Tenho que concordar com Brizola Neto: o trabalho de Amaury é um libelo porque expõe de forma clara os fatos criminosos e circunstâncias agravantes de crimes contra de lavagem de dinheiro público em paraísos fiscais.
O grande fato do ano deixa mudos setores da mídia: Rede Globo, Folha, Estadão e Veja, além da OAB e o pessoal do CANSEI.
Até o presente momento há um silêncio mórbido nas redações de jornais para tal fato.
O que mostra uma coisa relevante: existe uma podridão, uma cumplicidade entre esse setores da mídia, parte da justiça com a privataria tucana e lavagem de dinheiro em paraísos fiscais.
O que se pode esperar disso? Até quando o Ministério Público ficará omisso?
Qual o primeiro brasileiro que acionará a justiça para esse caso?
E o Congresso? E a justiça brasileira? E os partidos de oposição? Ficarão calados? E a sociedade brasileira? E nós, o que podemos fazer?
West Bay, Tortola, Ilhas Virgens:o esconderijo dos privatas brasileiros no Caribe.
O livro de Amaury Ribeiro Júnior são dois, que me consumiram a noite e a manhã, numa escandalizada leitura.
Um dos livros, com 200 páginas, conta a histórias de um time de lavadores de dinheiro, todos girando em volta de José Serra, durante e depois do criminoso processo de privatizações.
Há os “amicci” – Ricardo Sérgio, Vladimir Rioli e Daniel Dantas – e a “famiglia” – a filha, Verônica, o genro, Alexandre Bourgeois e o “primo” Gregório Marín Preciado – com suas contas e contratos na Ilhas Virgens, na paradisíaca cidade de Tortola.
Ou, mais precisamente, em caixas postais, como a P.O. Box 662.
A Caixa Postal 662 é o endereço predileto do crime financeiro organizado. Muito mais perigosa e criminosa que qualquer fortaleza do tráfico.
É lá, por exemplo, que “fica” a AES Holdings, braço criado pela AES americana, talvez para não conspurcar o Cemitério Nacional de Arlington, cidade da Virgínia onde fica sua sede, onde repousam os herois da democracia americana. E outra caixa postal vizinha, a PO Box 31106, ficam a AES Cemig, a AES Tietê, a AES Brazilian Holdings e uma dúzia de outras, de nomes muito interessantes, como a AES Treasure Cove, ou “Buraco do Tesouro”…
Voltemos aos livros do Amaury.
O “segundo livro”, de 120 páginas, é uma fantástica coleção de provas. Os registros, transferências de dinheiro, as operações, a entrada de dinheiro com capitalizações fajutas de empresas, o tráfico de influência, a gestão temerária, a advocacia administrativa, a corrupção estão retratadas, em inglês e português, nos seus mínimos detalhes, no que deve ter sido uma longa e penosa missão de reportagem.
Reportagem? Não, “os livros” de Amaury não são uma reportagem.
Deveriam ser olhados como a instrução de um processo criminal.
É a ísso que o Ministério Público está desafiado.
Amaury Ribeiro já “instruiu os autos”.
É com os senhores, senhores promotores.
PS. Estou em São Paulo, onde será lançado o livro, com um debate ao vivo sobre a obra, a partir das 20 horas. O Tijolaço transmitirá.
Do Blog TIJOLAÇO.COM
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