Com cidadania italiana, diretor de marketing do Banco do Brasil tentará um segundo julgamento naquele país
Aqueles políticos e observadores que em agosto dispararam rojões para
festejar a fuga do senador boliviano Roger Pinto para o Brasil não têm
direito a reclamar da notícia que vão ler abaixo.
Condenado a 12 anos de prisão e multa superior a 1 milhão de reais na ação penal 470, Henrique Pizzolato mudou-se para a Itália.
Com cidadania italiana, Pizzolato pretende exercer a um direito que a
legislação daquele país reserva a seus súditos: ser julgado por leis
italianas.
Ele acredita que pode ser protegido pelo artigo V do tratado de
extradição Brasil e Italia, que afirma que não haverá o retorno forçado
do cidadão ao país de origem se, “pelo fato pelo qual for solicitada, a
pessoa reclamada tiver sido ou vier a ser submetida a um procedimento
que não assegure os direitos mínimos de defesa”.
Em nota
que será divulgada em breve por seu advogado, Pizzolato afirma que não
teve um tratamento adequado pela Justiça. Denuncia também que a postura
parcial da maioria dos veículos de comunicação contribuiu para uma
decisão parcial, que não lhe deu os tratamentos de defesa.
Quem lê meu blogue sabe que Pizzolato levanta pontos relevantes. Ele foi
condenado por desvio de 73 milhões de reais do Banco do Brasil mas uma
auditoria da própria instituição demonstrou que esses recursos não
saíram de seus cofres e pertenciam a uma empresa privada, Visanet.
Pizzolato foi acusado de embolsar 326.000 reais do esquema de Marcos
Valério. Sempre disse que entregou o dinheiro ao PT e a acusação jamais
provou o contrário. Único acusado de repassar recursos para Marcos
Valério, ele demonstrou que não era o primeiro nem o mais graduado
dirigente do BB envolvido nos pagamentos a DNA.
Como tantos condenados da ação penal, ele também recorda que não teve
direito a um segundo grau de jurisdição, embora não tivesse mandato
político. Não custa lembrar que, em situação semelhante, todos os réus
do mensalão PSDB-MG estão sendo julgados em primeira instância e mais
tarde poderão solicitar um reexame integral da sentença recebida.
Esta noticia italiana vai deixar muitas pessoas nervosas, tenho certeza.
Mas é bom lembrar de Roger Pinto e os diplomatas brasileiros que o
ajudaram a escapar da embaixada em La Paz, certo?
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