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quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Josias escreve: Serra adota discurso de vítima diante das enchentes. Serra resmunga: até tu Brutus!





Serra adota discurso de vítima diante das enchentes
Henrique Manreza

Existe São Paulo. E existe “São Paulo”. Há a cidade e o coletivo em que ela se transformou.

Pode ser coletivo majestático ou pejorativo. Depende do lado que você está e do que lhe vem à mente quando ouve “São Paulo”.

Sem aspas, São Paulo é trabalho, é locomotiva, é PIB. Com aspas, pode ser poluição, engarrafamento, caos urbano.

Nos dias que correm, “São Paulo” é enchente, é morte. A água penetra todas as suas residências. Nalgumas, chega pela TV. Noutras, faz boiar os móveis.

José Serra levou ao microblog, na madrugada desta quarta (27), meia dúzia de palavras sobre o flagelo. Escreveu como vítima, não como governador.

Contou: “Fui até a estrada de Itapevi, onde o temporal abriu uma cratera impressionante. Prevendo o risco, o DER havia feito uma interdição na via”.

Celebrou: “Só por isso não houve maior tragédia. O carro com dois funcionários do DER despencou, mas felizmente eles foram resgatados e passam bem”.

Esmiuçou: “Tentei ir a Bauru, mas não consegui. Com o temporal, o aeroporto de Congonhas estava feito sanfona: abria e fechava o tempo todo”.

Contabilizou: “Este é o mês de janeiro mais chuvoso em SP, desde 1995, quando o Centro de Gerenciamento de Emergências passou a fazer medições.”

Comparou: “Pra vocês terem uma idéia: o previsto para todo o mês de janeiro eram 239 mm. Na zona norte de SP, choveu 43 mm só nesta terça-feira!”

Espantou-se: “A Estação Meteorológica da USP registrou, 5ª feira passada, o maior volume acumulado de chuva em janeiro desde 1932, quando começou a medir”.

Quem teve a ventura de ler José Serra sentiu falta de um governador. Alguém que discorresse sobre planos e medidas.

Quem leu José Serra teve a impressão de que ele não é propriamente um governador. É apenas mais uma vítima. Ou, por outra, é a ausência de solução com doutorado.

Uma espécie de nada com PhD, a contemplar a cidade desde a janela do Palácio dos

Bandeirantes.

José Serra talvez ainda não tenha se dado conta, mas o cargo de governador tirou dele o conforto de habitar o mundo acadêmico.

Para um "scholar", habituado a observar os paradoxos do caos social de longe, com distanciamento brechtiano, o diagnóstico é o Éden.

Mas o cidadão que se encontra cercado de água por todos os lados anseia pela resolução de seus problemas. Espera, quando menos, por um lenitivo.

Poder-se-ia objetar que o despreparo de “São Paulo” para lidar com as enchentes é produto do descaso de muitos governos.

A objeção não socorre, porém, o tucanato de José Serra, no poder em “São Paulo” há uma década e meia.

Assim, as divagações noturnas de José Serra não tem senão a utilidade de dar ao seu autor a sensação de que seus relatos são úteis.

De resto, enquanto estiver empilhando estatísticas e relatos molhados, José Serra pode eximir-se de tarefas menores. Apresentar providências, por exemplo.

Comentários: eu particularmente não gosto de reproduzir coisas de mercenários da direita neste blog, mas devo reconhecer que pela primeira Josias de Sousa da Folha fez uma crítica muito forte ao todo poderoso Zepedágio, o Zétrololó ou o Zecaneludo como alguns preferem chamá-lo.

O que importante destacar que muitos analistas apontam a incompetência e falta de gestão do governador Serra e sua pouca preocupação com as pessoas mais humildes que estão perdendo os seus móveis e outros bens.

O Serra, pela crítica de Josias deva está exclamando: até tu Brutus.

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