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sábado, 23 de janeiro de 2010

A reprovação dos professores paulistas




Da Folha de S.Paulo
SP admite ter de usar professor reprovado – 23/01/2010

Estado anuncia que, por dificuldades em preencher vagas, poderá ter de requisitar docentes temporários com nota vermelha

A prova foi adotada em 2009 pela gestão Serra; na época, o governo disse que iria barrar quem não atingisse a nota mínima

FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Secretaria da Educação de SP anunciou ontem que poderá atribuir aulas a professores reprovados em seu processo de seleção para docentes temporários para a educação básica.

Dos temporários que já trabalharam na sala de aula (pouco menos da metade do total de docentes), 40% foram reprovados -não conseguiram acertar metade das 80 questões.
Segundo o secretário da Educação, Paulo Renato Souza, haverá dificuldades para preencher vagas em algumas escolas, principalmente para as matérias de física e matemática.

Ao justificar a possibilidade de convocar professores reprovados, o secretário afirmou que “a nossa prioridade é garantir aulas aos alunos”.

Os sindicatos do setor dizem que é quase certo que os abaixo da nota de corte sejam convocados, principalmente para atuar na periferia das cidades da Grande SP, onde o desempenho dos alunos já é mais baixo.

Ainda não é possível saber quantos dos reprovados terão de lecionar, pois o processo de distribuição de aulas não começou -primeiro escolhem os concursados; os temporários preenchem as aulas que faltam.

Apesar do ano passado ter terminado com 80 mil temporários e cerca de 130 mil concursados, a rede chegou a precisar de mais de 100 mil não concursados (para suprir casos como licença e aposentadoria).

Além dos temporários, o exame também foi feito por outros candidatos -total de 182 mil, dos quais 48% não atingiram a nota de corte. O total de aprovados foi de 94 mil.

Novo discurso

A prova para seleção de temporários foi adotada no ano passado pelo governo José Serra (PSDB). Antes, o critério para a contratação eram os diplomas do candidato e o tempo de serviço.

Ao lançar o projeto, o governo afirmou que quem não atingisse a nota mínima não poderia lecionar. A possibilidade de reprovados darem aulas neste ano letivo foi anunciada ontem.

Paulo Renato afirmou que o corpo docente deste ano está melhor. A explicação do secretário é que foi “uma inovação” classificar docentes com base em seus conhecimentos.

Disse ainda que, caso tenha de contratar os reprovados, serão selecionados os de melhor desempenho. Além disso, a pasta irá criar cursos a distância para capacitação específica em física e matemática.

Um atenuante para o desempenho dos docentes, afirma Paulo Renato, foi a dificuldade das provas, consideradas por ele como “complexas e longas”.

O presidente do CPP (um dos sindicatos dos docentes), José Maria Cancelliero, teve avaliação semelhante. O exame foi feito pela Vunesp, que aplica o vestibular da Unesp.

Além de permitir que reprovados lecionem, o governo alterou outro critério. Inicialmente, só iria valer a nota da prova. Após negociar com sindicatos, a pasta decidiu levar em conta o tempo de magistério (que dá bônus de até 20% na nota).
Por dalvo

É um absurdo… Quais são os programs do governo do Estado de São Paulo para a qualificação desses professores? Quais são os programas de formação continuada? Se existem não estão dando certo e precisam ser redirecionados, o que descortina a ineficiência e a ineficácia dos políticos tecnicamente comeptentes.

O secretário Paulo Renato fala como se tivesse entrando para a área de educação neste exato momento e não tivesse responsabilidade sobre esse problema.

Quais têm sido os diálogos e parceriam de politicas educacionais do Estado de São Paulo com as universidades estaduais (USP, UNESP e UNICAMP)?

Gilberto Dimenstain diz que o problema da educação é mais grave do que as enchentes porque o primeiro traz reverberações diárias enquanto as enchentes são pontuais. Ora, será que Dimenstein já teve a casa dele alagada mais de 40 dias? Será que ele teve que ir morar em morros por falta de opção? Será que ele precisa se deslocar diariamente de casa para o trabalho e vice-versa nas horas de congestionamentos?

Como a problemática dos professores está colocada fica parecendo que os próprios professores são os únicos culpados. O Estado de São Paulo não toma pra si o status de Estado mais rico da federação e conta com três das melhores universidades do país? Onde está a eficácia e a eficiência na prática desse status?

Quais têm sido os resultados de compras de revistas da editora abril para distribuir para os professores? Esse quadro descortina que o faz-de-conta da política educacional do governo Serra não mais consegue enganar e, quando visto de perto, é um horror que denuncia ou a falta de competência ou a má fé e nenhuma das duas pode ter lugar na gestão pública.

Livros didáticos inadequados, desqualificação de professores, assinaturas de revistas e jornais sem licitações, etc… têm sido rotina na gestão Serra com o economista e experiente consultor educacional Paulo Renato.

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