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sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Convocação geral para ato de protesto contra a Folha no dia 5 de dezembro


Em defesa de Lula

No último dia 18, escrevi “Em defesa de FHC”. Por que fiz isso? Você pode ler por que clicando aqui ou pode se contentar com a minha explicação. Escrevi em defesa do ex-presidente, apesar de repudiá-lo como jamais repudiei a um político, porque tentaram fazer com ele uma fração do que fizeram com o presidente Lula oito dias depois de eu ter escrito.

O jornal Folha de São Paulo, três dias antes do meu texto, publicou, depois de 18 anos, um fato que todos sabiam e que a imprensa se negava a divulgar, ou seja, que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso havia tido um filho fora do casamento, na verdade com uma jornalista da Globo que, posteriormente ao nascimento do filho do político paulista, foi despachada para a Europa recebendo salários sem exercer qualquer atividade evidente (como jornalista) para o seu empregador.

Naquele momento, percebi um padrão que vem se repetindo no tipo de “jornalismo” que aquele dito “órgão de imprensa” vem cometendo. Leitores deste blog, como a professora e socióloga carioca Vera Pereira, também notaram que alguma coisa havia por trás da publicação repentina do assunto pela Folha sob a desculpa da repentina decisão de FHC de reconhecer o filho que jamais reconhecera.

Alguém menos maldoso do que eu diria que houve uma trama, convertida agora em notícia, urdida pela Folha de São Paulo, de o jornal publicar contra o presidente Lula nada mais, nada menos do que a acusação de que ele teria tentado abusar sexualmente de um garoto quando esteve preso durante a ditadura militar.

Alguém menos desconfiado do que eu também diria que a Folha divulgou o filho ilegítimo de FHC para ganhar credibilidade para lançar depois contra o presidente da República o ataque que o jornal efetivamente lançou, e que fez isso para bajular o tucano mor e seu segundo, o governador paulista.

Mas, como sou muito mais maldoso e desconfiado do que isso, acho que FHC estar por trás de tudo não seria nenhuma surpresa, pois a hipótese condiz perfeitamente com a imagem tenebrosa que o ex-presidente vinha tentando construir de Lula ao lançar a hipótese de que ele estaria construindo um regime autoritário, entre outras hipóteses igualmente desabonadoras que andou vertendo.

O fato é que está claro, para mim, a armação perpetrada hoje, preliminarmente, pela Folha, que esticará a “denúncia” ao máximo possível, inclusive com a ajuda de gente como Reinaldo Azevedo e Ricardo Noblat, que, em seus blogs, estão conferindo credibilidade ao ataque sofrido por Luiz Inácio Lula da Silva.

Eles não hesitam. Publicam uma falsificação contra uma ministra de Estado na primeira página acusando-a de crime que não cometeu e, mesmo depois de provada a farsa, dão um jeito de manter a versão “no ar”.

É isso, “no ar”. É o que estão fazendo agora. Em minha opinião, planejaram meticulosamente o que fizeram hoje, ao publicarem a entrevista desse indivíduo que se prestou a esse papel, o tal de César Benjamin, ex-militante ligado à oposição de ultra esquerda a Lula, que, uma vez e outra, tem servido de bucha de canhão à direita. Lançam um boato com toda a força de um grande jornal para que paire de boca em boca.

Eles apostam na burrice. Acham o povo preconceituoso, estúpido e mesquinho. Acham que ele compra fácil qualquer destruição de caráter porque, moralmente deformado, gostaria de ver esses assassinatos morais.

Não pude aceitar esse tipo de tática política agora mesmo, no dia 18, no texto que escrevi em defesa de FHC. O eterno anti Lula Claudio Humberto, ex-porta voz do ex-presidente Fernando Collor de Mello, direitista medonho, sempre pronto a destilar veneno e falsidades, começou a espalhar notícia sobre mais um filho bastardo de FHC, agora com uma ex-empregada doméstica.

Escrevi contra a disseminação desse boato e em defesa da dignidade do ex-presidente tucano porque não aceito uma sociedade em que a política é feita dessa forma suja, baixa, imoral, covarde. Eu jamais jogaria sujo com um adversário. Nem que fosse uma luta de vida ou morte. Não acredito nesse tipo de tática.

É por tudo isso que tomei uma decisão isolada. É a decisão de um homem. Não é a decisão do presidente do Movimento dos Sem Mídia, pois não posso arrastar a ONG para uma decisão em prol de um político, mesmo que seja uma decisão apartidária porque foi tomada também em prol de outro político adversário, ainda que com menos ênfase por o ataque sofrido por FHC não ter sido tão grave.

Não tenho o direito, pois, de pedir que alguém vá comigo para diante da Folha de São Paulo daqui a uma semana, no dia 5 de dezembro, sábado, às 10 horas da manhã. Mas anuncio dia e hora de meu protesto para que quem quiser se junte a mim. Sejam quantos forem os que me acompanharem – e mesmo que ninguém me acompanhe – preciso fazer isso.

Digo a vocês que me sinto esbofeteado pelo que a Folha fez. Sou eleitor do presidente Lula. Aprovo seu governo, sua conduta, sua coragem. Ele representa tudo o que acredito em termos de política e até como ser humano. Ao atacá-lo dessa forma, esse jornal me atacou.

E quem atacou foi o jornal e não o tal de Benjamin. Porque a Folha publicou aquela sujeira toda depois de ter hesitado publicar uma mera pulada de cerca de FHC, comprovada e re-comprovada, por inacreditáveis 18 anos.

Tampouco me importa discutir a inverossimilitude dessa loucura de que o presidente Lula teria sido um maníaco sexual durante o regime militar. Não importam os desmentidos. Não importa o desprezo que a sociedade certamente dará a essa barbaridade. Só o que importa é o crime que esse jornal cometeu.

Meu protesto será solitário. Contudo, se alguém quiser dividi-lo comigo não pensarei duas vezes. Na verdade, a cada alma que comparecer ao protesto do dia 5 diante da Folha, sentirei um pouco menos de medo dessa luta política insana que FHC, Serra, os Frias, os Marinho, os Civita e os Mesquita travam contra o país.

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