🌵 É Preciso Agir”: Rússia, Irã, China e a Balança do fim dos tempos.
🌵Olhos do Sertão
Em tempos onde o silêncio pode ser cumplicidade e a neutralidade um
disfarce do medo, talvez devêssemos revisitar a lição cortante do poeta Bertolt
Brecht:
“O que não conheces pessoalmente, ainda assim não é estranho a ti.”
Porque quando eles vierem por ti, já será tarde.
O Irã, cercado por décadas de sanções, sabotagens e ameaças de guerra,
parece estar mais uma vez na mira da aliança ocidental liderada pelos Estados
Unidos e por Israel, o que alguns já não hesitam em chamar de hegemonia americano-sionista. Mas a pergunta
essencial não é apenas sobre o Irã. É sobre quem será o próximo. E se a Rússia estiver apenas na fila de
espera?
A Guerra por procuração nunca terminou
Desde 2014, a Rússia está mergulhada numa guerra por procuração no
coração da Europa: a Ucrânia. Uma guerra que muitos se recusam a chamar pelo
nome real, o embate geopolítico entre uma potência euroasiática em declínio
relativo e um Ocidente desesperado por manter sua hegemonia.
No Oriente Médio, o Irã cumpre um papel semelhante ao da Rússia: é o bastião que impede o domínio total do
império. Destruí-lo ou desestabilizá-lo não é apenas uma vitória
militar, é um recado. Um modelo de punição a todos os que ousam existir fora
das regras ditadas por Washington.
A Rússia Pode se Calar?
A resposta parece ser não. Ainda que discretamente, a Rússia já coopera
com o Irã em esferas como tecnologia militar, defesa aérea, drones e até apoio
diplomático. Mas isso será suficiente?
Talvez Moscou precise lembrar que não há como vencer uma guerra por
etapas, assistindo um aliado cair após o outro. O silêncio diante do destino do Irã pode ser o prelúdio da próxima
tragédia: a sua própria.
E a China? A ascensão que observa
A China, esse dragão silencioso, assiste ao tabuleiro sem mover as peças
com firmeza visível. Seu pragmatismo tem raízes na diplomacia milenar, mas
também no cálculo gelado de seus estrategistas.
Mas qual o custo de esperar demais?
Se os EUA esmagarem o Irã, isolarão a Rússia e depois aplicarem a mesma
fórmula de cerco, sabotagem e guerra híbrida à própria China — quem se
surpreenderá?
Não agir em nome da paz, quando a guerra já foi declarada por outros, é
fingir que o mundo não arde. A
Nova Rota da Seda, a autonomia tecnológica e a soberania econômica chinesa
também estão em risco.
A Lição de Brecht
O poema que ressoa em nossos tempos, frequentemente atribuído a Brecht
(embora mais próximo da voz de Martin Niemöller), nos recorda:
“Primeiro levaram os
comunistas, mas eu não me importei com isso porque não era comunista.
Em seguida levaram os
operários, mas eu não me importei com isso porque não era operário.
Depois prenderam os
sindicalistas, mas eu não me importei porque não sou sindicalista.
Então vieram e
levaram os judeus, mas eu não me importei porque não era judeu.
Agora estão vindo me buscar — mas já é
tarde.”
Rússia e China, potências soberanas em xeque, precisam decidir se aprenderam com a história
ou se ainda acreditam que assistir da arquibancada lhes trará alguma segurança. O
ataque ao Irã não é apenas contra Teerã — é uma advertência para todos os que
ousam erguer a cabeça diante da ordem imperial.
Epílogo: O sertão também lê o mundo
Aqui do Sertão, longe das manchetes da CNN ou dos relatórios da OTAN,
enxergamos pedras se mexendo como lápides. Há um cemitério de nações destruídas
por ousarem ser autônomas. Iraque, Líbia, Síria, Afeganistão. A pergunta
é: quem será o próximo corpo nessa
vala comum da civilização?
Não basta ver. É preciso
agir.
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