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sexta-feira, 20 de junho de 2025

🌍 Uma Guerra Mundial não declarada? Irã, Israel e o conflito dos blocos


Por Luis Moreira – Blog Olhos do Sertão

Nas últimas semanas, os olhos do mundo se voltaram para o Oriente Médio, onde o conflito entre Irã e Israel parece ter ultrapassado os limites de um embate regional. Mais do que uma disputa entre dois países, o que está em curso é uma guerra por procuração – uma guerra indireta – envolvendo os principais blocos de poder do século XXI.

De um lado, os Estados Unidos, o Reino Unido e Israel. Do outro, o Irã, com o apoio estratégico de Rússia e China. Ainda que nenhum desses grandes atores esteja oficialmente em guerra direta, seus tentáculos estão em cada fronteira, cada base militar, cada satélite no céu e, sobretudo, no campo invisível da informação, da logística e da tecnologia.

Guerra por Procuração: o Novo Modo de Fazer Guerra

A guerra moderna não depende apenas de soldados nas trincheiras. Ela se faz com drones, inteligência artificial, ataques cibernéticos, satélites, sabotagem econômica e controle de narrativas. Chamamos isso de guerra híbrida: um modelo que mistura o conflito militar direto com guerras informacionais, econômicas e tecnológicas.

O Irã, historicamente resistente e com mais de cinco mil anos de civilização, é um exemplo claro de adaptação a essa nova lógica. Enfrentou impérios antigos, ataques modernos e embargos cruéis, e segue de pé. Seu território montanhoso e estratégico, sua cultura de resistência e sua capacidade de formar alianças regionais (como Hezbollah, Houthis e milícias no Iraque) tornam sua derrota improvável.


EUA: Recuo tático, presença estratégica

Os Estados Unidos, que já enfrentaram os desastres do Afeganistão e do Iraque, sabem que entrar diretamente numa guerra contra o Irã seria acender o pavio de um conflito global. Por isso, apesar das ameaças, evitam confronto direto. A diplomacia armada segue nos bastidores, por meio de suporte logístico, inteligência via satélites, ciberataques e envio de armamentos.

Mas as bases americanas espalhadas pelo Oriente Médio – do Golfo Pérsico até o Mar Mediterrâneo – continuam vulneráveis. Num conflito aberto, seriam os primeiros alvos.

Israel: Força militar e fragilidade política

Israel, altamente militarizado e tecnologicamente avançado, enfrenta uma contradição perigosa. Por um lado, possui arsenal nuclear e o apoio irrestrito dos EUA. Por outro, está cada vez mais cercado por inimigos: Hezbollah no Líbano, Hamas em Gaza, milícias sírias e iraquianas, e agora o risco de ataques diretos do Irã.

A guerra atual não é mais apenas sobre segurança nacional, mas sobre a sobrevivência de Israel como Estado em um cenário de cerco regional e isolamento diplomático.

 Rússia e China: o tabuleiro é global

Nem a Rússia nem a China desejam uma guerra mundial convencional, mas ambas têm interesses estratégicos no enfraquecimento da influência americana. E o Oriente Médio é uma peça-chave nesse tabuleiro.

  • A Rússia apoia o Irã militarmente e diplomaticamente, buscando consolidar sua presença na Síria e conter o avanço da OTAN.
  • A China investe silenciosamente em infraestrutura, petróleo e comércio na região, protegendo suas rotas energéticas e testando tecnologias militares em cenários reais.

Ambas operam na sombra da diplomacia e da dissuasão, mas deixam suas marcas no front invisível da guerra.

🌐 Conclusão: a terceira guerra já começou?

Talvez a questão não seja "se" haverá uma Terceira Guerra Mundial, mas "em que formato ela já está ocorrendo". Não há uma declaração oficial, mas os elementos estão todos aí:

  • Blocos formados e em oposição;
  • Guerras por procuração em múltiplos territórios;
  • Conflito entre modelos econômicos, políticos e culturais;
  • Avanço da guerra digital e cibernética;
  • Disputa narrativa nos meios de comunicação.

É uma guerra que mistura bombas com bytes, mísseis com memes, tanques com narrativas. E o campo de batalha está em todo lugar.

📌 Enquanto os poderosos jogam xadrez com nações inteiras, povos inteiros pagam o preço. O que resta a nós, cidadãos atentos, é buscar entender, denunciar e construir novas formas de convivência global, baseadas na justiça e na paz verdadeira.

 

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