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quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Tucanos sabotam CPI do mensalão em SP


Por Altamiro Borges

Já virou rotina no longo reinado tucano em São Paulo. Nenhuma denúncia de falcatrua é apurada, os desvios de recursos públicos se acumulam e a mídia ainda tenta blindar os corruptos e corruptores. No caso do recente escândalo destampado pelo deputado Roque Barbieri (PTB), da base de apoio do governador Geraldo Alckmin, a triste história pode se repetir.


Roquinho, como é conhecido, garantiu em entrevista a um jornal do interior paulista, registrada em vídeo, que “de 25% a 30%” dos deputados da Assembléia Legislativa de São Paulo estão metidos em maracutaias para a aprovação de emendas. A denúncia caiu como bomba. O governo negou as acusações e, na sequência, prometeu maior transparência no trato do dinheiro público.

Operação-abafa e jogo pesado

Era puro jogo de cena. A operação-abafa foi imediatamente acionada. O deputado sofreu violenta pressão, sendo ridicularizado pelos próprios integrantes da base governista – tratado como louco, aventureiro e outros adjetivos. Houve também um boato da tentativa de cooptação para calar sua boca, com a indicação para uma secretaria do governo. A coisa não andou e Roquinho voltou a atacar.

Nesta semana, ele ligou o ventilador no esgoto, generalizando as críticas. Disse que a Assembléia Legislativa é um “camelódromo” e que todos os deputados “têm um preço”. Diante da gravidade da acusação, nesta quarta-feira (5) vários deputados exigiram a imediata instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para averiguar suas denúncias. A coisa está feia para todos!

Governistas têm medo da apuração

Mas os deputados do PSDB, DEM e PTB têm mais medo de uma CPI do que da língua solta de Roquinho. O pedido para sua criação foi assinado por 28 parlamentares do PT, PCdoB, PDT e PSOL, mas precisa da adesão de 32 para vingar. Na reunião do Colégio de Líderes, o petista Ênio Tatto citou o “camelódromo” para sensibilizar os governistas, mas ninguém topou assinar o pedido de CPI.

O presidente da Assembléia Legislativa, Barros Munhoz, também rejeitou a idéia da CPI e defendeu que a apuração seja feita pelo Conselho de Ética, no qual os governistas são maioria e o sigilo é garantido. Ele também atacou Roquinho, do seu partido. “Foi, no mínimo, profundamente infeliz e, mais do que isso, profundamente injusta (sua declaração). Logicamente, ela terá de ser reparada. Foi uma fala extremamente injuriosa e caluniosa. Ou ele se explica, ou fica passível de punição”.

Cadê a “marcha contra a corrupção”?

Pelo andar da carruagem, tudo indica que o novo pedido de criação de CPI na Assembléia Legislativa vai dar em pizza. Desde que o tucano Mário Covas assumiu o governo estadual, em 1995, já foram engavetados 91 pedidos de CPI para apurar irregularidades em São Paulo. A direita adora gritar pela criação de comissões de inquérito, mas nunca na sua casa.

Será que a mídia demotucana, tão empolgada com as tais marchas contra a corrupção, vai agitar algum protesto na Avenida Paulista? E a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), de São Paulo, presidida por um notório direitista, topa chamar uma “marchinha”?
Postado por Miro às 2

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