Por que rejeitamos FHC?
Está mais do que na hora de deixar bem escrito e assinado meu ponto de vista sobre uma falácia que a partidarizada grande mídia brasileira espalhou de forma a vender que haveria “continuidade” neste governo de alguma coisa mais importante que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso tenha feito além de, por iniciativa de Itamar Franco, dar cara política ao programa de “estabilização” da moeda engendrado por Ronald Reagan e Margaret Tatcher.
O que FHC deixou ao sucessor, foi, sim, uma herança maldita. Legou um país quebrado e não foi por conta do “risco Lula”, como vende a mídia aliada do PSDB e do PFL. Em 2002, o Brasil estava de joelhos, sem perspectivas de futuro e com a economia totalmente desarranjada. O país acabara de enfrentar cerca de um ano de racionamento de energia elétrica por falta de investimentos. O desemprego estava nas alturas. Os investimentos, paralisados havia anos. A inflação havia explodido.
Sim, o alarmismo vendido pela mídia, pelo PSDB e pelo PFL (já naquele tempo) quanto a um possível governo Lula fez o dólar disparar e o risco-país subir no ano eleitoral de 2002, mas essa é apenas mais uma culpa desses partidos de direita e dos jornais, revistas, tevês e rádios que, desde então, aquele grupo político-ideológico já controlava.
E a péssima situação que Lula herdou em 1º de janeiro de 2003 se deveu à quebra do Brasil em 1999, causada por FHC, por ele ter mantido o real sobrevalorizado até o começo daquele ano depois de passar 1998 inteiro garantindo que seria desnecessário desvalorizar a moeda brasileira diante do dólar, e que o risco era Lula se eleger presidente naquele ano e desvalorizar a nossa moeda.
Há fartura de estudos da FGV, do IBGE, do IPEA, do FMI, do Banco Mundial etc. dando conta dos enormes prejuízos causados ao país por este ter mantido o dólar engessado por força de lei de forma a gerar a falsa sensação de bem-estar entre a população que o câmbio decretado por lei causa enquanto corrói a economia de dentro para fora.
Dados oficiais mostram que custou diretamente ao país 40 bilhões de dólares a aventura cambial tucana. Pode parecer pouco para um país que já caminha para os 300 bilhões de dólares de reservas em dólar, mas, naquela época, nossas reservas chegaram a 16 bilhões de dólares, ou seja, tivemos que esmolar ao FMI e a Bill Clinton quase o triplo do que tínhamos de moeda americana.
O resultado da aventura cambial tucana entre 1994 e 1998 foi a quase destruição da economia brasileira. Por isso ficamos sem energia no começo do século XXI, porque, para manter o dólar barato, privatizaram as jóias da coroa das empresas estatais a preço de banana, pois precisávamos dos dólares para pagar o serviço (juros e amortização) da dívida externa e, como passamos a importar mais do que exportar, as contas não fechavam.
Naquela época, antes da maxidesvalorização de 1999, o PT e Lula, então na oposição, denunciavam o câmbio sobrevalorizado por força de lei e pregavam o câmbio flutuante, que FHC teve que adotar depois, além de um mercado de consumo de massas forte como aquele que o governo petista implantaria no Brasil com os resultados que estamos vendo hoje.
Aliás, leitores, cuidado quando alguém tentar comparar a política cambial de hoje com a que FHC praticava. Hoje, quem define o valor da moeda americana é a lei da oferta e da procura; no governo tucano, o preço do dólar era definido por decreto governamental.
Não é por outra razão que pesquisa CNT-Sensus divulgada em novembro último apurou que o povo brasileiro rejeita FHC de forma convicta e que o apoio dele ao seu ex-ministro José Serra, hoje governador de São Paulo, tira votos do candidato da direita à sucessão do presidente Lula.
Reproduzo abaixo, portanto, as palavras do diretor do instituto Sensus, Ricardo Guedes, comentando a detecção da enorme rejeição que ostenta até hoje o ex-presidente tucano.
Rejeição de FHC prejudica Serra, diz Sensus
23-11-2009
Portal G1
A rejeição do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso vem prejudicando o candidato José Serra. A informação é do diretor do Instituto Sensus, Ricardo Guedes, e do presidente da CNT, Clésio Andrade.
De acordo com a pesquisa divulgada hoje, 76% da população considera Lula melhor que FHC.
Somente 3% dos entrevistados disseram que o único candidato em que votaria é um indicado pelo ex-presidente.
Quando o pedido é de Lula, 20,1% dos entrevistados dizem que o nome oferecido seria o único em que votariam.
O contrário é pior para FHC.
Dos entrevistados, 49,3% disseram que não votariam num candidato indicado por FHC.
Outros 16% disseram que não votariam num nome indicado por Lula.
"Serra está caindo devido ao apoio do FHC. Ele está muto ligado ao ex-presidente, que fala em seu nome e o coloca na mídia. Sem contar que ele foi ministro em seu governo", explicou Clésio.
Mesmo sem ter dados comparativos entre as pequisas anteriores, Ricardo Guedes explicou que, na média, Serra vem perdendo votos.
"Ele era um candidato mais forte no inicio do ano', disse.
A mídia partidarizada (Globo, Folha, Veja, Estadão etc.) tenta caracterizar uma absurda “ingratidão” dos brasileiros quanto a FHC e não desiste de elogiá-lo incessantemente em seus jornais, revistas, rádios, tevês e portais de internet, mas é inútil. Nem essa mídia nem a oposição a Lula entenderam que o povo se lembra muito bem do que era o Brasil quando essa gente governava.
Este ano, haverá que refrescar ainda mais a memória dos brasileiros e denunciar a tentativa inútil da mídia de colorir de rosa o período obscuro que se abateu sobre este país entre 1995 e 2002, período que nos obrigou a retroceder décadas e que dificultou ainda mais a tarefa hercúlea deste governo de nos resgatar do fosso em que estávamos ao fim da era tucana.
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