Por Luis Moreira – Blog Olhos do Sertão
Nas últimas semanas, os olhos do mundo se voltaram para o Oriente Médio,
onde o conflito entre Irã e Israel parece ter ultrapassado os limites de um
embate regional. Mais do que uma disputa entre dois países, o que está em curso
é uma guerra por procuração – uma guerra indireta – envolvendo os principais
blocos de poder do século XXI.
De um lado, os Estados Unidos,
o Reino Unido e Israel. Do outro, o Irã, com o apoio estratégico de Rússia e China. Ainda que nenhum desses grandes atores esteja oficialmente
em guerra direta, seus tentáculos estão em cada fronteira, cada base militar,
cada satélite no céu e, sobretudo, no campo invisível da informação, da
logística e da tecnologia.
Guerra por Procuração: o Novo Modo de Fazer Guerra
A guerra moderna não depende apenas de soldados nas trincheiras. Ela se
faz com drones, inteligência artificial, ataques cibernéticos, satélites,
sabotagem econômica e controle de narrativas. Chamamos isso de guerra híbrida: um modelo que mistura
o conflito militar direto com guerras informacionais, econômicas e
tecnológicas.
O Irã, historicamente resistente e com mais de cinco mil anos de
civilização, é um exemplo claro de adaptação a essa nova lógica. Enfrentou
impérios antigos, ataques modernos e embargos cruéis, e segue de pé. Seu
território montanhoso e estratégico, sua cultura de resistência e sua
capacidade de formar alianças regionais (como Hezbollah, Houthis e milícias no
Iraque) tornam sua derrota improvável.
EUA: Recuo tático, presença estratégica
Os Estados Unidos, que já enfrentaram os desastres do Afeganistão e do
Iraque, sabem que entrar diretamente numa guerra contra o Irã seria acender o
pavio de um conflito global. Por isso, apesar das ameaças, evitam confronto direto. A diplomacia
armada segue nos bastidores, por meio de suporte logístico, inteligência via satélites, ciberataques e envio de
armamentos.
Mas as bases americanas espalhadas pelo Oriente Médio – do Golfo Pérsico
até o Mar Mediterrâneo – continuam vulneráveis. Num conflito aberto, seriam os
primeiros alvos.
Israel: Força militar e fragilidade política
Israel, altamente militarizado e tecnologicamente avançado, enfrenta uma
contradição perigosa. Por um lado, possui arsenal nuclear e o apoio irrestrito
dos EUA. Por outro, está cada vez mais cercado por inimigos: Hezbollah no
Líbano, Hamas em Gaza, milícias sírias e iraquianas, e agora o risco de ataques
diretos do Irã.
A guerra atual não é mais apenas sobre segurança nacional, mas sobre a sobrevivência de Israel como Estado
em um cenário de cerco regional e isolamento diplomático.
Rússia e
China: o tabuleiro é global
Nem a Rússia nem a China desejam uma guerra mundial convencional, mas
ambas têm interesses estratégicos no enfraquecimento da influência americana. E
o Oriente Médio é uma peça-chave nesse tabuleiro.
- A Rússia apoia o Irã
militarmente e diplomaticamente, buscando consolidar sua presença na Síria
e conter o avanço da OTAN.
- A China investe
silenciosamente em infraestrutura, petróleo e comércio na região,
protegendo suas rotas energéticas e testando tecnologias militares em
cenários reais.
Ambas operam na sombra da
diplomacia e da dissuasão, mas deixam suas marcas no front invisível da
guerra.
🌐 Conclusão: a terceira guerra já começou?
Talvez a questão não seja "se" haverá uma Terceira
Guerra Mundial, mas "em que formato ela já está ocorrendo".
Não há uma declaração oficial, mas os elementos estão todos aí:
- Blocos formados e em oposição;
- Guerras por procuração em múltiplos territórios;
- Conflito entre modelos econômicos, políticos e culturais;
- Avanço da guerra digital e cibernética;
- Disputa narrativa nos meios de comunicação.
É uma guerra que mistura bombas com bytes, mísseis com memes, tanques
com narrativas. E o campo de batalha está em todo lugar.
📌 Enquanto os
poderosos jogam xadrez com nações inteiras, povos inteiros pagam o preço. O que
resta a nós, cidadãos atentos, é buscar entender, denunciar e construir novas
formas de convivência global, baseadas na justiça e na paz verdadeira.
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