Observação: como militante político tucano, Montenegro errou todas as suas previsões sobre o PT, Lula e Dilma.
Importante observar que o PT tem todos os defeitos de todos os partidos, mas nenhum, nenhum mesmo tem as virtudes do PT.
Por fim, ao conselho de Negromonte - Talvez seja melhor a mídia se aproximar mais dos leitores do que tentar afastá-los do governo Dilma, importante considerar que a mídia criou tese DILMA sim, PT não.
E o que a mídia vem realizando com sucesso a após ano, é afastar o eleitor da classe média do PT para favorecer os tucanos.
E não concordo que ninguém é maior do que o PT porque quem carrega DILMA, LULA e o PT é a sua militância histórica
E não concordo que ninguém é maior do que o PT porque quem carrega DILMA, LULA e o PT é a sua militância histórica
A soma da campanha de Dilma, candidata vitoriosa em 2010, com as ações de Dilma no exercício da Presidência ampliou e agora consolidou o resgate da imagem do Partido dos Trabalhadores entre o populoso contingente de eleitores da classe média, conforme pesquisa Ibope divulgada no início do mês.
Em 2005, após o rumoroso episódio chamado de “mensalão” – um flagrante crime de caixa 2 dos petistas transformado pela imprensa em falso maior escândalo de corrupção da República em todos os tempos – perdeu uma grande fatia de apoio da população. Dois anos antes, porém, o governo Lula tinha aprovação generosa da população. Mais da metade dela (51%) avaliava o governo como ótimo e bom. Dois anos depois, a avaliação nesse item teve uma queda, dramática politicamente, para 35%. Os que avaliavam o governo como ruim e péssimo subiram, nesse período, de 7% para 22%.
Tabelas do Ibope, preparadas exclusivamente para esta coluna, mostram que esse movimento de queda tem estreita relação com a opinião das classes média e alta, aqui representadas pelo nível de escolaridade.
Em março de 2003, 54% desse contingente de eleitores, que soma à carga de preconceito uma rejeição política a alguns programas do PT, ainda sufocava sua oposição diante do sucesso do governo: 54% avaliavam o governo Lula como ótimo e bom.
O reflexo desse apoio ainda continha a disposição da mídia de declarar guerra ao governo. Mas o “mensalão” provoca o fim dessa circunstância. Em junho de 2005 (tabela), esse apoio baixou para modestos 33%.
“Essa me parece ser a mais importante pesquisa para o PT nos últimos dez anos”, afirma Carlos Augusto Montenegro, diretor do Ibope.
A declaração é apoiada em fatos, não em simpatia. A pesquisa Ibope-CNI mostrou um apoio expressivo a Dilma no Sul do País. Nessa região, em 2010, Dilma perdeu a eleição para Serra no primeiro turno. Nos três estados – Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina – ela venceu entre os gaúchos e perdeu entre os paranaenses e catarinenses.
Compare-se esse quadro com a situação do governo Dilma. A própria presidenta, oriunda da classe média que se meteu na luta armada contra a ditadura, baixou o nível de rejeição ao PT e a ela. Uma mulher de gostos e gestos diferentes dos gostos e gestos de Lula.
Ao longo da campanha eleitoral, a Dilma candidata de Lula já não sofria rejeição igual à que a classe média dedicava ao ex-presidente. Vitoriosa, ela iniciou o governo com apoio do eleitor de “nível superior” em porcentual que o metalúrgico Lula nunca alcançou.
Em março deste ano, o governo Dilma alcançou 55% de avaliação “ótimo/bom”. Em setembro, esse porcentual variou para menos: 51%.
“Dilma recuperou, sem dúvida, o descrédito nessas regiões, Sul, Sudeste e Centro-Oeste, de população mais rica e importante formadora de opinião”, explica Montenegro.
O diretor do Ibope lembra que Dilma não tem o perfil exato do militante petista. Ela ingressou na política na porta aberta pelo PDT de Brizola.
“Dilma, a exemplo de Fernando Henrique para o PSDB e de Lula para o PT, também é maior do que o partido. Mas o partido, sem dúvida, se favorece disso”, analisa Montenegro, que um dia chegou a pregar a morte do PT.
Essa é uma questão incômoda para ele. A frase de Montenegro, de 2005, foi dita em tom mais profético que analítico – Montenegro não é profeta, é analista com experiência de mais de 30 anos –, mas deu bastante dor de cabeça.
Ele admite o erro e faz uma correção de rumo.
“Eu errei o tom. Mas, de fato, aquele glamour inicial e o verniz de novidade o PT perdeu. Ele está igualado aos outros, mas ainda mantém certo vigor social que os demais partidos não têm.”
Talvez seja melhor a mídia se aproximar mais dos leitores do que tentar afastá-los do governo Dilma.
ANDANTE MOSSO
Raízes de Dilma
Sempre alerta, embora seja filólogo e não escoteiro, o advogado Ricardo Salles chama a atenção para o lema no brasão de Gabrovo (Bulgária), cidade onde nasceu o pai de Dilma e que ela acaba de visitar em viagem sentimental: “Trud i postoyansko”.
Em português: “Trabalho e perseverança”. Duas palavras que, certamente, pontuarão a biografia da presidenta mineira de ascendência búlgara.
Mas o lema é próximo da inscrição da bandeira capixaba: “Trabalha e confia”.
Lula na bandeja
Um jantar recente na mansão do senador José Agripino (DEM), no Lago Sul da capital federal, em torno da ministra aposentada Ellen Gracie, fez arder as orelhas de Lula.
Só havia desafetos do ex-presidente: o senador Aloysio Nunes, o deputado ACM Neto, o advogado Ives Gandra e o inefável Gilmar Mendes, entre outros.
Mendes, em várias ocasiões, fez referências e adjetivações desastrosas sobre o ex-presidente.
“Perdeu inteiramente a compostura”, avaliou um constrangido convidado.
Lula no tabuleiro
O ex-presidente Lula ocupou o centro do tabuleiro na disputa da prefeitura de São Paulo, que imagina como um jogo de xadrez.
O objetivo é interromper o predomínio recente dos tucanos na capital.
Ele avança contra o adversário com duas peças: Fernando Haddad, do PT, e Gabriel Chalita, do PMDB.
Ambas guarnecidas pelo peão.
Cartórios da alegria
A Ordem dos Advogados do Brasil está contra a Proposta de Emenda à Constituição, apelidada de “PEC do Trem da Alegria dos Cartórios”.
Ela estabelece que os substitutos de serventias vagas, em exercício interino por mais de cinco anos, sejam investidos no cargo sem concurso público.
Isso tem sido assim desde que o Brasil é Brasil.
Vida nas favelas
Começam a surgir grupos paramilitares nas favelas cariocas para onde se refugiam traficantes das comunidades com Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). Relato de testemunha qualificada à coluna Rosa dos Ventos:
“Usam uniforme preto e deslocam-se em formação portando armas. Fazem demonstração de força por meio de passeata de motocicletas”.
Essa situação expõe a necessidade de aumento de efetivos da Polícia Militar até que o Estado complete
a presença nesses locais com infraestrutura e saúde.
A luta contra o crime lembra a tarefa de enxugar gelo.
Podres poderes I
Instantâneo de algumas ocorrências simultâneas na cúpula do poder:
- Judiciário: a ministra Eliana Calmon denuncia que há bandidos com togas.
- Exército: sete generais acusados de envolvimento em falcatruas de licitações.
- Câmara: absolvição de Jaqueline Roriz e Waldemar Costa Neto, denunciados por recebimento de propina.
- PM carioca: coronel é preso por tramar assassinato de uma juíza.
Podres poderes II
A desconfiança da população em relação à polícia vira arma de malfeitor, seja ele de colarinho-branco ou de gola puída.
Veja o caso da PM, encarregada do policiamento ostensivo, e da polícia civil, responsável pela investigação de crimes.
Nesses dois casos, a soma dos que confiam pouco e dos que não confiam gira em torno de 70% (tabela).
Qualquer cidadão sabe explicar as razões do descrédito dessas corporações.
Anacronismo
Após dar ao economista Edmar Bacha a tarefa de formular a doutrina econômica do partido, a Comissão Executiva Nacional do PSDB decidiu interferir na seleção de candidatos em 2012, nos municípios com, no mínimo, 200 mil eleitores.
Há no País 80 cidades desse porte. É o número exigido para a disputa eleitoral em dois turnos.
Nesses locais, a direção tucana vai baixar o velho “centralismo democrático”, criado por Lenin. Marx não tem nada a ver com isso. O conceito, em tese, prevê que a unidade não se faz pela imposição do comando e, sim, pela maioria à minoria.
Na prática virou o “eu mando, você obedece”. É assim que, de fato, pretendem agir os chefes tucanos. Mais uma vez, nada a ver com os bravos indígenas do oeste do Amazonas.
Embora a regra não esteja oficializada, a cúpula do PSDB quer, em alguns casos, “orientar e intervir na escolha” e, em outros, “proibir” o lançamento de pré-candidatos.
A desobediência implicará intervenção ou dissolução dos diretórios locais.
Pela sobrevivência, como se vê, o neoliberalismo minguante do PSDB rasga os versos e crê na antiguidade.
Mauricio Dias
Maurício Dias é jornalista, editor especial e colunista da edição impressa de CartaCapital. A versão completa de sua coluna é publicada semanalmente na revista. mauriciodias@cartacapital.com.br
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