Cemig escolhe o lucro de poucos em vez de contas mais baratas para todos
do site de Rogério Correia, via e-mail
Não é de hoje que denuncio na Casa Legislativa de Minas Gerais os
inúmeros problemas relacionados à Cemig, tais como: sucateamento da
empresa; falta de trabalhadores qualificados; acidentes constantes com
os trabalhadores e com a população em geral; inúmeros apagões em BH e na
região metropolitana; falta de investimentos para melhorar as redes
elétricas; precariedade das redes subterrâneas; altos preços das tarifas
de energia e o suspeito acordo de acionistas.
Nestes últimos anos, nota-se que o foco da Cemig é o lucro.
Atualmente, são 8.500 trabalhadores que atendem a cerca de 7 milhões de
consumidores. Na década de 80, eram 3 milhões de consumidores, com 20
mil trabalhadores no quadro próprio da Cemig. Esta política está
estabelecida em um acordo de acionistas assinado pelo governador
Anastasia em agosto de 2011, em que o Estatuto Social garante a
distribuição de dividendos aos acionistas no percentual de 50% sendo
que, de dois em dois anos, eles podem retirar tudo o que tiver em caixa
(100% do lucro).
Descobri recentemente que dentro da empresa existe um tal de
Conselhinho da Andrade Gutierrez, que sobrepõe aos poderes do governo de
Minas na Cemig. Para garantir este superpoder, foi definido que todos
os investimentos da Cemig devem ser previamente analisados e aprovados
pela Diretoria de Desenvolvimento de Negócios e Controle Empresarial de
Controladas e Coligadas, e o acordo prevê que este diretor será sempre
indicado pela Andrade Gutierrez (AG).
A AG entrou como “sócia estratégica”, através de uma manobra
estranha: a Cemig comprou a participação da Andrade na Light do Rio de
Janeiro por R$785 milhões à vista, e a Andrade deu R$500 milhões de
entrada para comprar 33% de ações ordinárias da Cemig, deixando o
restante, R$1,6 bilhões, para serem pagos em 10 anos com a taxa
subsidiada de CDI + 1,5%.
Em 2010, a Andrade Gutierrez recebeu R$295 milhões de dividendos e em
2011 já recebeu R$185 milhões, com garantia de mais R$120 milhões de
dividendos extraordinários. Ou seja, já recebeu R$ 100 milhões a mais do
que desembolsou em menos de dois anos. Em 2012, a Cemig deve atingir
lucro de R$3 bilhões e receber mais R$2 bilhões de dívida do Estado.
Assim, a AG irá faturar mais R$720 milhões.
A presidenta Dilma editou a MP 579 que regula as concessões da
geração de energia elétrica e baixa a conta de luz dos brasileiros.
Minas Gerais paga uma das tarifas de energia elétrica mais altas do
mundo. E justamente para resolver esse problema é que, conforme
anunciado pela MP, as usinas já amortizadas terão as tarifas reduzidas
para cobrir as despesas e gerar um lucro condizente com um negócio de
baixo risco.
A reação foi imediata: anunciaram que a Cemig vai à guerra pelos
acionistas. O senador Aécio Neves passou a liderar o movimento contrário
à MP que vai reduzir a tarifa e ameça entrar na Justiça. Além do mais, a
Cemig abre mão de usinas que são patrimônio de Minas, prejudicando
todos os consumidores e ainda ameaçando o desenvolvimento do Brasil. Por
isso, deputados estaduais do PT e do PMDB preparam, em conjunto com os
movimentos sociais, um movimento de apoio às medidas da presidenta Dilma
para baixar a conta de luz.
Rogério Correia é deputado estadual em Minas Gerais pelo PT
Nenhum comentário:
Postar um comentário