A geração de novos empregos talvez seja um dos indicadores mais importantes, se não for o mais importante, do desempenho de um governo.
O emprego é o motor da economia, pois, de um lado, revela muito sobre como estão os setores de comércio, indústria e serviços de um país e, de outro lado, mostra que o dinheiro está chegando às mãos dos cidadãos, estimulando o consumo e fechando o ciclo virtuoso.
Em resumo, é indicador de que a economia está girando e crescendo. Emprego em alta significa investimentos públicos e privados maiores. No Brasil, representa também a reorganização do serviço público como um todo, envolvendo Saúde, Educação, Segurança e Justiça.
Não por outra razão a questão do desemprego tem sido preocupação constante no mundo, especialmente após o estouro da bolha imobiliária dos EUA, que sacramentou a maior crise econômica internacional desde 1929.
Nesta semana, em seu relatório “Tendências Mundiais do Emprego”, a OIT (Organização Internacional do Trabalho), braço das Nações Unidas, informou que o índice de desemprego na população economicamente ativa foi de 6,6% em 2009.
São 212 milhões de desempregados, um recorde desde que o estudo foi iniciado. Segundo a OIT, desde o despontar da crise, em 2007, até o ano passado, foram 34 milhões de desempregados a mais ao redor do globo.
Para 2010, a perspectiva não é animadora: estima-se em 7% a taxa de desemprego mundial, ou mais 16 milhões de pessoas.
Os dados confirmam também que o cenário brasileiro é, de fato, diferenciado. Exemplo de enfrentamento da crise econômica, o Brasil conseguiu criar novos postos de trabalho com carteira assinada em 2009, destoando do restante do planeta.
As medidas adotadas pelo governo Lula foram responsáveis por evitar o desaquecimento da economia e levar à criação de quase 1 milhão de empregos (995.110, dados do Caged).
O cenário positivo vale também para 2010. A previsão do ministro do Trabalho, Carlos Lupi, é de geração de 100 mil novos empregos em janeiro e de 2 milhões até o final do ano.
A expectativa positiva se sustenta por conta dos impactos na economia local dos programas sociais, do aumento real do salário mínimo e dos benefícios da Previdência, além da reorganização dos serviços públicos.
Certamente os resultados de geração de emprego ao longo de seus dois mandatos pesaram na escolha de vários veículos de comunicação europeus e norte-americanos do presidente Lula como a personalidade de 2009.
Pesaram também na escolha de Lula para o prêmio “Personalidade Global” —o equivalente a estadista do ano— no Fórum Econômico Mundial de Davos (Suíça).
Em texto publicado na Folha de S.Paulo, sob o título “Os empregos que Lula deve”, o colunista Clóvis Rossi cobrou do governo Lula a geração dos 10 milhões de empregos prometidos durante a campanha de 2002.
Na conta de Rossi, que considera o período 2003-2007, foram gerados 8,725 milhões de novos empregos.
Na realidade, os dados da RAIS (Relação Anual de Informações Sociais) e do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) revelam que foram contratados pela CLT e como estatutários 11.752.763 novos trabalhadores em todo o país.
Desde o início do governo Lula, o número de trabalhadores em todo o Brasil cresceu 33,86%.
Esse dado revela a preocupação que o governo teve de equilibrar a economia ao mesmo tempo em que cuidava da distribuição de renda, via geração de emprego.
Porque o país precisa crescer economicamente, mas ampliando ano a ano o número de pessoas que irão fazer parte desse crescimento. Essa foi uma preocupação do governo desde seu primeiro dia de trabalho.
Mas é preciso reconhecer também a competência do governo Lula para dar esse salto. Sob o governo Lula, foram criados empregos até em ano de profunda crise internacional e sem pôr em risco o controle da inflação, a meta de superávit fiscal, o aquecimento da economia e as significativas reservas externas (US$ 250 bilhões).
O número de vagas criadas só em 2009 é 20% maior do que os 800 mil postos de trabalho criados em todo o segundo mandato do tucano Fernando Henrique Cardoso.
Há quem queira fugir dessa comparação. Mas o melhor para o Brasil é que neste ano de grandes definições façamos a comparação do governo Lula com o governo FHC, dos tucanos e de José Serra. Porque é isso que o país quer saber.
José Dirceu, 63, é advogado e ex-ministro da Casa Civil
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