Em Paris
Preso e torturado inúmeras vezes, Wellington Chibebe, secretário-geral
adjunto da Confederação Internacional Sindical Internacional (CISI), não
cultiva amarguras.
“Se você se torna amargo, seus opositores vão celebrar”, me diz ele em
uma sala para entrevistas da Fundação Jean-Jaurès, em Paris, que
organiza, ao lado do Instituto Lula, o “Fórum pelo Progresso Social: o
Crescimento como Saída da Crise”.
“Eu devo demonstrar liderança, não amargura”, acrescenta Chibebe,
nascido no Zimbábue. “E quem sou eu para ficar nervoso porque fui
maltratado?”
Além de discursos de abertura do presidente francês François Hollande e
da presidenta Dilma Rousseff, há vários outros convidados de renome,
como Guido Mantega, o ministro das Finanças, no fórum.
O fórum, de fato, coincide com a primeira visita de Estado à França da presidenta Dilma Rousseff.
No entanto, enquanto Dilma tem vários encontros com autoridades
francesas, no instituto Jean-Jaurès “o cara” mais prestigiado responde
pelo nome de Luiz Inacio Lula da Silva.
“Ele é o farol do movimento sindical e da política mundial”, diz a CartaCapital o sindicalista Chibebe.
“Lula não é reconhecido somente no Brasil, mas mundo afora.”
Ainda Chibebe: “O Lula trouxe milhões de brasileiros para fora da
pobreza. Ele se opôs à sociedade flexível, aquela que contrata e põe o
trabalhador na rua”.
De acordo com uma recente pesquisa na França, apenas 1,41% dos adultos
franceses são filiados a partidos políticos. Por sua vez, 8,7% dos
franceses pertencem aos sindicatos. Mesmo assim, a queda livre da
participação do povo em movimentos políticos e sindicais decresce.
O que fazer para reverter esse quadro, indago a Chibebe?
“Não é uma parada fácil”, retruca. “Os patrões não querem que os
trabalhadores tenham direitos sindicais. E, assim, eles correm um risco
ao se afiliarem a um sindicato.”
Quanto aos partidos políticos, emenda Chibebe, alguns têm nomes de
esquerda mas agem como legendas de direita. De fato, basta ver o partido
de Tony Blair, no Reino Unido, ou de Fernando Henrique Cardoso, no
Brasil.
A questão parece ser mais simples do que parece. Para Chibebe, a classe
trabalhadora, antes revolucionária, precisa se “redefinir”. O que eles
querem?
Os textos de seus sindicatos ou legendas são escritos por acadêmicos e fundos neoliberais, argumenta.
Extraído do blog Terror do Nordeste
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