A verdade é que os brasileiros (não falar de outros povos) vivem um processo de desinformação. E conseguem, na minha modesta opinião, ser inocentes úteis. E digo: cuidado você ainda será um inocente útil.
E foi assim na derrubada da CPMF, quando a FIESP teve apoio até do PSOL para tirar 40 bilhões do orçamento público, com o discurso impostor do impostômetro.
Com o dinheiro dos outros
Soraya Aggege
28 de agosto de 2011 às 9:35h
“Não sei muito bem quem paga as campanhas eleitorais e creio que as doações de empresas aumentam a corrupção, mas não quero que o dinheiro público seja usado para patrocinar as eleições. Não gosto de corrupção, mas muitas vezes penso que as eleições deveriam ser bancadas exclusivamente pela iniciativa privada”. Contraditório e nada politizado, esse é o pensamento predominante dos eleitores brasileiros. É o que demonstra uma pesquisa feita pela agência de comunicação APPM (Análise, Pesquisa e Planejamento de Mercado) sobre o financiamento público exclusivo das campanhas, priorizado no relatório da reforma política que tramita na Câmara.
A APPM ouviu mil eleitores por telefone, entre os dias 16 e 17 de agosto, na cidade de São Paulo, que é representativa do País no tema. Perguntou primeiro se eles são a favor ou contra o financiamento público integral das campanhas. Um total de 81% dos entrevistados declararam-se contrários, 12% favoráveis e 6% não souberam responder. Em seguida, a agência de comunicação perguntou se sabiam se o atual sistema de financiamento mescla dinheiro público e privado. Quase metade, ou 45%, não tinham conhecimento.
Na sequência, 84% dos entrevistados disseram que o fato de um candidato receber doações de empresas aumenta as chances de corrupção política. Mesmo assim, 54% afirmaram que as campanhas eleitorais devem ser financiadas exclusivamente com doações particula-res. Outros 15% defenderam a exclusividade do financiamento público, 11% o atual sistema misto e 20% disseram não saber. Os porcentuais de entrevistados que não tinham opinião cresceram nas faixas de menor escolaridade.
“A população realmente não quer que o seu dinheiro seja usado em campanhas. Ela acredita que o financiamento privado aumenta as chances de corrupção, mas a questão central para ela é o dinheiro”, avalia o especialista em pesquisa e marketing político da APPM, Antonio Prado Júnior, o Paeco. Na avaliação do especialista, as respostas estão muito relacionadas ao descrédito genérico dos políticos. Os brasileiros ainda precisam de um amplo debate sobre o financiamento público, segundo avalia.
Supondo que a reforma política seja feita como o PT e o ex-presidente Lula desejam, com o financiamento público integral em 2014, do ponto de vista do marketing a situação será, no mínimo, desafiadora. Considerando a rejeição que os eleitores demonstram -pelas -campa-n–has-, ao saber que passaram a -pagá-las -integralmente, “ficarão absolutamente indispostos, mesmo com o horário eleitoral”. Segundo Paeco, significa que os políticos enfrentarão um eleitorado muito mais crítico, um eleitor que diz “e eu estou pagando tudo isso”. Na análise do especialista, “a campanha mais limpa e o cumprimento das promessas pelos candidatos serão as grandes demandas”.
Relator da reforma na Câmara, o deputado petista Henrique Fontana afirma que a pesquisa é significativa porque demonstra também que os brasileiros não sabem quanto custa o atual- modelo. Para ele, quando o sistema for mudado e a iniciativa privada parar de ajudar a patrocinar a democracia, o eleitor ficará a favor do financiamento público.
“O eleitor vai descobrir que o financiamento privado é pago por ele também, pois os doa-dores incorporam os valores gastos em seus custos, que são repassados aos produtos, ou usam da via da ilegalidade para ser favorecidos financeiramente pelo poder público, principalmente com a corrupção. Então, de todo modo, é o cidadão quem paga a conta das campanhas eleitorais”, afirma Fontana.
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