconciliação nacional e da reconciliação da África do Sul. Devemos
reverenciar essa manifestação suprema", acrescentou.
Emocionada, Dilma finalizou seu discurso ressaltando que Nelson
Mandela "deixou lições não só para seu querido continente africano, mas
para todos aqueles que buscam a liberdade, a justiça e a paz no mundo". E
que "nós, nação brasileira, que trazemos com orgulho sangue africano em
nossas veias, choramos e celebramos o exemplo desse grande líder que
faz parte do panteão da humanidade". A presidente foi à cerimônia
acompanhada de quatro ex-presidentes, Lula, Fernando Henrique Cardoso,
Fernando Collor e José Sarney.
Leia abaixo reportagem da Reuters sobre a cerimônia no estádio Soccer City:
Líderes se reúnem e milhares de sul-africanos cantam em despedida de Mandela
Por Stella Mapenzauswa e David Dolan
Por Stella Mapenzauswa e David Dolan
JOHANESBURGO, 10 Dez (Reuters) - Líderes do mundo todo, do presidente
dos Estados Unidos, Barack Obama, ao cubano Raúl Castro, juntaram-se a
milhares de sul-africanos para homenagear Nelson Mandela nesta
terça-feira em uma cerimônia que vai celebrar o dom do ex-presidente de
unir inimigos divididos política e racialmente.
Obama e o ex-presidente norte-americano George W. Bush, acompanhados
das mulheres, desembarcaram na base aérea de Waterkloof, em Pretória, ao
mesmo tempo em que sul-africanos dançavam sob chuva a caminho do
estádio Soccer City, em Johanesburgo, onde será realizada a homenagem.
A presidente Dilma Rousseff, que viajou para a África do Sul ao lado
dos ex-presidentes José Sarney, Fernando Collor de Mello, Fernando
Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva, será uma das líderes a
discursar no funeral, segundo a Secretaria de Imprensa da Presidência da
República.
Obama e Castro, cujos países são inimigos há mais de meio século,
também estão entre os oradores do evento, que acontecerá no estádio onde
Mandela, 23 anos atrás, foi exaltado por apoiadores após ser solto de
uma prisão do apartheid.
Coincidindo com o Dia dos Direitos Humanos da ONU, o estádio com
capacidade para 95 mil pessoas receberá o evento principal do funeral de
Mandela, que morreu na quinta-feira, aos 95 anos.
Desde a morte de Mandela, Johanesburgo tem visto um clima nublado e
chuvoso incomum para a época --um sinal, segundo as tradições africanas,
da passagem de uma pessoa querida que está sendo recebida na vida após a
morte por seus antepassados.
(Reportagem adicional de Steve Holland)
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