Por Luis Moreira Oliveira Filho – Olhos do Sertão
Poucos lugares no mundo carregam
em si o peso de uma civilização milenar como o Irã. Conhecido durante séculos
como Pérsia, esse território foi
berço de impérios, de poetas e de lutas. Mas a história da Pérsia não terminou
nos livros antigos — ela vive, pulsa e
resiste na alma do Irã moderno.
De Ciro à República Islâmica: a longa estrada persa
Foi por volta de 550 a.C. que Ciro, o Grande unificou os povos medos
e persas, criando o primeiro grande império multicultural do mundo: o Império Aquemênida. Seu coração batia
nas cidades de Pasárgada, Susa e
Persepolis, esta última, hoje em ruínas, ainda sussurra ao vento a
glória de um tempo em que a tolerância religiosa e a administração eficiente se
tornaram modelo para muitos.
Séculos depois, os gregos
invadiram, os árabes islamizaram, os mongóis devastaram. Mas nenhum império foi
capaz de apagar a memória dos persas. Nem mesmo o Islã, embora dominante, conseguiu destruir o idioma e a cultura persa.
O Irã resistiu, fiel à sua língua, seus
poetas, seus traços próprios.
Pérsia ou Irã? Qual a diferença?
Onde estão as cidades da velha Pérsia?
- Persepolis – capital cerimonial, hoje patrimônio da
humanidade.
- Susa – cidade administrativa do império.
- Pasárgada – onde repousa Ciro, o libertador dos judeus.
- Ecbátana
(Hamadan) – cidade sagrada e
histórica.
- Shiraz – terra de poetas como Hafez e Saadi.
- Isfahan – jóia da arquitetura islâmica persa.
Cada uma dessas cidades é mais que
pedra e poeira: são marcas vivas da
longa trajetória do povo iraniano.
Um povo que lembra
O Irã é herdeiro direto da Pérsia.
Mas mais que isso: é símbolo de um povo
que nunca aceitou apagar sua história. Mesmo após a islamização, manteve
sua identidade. E hoje, em meio a sanções, ameaças e guerras por procuração,
ainda se levanta como um dos poucos países do Oriente que não se curvou às
potências ocidentais.
🌾 Com os olhos do sertão
Assim como o sertanejo guarda o
saber da terra, da seca, do silêncio e da resistência, o povo iraniano guarda sua civilização entre as palavras e os muros
antigos. Do zoroastrismo ao xiismo, da espada ao verso, da cuneiforme à
caligrafia persa, há algo que nunca se perdeu: a noção de que um povo sem
memória é um povo que morre em vida.
O Irã é a Pérsia viva, que não cabe nos clichês da mídia nem nos manuais da
guerra. E quem vê com os olhos do sertão, sabe: não se apaga uma história que resiste no chão, na língua e na alma.
Nenhum comentário:
Postar um comentário