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domingo, 22 de junho de 2025

Por que a retaliação iraniana é inevitável?


Por que a retaliação iraniana é inevitável?

Por Prof. Seyed Mohammad Marandi  - Síntese - por  Olhos do Sertão

O ataque dos Estados Unidos contra o Irã, seja direto ou indireto, por meio de sanções, sabotagens e operações militares, como o ataque às usinas nucleares, é  interpretado em Teerã não apenas como uma agressão ao governo, mas como uma afronta à soberania nacional e à dignidade de todo o povo iraniano.

Segundo o professor Seyed Mohammad Marandi, da Universidade de Teerã e ex-assessor da equipe de negociação nuclear do Irã, a resposta iraniana a tais atos de hostilidade não é uma opção política, mas uma exigência moral, estratégica e cultural. O Irã, afirma ele, possui uma longa tradição de resistência, construída sobre o orgulho de sua história e a consciência de que o imperialismo estrangeiro nunca foi derrotado com silêncio ou submissão.


Para Marandi, os Estados Unidos buscam provocar instabilidade na região para manter sua influência militar e econômica. No entanto, ao fazer isso, ignoram a profunda mudança que ocorreu no equilíbrio geopolítico do Oriente Médio nas últimas décadas. O Irã não está mais isolado. Conta hoje com uma rede de aliados, grupos de resistência e canais de apoio logístico e estratégico que tornam qualquer ataque uma decisão de alto risco para Washington.

A retaliação, segundo ele, é inevitável por três razões centrais:

  1. Autodefesa e soberania: O Irã vê a resposta como parte de seu direito legítimo de autodefesa. Um ataque não respondido abriria espaço para novas agressões, incentivando o inimigo a testar ainda mais seus limites.

  2. Unidade nacional e orgulho popular: Qualquer sinal de fraqueza interna seria interpretado como traição ao povo iraniano. A memória coletiva dos mártires da Revolução Islâmica e da Guerra Irã-Iraque fortalece a cultura da resistência. A população exige uma postura firme.

  3. Capacidade militar estratégica: Ao contrário do que se pensa no Ocidente, o Irã tem meios para causar danos significativos em bases militares norte-americanas na região, navios no Golfo Pérsico e até alvos políticos e econômicos mais distantes. O país não depende apenas de armas convencionais, mas também de guerra assimétrica e apoio regional coordenado.

Marandi adverte ainda que os EUA estão cometendo um erro estratégico ao subestimar a inteligência e a paciência iranianas. O Irã não responde impulsivamente, mas com cálculo. A retaliação virá no momento certo — e será proporcional à agressão sofrida. Não se trata apenas de vingança: trata-se de restabelecer o equilíbrio e enviar um recado claro de que a era das intervenções impunes terminou.

Por fim, o professor argumenta que a paz só será possível quando os EUA entenderem que o Irã não pode ser reduzido a um Estado submisso. A única via viável é o respeito mútuo e a diplomacia com base na igualdade de soberanias. Qualquer tentativa de humilhação ou controle externo encontrará resistência — e, inevitavelmente, resposta.


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