Lula: deem seis meses de paz e colocamos o país nos trilhos - CUT
Em ato com sindicalistas, ex-presidente diz que cobrará responsabilidade do Congresso e aponta para política econômica que trará esperança
Escrito por: Luiz Carvalho • Publicado em: 23/03/2016 - 21:29
Movimento sindical unido deu o recado: não vai ter golpe! (Fotos: Roberto Parizotti)
Como em todos os outros eventos em defesa da democracia que tomaram conta do país nos últimos meses, o auditório da Casa de Portugal também estava lotado na noite desta quarta-feira (23) para ouvir o que tinham a dizer o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e dirigentes sindicais.
Diante de uma plateia com mais de mil sindicalistas representantes de todas as centrais do país e ao som de “Lula lá”, jingle de sua campanha em 1989, o ex-presidente trouxe um discurso que, além das conquistas, mirou, principalmente, a defesa da democracia.
Ele lembrou os canais de diálogo com os trabalhadores inexistentes antes de seu governo e do da presidenta Dilma Rousseff e apontou para uma política econômica com viés diferente da atual, passado o período de turbulência.
“Vou pedir ao Congresso, na semana que vem, seis meses de paciência para provar que esse país voltará a ser o país da alegria. Para discutir uma política que traga esperança”, afirmou Lula.
Ao chamar o Congresso para a responsabilidade de ajudar o Brasil a deixar a crise, o ex-presidente disse que pode ajudar com ou sem pasta no governo, mas reforçou que, neste momento, é necessário impedir um retrocesso irreversível à democracia. “A economia se resolve amanhã ou depois, porém, evitar o golpe é hoje.”
Lula disse que é preciso encerrar a política de cortes, mas destacou que ela tem ligação direta com o que receberam os empresários de desoneração. “Entre desoneração e isenção para incentivar mais empregos, deixamos de receber no caixa do governo quase R$ 500 bilhões. Qual sindicalista não ouviu empresário dizer que mão de obra está muito cara? Agora tá ficando barato outra vez, porque quando começa a ter desemprego, a primeira coisa que fazem é reduzir salário do trabalhador”, pontuou.
Segundo ele, a presidenta Dilma tem consciência que é preciso adotar outro modelo. “Estamos vivendo um momento em que Estado não tem recursos, municípios não têm recursos, banco não empresta e empresário não quer investir. E quanto mais corte anuncia, menos capacidade de investimento temos e mais corte tem de fazer. A presidenta Dilma tem consciência que não dá para continuar política econômica que não permita geração de emprego.”
Articulação
Seu papel, falou, seria justamente o de fazer pontes e traçar estratégias de desenvolvimento a partir do diálogo, inclusive com os reticentes em relação à Dilma. “Aceitei (ir para o governo) porque tenho plena consciência de como posso ajudar com aquilo que mais sei fazer, conversar: com mais rico, com mais pobre e fazer com que compreendam que teremos mais facilidade de governar se colocarmos em prática o que pensam as pessoas.”
Lula lembrou ainda os mecanismos de combate à corrupção criados em seu governo, como melhores condições de trabalho para a polícia federal, a Procuradoria Geral da República e o Portal da Transparência. “Não temos medo de investigação, de combate à corrupção, o que não queremos é pirotecnia com pessoas condenadas por manchetes de jornais antes de serem condenadas.”
Ao declarar-se enojado com o comportamento dos veículos que divulgaram conversas particulares suas que não acrescentavam nada à investigação da operação lava-jato, o ex-presidente também disse aos sindicalistas que cobrassem da força-tarefa, incluindo o Poder Judiciário, responsabilidade na investigação das empresas.
“Estão dizendo quando vai recuperar nessa operação, mas quero discutir quanto de prejuízo já deu para a economia, se não é possível combater corrupção sem fechar empresas e causar desemprego. Quando tudo isso terminar, pode ter muita gente presa, mas também muitos desempregados. Vocês têm que procurar força tarefa e perguntar se eles têm consciência do que está acontecendo nesse país”, sugeriu.
Para Lula, a politização da classe trabalhadora que o elegeu presidente estará agora em defesa da democracia. “Sou o resultado da consciência política dos homens e mulheres trabalhadores desse país. A evolução da consciência política de vocês fez com que perdessem o medo. Ganhamos as eleições pelo voto democrático do povo brasileiro e se querem ir para a presidência, esperem 2018. Não tentem dar o golpe na Dilma, não aceitaremos”, falou, aos gritos de “não vai ter golpe.”
Contra os trabalhadores
Na abertura, um vídeo mostrou mensagens de sindicalistas de todos os continentes em apoio a Lula, além do ator estadunidense Danny Glover, como parte da campanha #LulaValeALuta. O encontro também divulgou um manifesto da classe trabalhadora em defesa da democracia. Como destacaram o presidente da Confederação Sindical Internacional (CSI), João Felício, e o secretário de Relações Internacionais da CUT, Antônio Lisboa, uma pequena amostra de mensagens que a Central recebe diariamente de vários países.
Para dirigentes como o presidente nacional da CUT, Vagner Freitas, o reconhecimento de que o reencontro do Brasil com o caminho do desenvolvimento passa pelo respeito à democracia e aos direitos trabalhistas contra os quais lutam os defensores do impeachment.
“Os mesmos que querem o golpe, querem acabar com carteira assinada, o 13º salário, colocar a terceirização indiscriminada e todo dia mandam deputado conservador no Congresso para tirar direito da classe trabalhadora. Peão que pensa com a cabeça do patrão é piolho, temos que defender nossos interesses e defender a democracia, o mandato da presidenta Dilma e que Lula possa ser ministro para construir o diálogo e o Brasil possa sair da crise”, defendeu.
Nesse processo, afirmou Vagner, os sindicatos tem o papel fundamental de conscientizar a classe trabalhadora em contraponto ao ataque da mídia em defesa da derrubada da presidenta. “O que impede golpe é colocar no jornal que trabalhador vai perder emprego. É ir para rua, politizar trabalhador que representa, ele consegue impedir o golpe.”
Além de Vagner, dirigentes da Intersindical, UGT, CSB, Nova Central e Força Sindical e CTB também falaram durante o ato. Acompanhe os principais momentos:
Ricardo Patah – presidente da UGT
“Estranho partir do movimento sindical a crença de que qualquer mudança vai nos beneficiar. Podem acreditar que com outro governo que possa vir o movimento sindical está fadado a quebrar, porque somente nós somos capazes de olhar pelos trabalhadores. Não podemos ser ingratos e virar as costas para quem mudou nesse país”
Edson Carneiro (Índio) – secretário Geral da Intersindical
“Rechaçamos essa intolerância e o caos nas ruas, levando ódio e abrindo portas para o fascismo. A prisão de Lula e a derrubada de Dilma são parte da ofensiva para colocar no Brasil um governo autoritário e para acabar com nossos direitos. O momento é de unidade e mobilização. Não adianta pensar que vão derrubar o governo e vamos nos calar.”
Álvaro Egea– secretário Geral da CSB
“Presidente Lula, queremos o senhor no governo para derrotar esse golpe e implementar a política de desenvolvimento e para recuperar o emprego. Conte com o apoio dos trabalhadores.”
Luiz Gonçalves (Luizinho) – presidente da Nova Central de SP
“Temos consciência que esse é o melhor governo que tivemos em todos os tempos e não poderíamos ficar em cima do muro e não nos posicionarmos a favor do ex-presidente Lula.”
João Carlos Gonçalves (Juruna) – secretário-geral da Força Sindical
“Esse momento é de garantir a democracia, a Constituição, de o companheiro Lula assumir ministério da Casa Civil, porque sabemos será elemento importante dentro do governo para defender causas populares. Às vezes um tranco é muito bom para gerar unidade na ação, de classe e o povo na rua.”
Adilson Araújo – presidente nacional da CTB
“Estamos diante de um Estado agudo da crise no qual a elite conservadora aposta todas as fichas na instabilidade política. A virada política permitiu novo curso do país e essa elite não engoliu a quarta vitória da classe trabalhadora. Estava desenhada a possibilidade de transição mais avançada na aliança com China, Índia e África do Sul em contraposição àqueles que geraram a maior crise da história. Antes que roubem nossos sonhos, sindicatos têm de se transformar em comitês de defesa da democracia.”
Como em todos os outros eventos em defesa da democracia que tomaram conta do país nos últimos meses, o auditório da Casa de Portugal também estava lotado na noite desta quarta-feira (23) para ouvir o que tinham a dizer o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e dirigentes sindicais.
Diante de uma plateia com mais de mil sindicalistas representantes de todas as centrais do país e ao som de “Lula lá”, jingle de sua campanha em 1989, o ex-presidente trouxe um discurso que, além das conquistas, mirou, principalmente, a defesa da democracia.
Ele lembrou os canais de diálogo com os trabalhadores inexistentes antes de seu governo e do da presidenta Dilma Rousseff e apontou para uma política econômica com viés diferente da atual, passado o período de turbulência.
“Vou pedir ao Congresso, na semana que vem, seis meses de paciência para provar que esse país voltará a ser o país da alegria. Para discutir uma política que traga esperança”, afirmou Lula.
Ao chamar o Congresso para a responsabilidade de ajudar o Brasil a deixar a crise, o ex-presidente disse que pode ajudar com ou sem pasta no governo, mas reforçou que, neste momento, é necessário impedir um retrocesso irreversível à democracia. “A economia se resolve amanhã ou depois, porém, evitar o golpe é hoje.”
Lula disse que é preciso encerrar a política de cortes, mas destacou que ela tem ligação direta com o que receberam os empresários de desoneração. “Entre desoneração e isenção para incentivar mais empregos, deixamos de receber no caixa do governo quase R$ 500 bilhões. Qual sindicalista não ouviu empresário dizer que mão de obra está muito cara? Agora tá ficando barato outra vez, porque quando começa a ter desemprego, a primeira coisa que fazem é reduzir salário do trabalhador”, pontuou.
Segundo ele, a presidenta Dilma tem consciência que é preciso adotar outro modelo. “Estamos vivendo um momento em que Estado não tem recursos, municípios não têm recursos, banco não empresta e empresário não quer investir. E quanto mais corte anuncia, menos capacidade de investimento temos e mais corte tem de fazer. A presidenta Dilma tem consciência que não dá para continuar política econômica que não permita geração de emprego.”
Articulação
Seu papel, falou, seria justamente o de fazer pontes e traçar estratégias de desenvolvimento a partir do diálogo, inclusive com os reticentes em relação à Dilma. “Aceitei (ir para o governo) porque tenho plena consciência de como posso ajudar com aquilo que mais sei fazer, conversar: com mais rico, com mais pobre e fazer com que compreendam que teremos mais facilidade de governar se colocarmos em prática o que pensam as pessoas.”
Lula lembrou ainda os mecanismos de combate à corrupção criados em seu governo, como melhores condições de trabalho para a polícia federal, a Procuradoria Geral da República e o Portal da Transparência. “Não temos medo de investigação, de combate à corrupção, o que não queremos é pirotecnia com pessoas condenadas por manchetes de jornais antes de serem condenadas.”
Ao declarar-se enojado com o comportamento dos veículos que divulgaram conversas particulares suas que não acrescentavam nada à investigação da operação lava-jato, o ex-presidente também disse aos sindicalistas que cobrassem da força-tarefa, incluindo o Poder Judiciário, responsabilidade na investigação das empresas.
“Estão dizendo quando vai recuperar nessa operação, mas quero discutir quanto de prejuízo já deu para a economia, se não é possível combater corrupção sem fechar empresas e causar desemprego. Quando tudo isso terminar, pode ter muita gente presa, mas também muitos desempregados. Vocês têm que procurar força tarefa e perguntar se eles têm consciência do que está acontecendo nesse país”, sugeriu.
Para Lula, a politização da classe trabalhadora que o elegeu presidente estará agora em defesa da democracia. “Sou o resultado da consciência política dos homens e mulheres trabalhadores desse país. A evolução da consciência política de vocês fez com que perdessem o medo. Ganhamos as eleições pelo voto democrático do povo brasileiro e se querem ir para a presidência, esperem 2018. Não tentem dar o golpe na Dilma, não aceitaremos”, falou, aos gritos de “não vai ter golpe.”
Contra os trabalhadores
Na abertura, um vídeo mostrou mensagens de sindicalistas de todos os continentes em apoio a Lula, além do ator estadunidense Danny Glover, como parte da campanha #LulaValeALuta. O encontro também divulgou um manifesto da classe trabalhadora em defesa da democracia. Como destacaram o presidente da Confederação Sindical Internacional (CSI), João Felício, e o secretário de Relações Internacionais da CUT, Antônio Lisboa, uma pequena amostra de mensagens que a Central recebe diariamente de vários países.
Para dirigentes como o presidente nacional da CUT, Vagner Freitas, o reconhecimento de que o reencontro do Brasil com o caminho do desenvolvimento passa pelo respeito à democracia e aos direitos trabalhistas contra os quais lutam os defensores do impeachment.
“Os mesmos que querem o golpe, querem acabar com carteira assinada, o 13º salário, colocar a terceirização indiscriminada e todo dia mandam deputado conservador no Congresso para tirar direito da classe trabalhadora. Peão que pensa com a cabeça do patrão é piolho, temos que defender nossos interesses e defender a democracia, o mandato da presidenta Dilma e que Lula possa ser ministro para construir o diálogo e o Brasil possa sair da crise”, defendeu.
Nesse processo, afirmou Vagner, os sindicatos tem o papel fundamental de conscientizar a classe trabalhadora em contraponto ao ataque da mídia em defesa da derrubada da presidenta. “O que impede golpe é colocar no jornal que trabalhador vai perder emprego. É ir para rua, politizar trabalhador que representa, ele consegue impedir o golpe.”
Além de Vagner, dirigentes da Intersindical, UGT, CSB, Nova Central e Força Sindical e CTB também falaram durante o ato. Acompanhe os principais momentos:
Ricardo Patah – presidente da UGT
“Estranho partir do movimento sindical a crença de que qualquer mudança vai nos beneficiar. Podem acreditar que com outro governo que possa vir o movimento sindical está fadado a quebrar, porque somente nós somos capazes de olhar pelos trabalhadores. Não podemos ser ingratos e virar as costas para quem mudou nesse país”
Edson Carneiro (Índio) – secretário Geral da Intersindical
“Rechaçamos essa intolerância e o caos nas ruas, levando ódio e abrindo portas para o fascismo. A prisão de Lula e a derrubada de Dilma são parte da ofensiva para colocar no Brasil um governo autoritário e para acabar com nossos direitos. O momento é de unidade e mobilização. Não adianta pensar que vão derrubar o governo e vamos nos calar.”
Álvaro Egea– secretário Geral da CSB
“Presidente Lula, queremos o senhor no governo para derrotar esse golpe e implementar a política de desenvolvimento e para recuperar o emprego. Conte com o apoio dos trabalhadores.”
Luiz Gonçalves (Luizinho) – presidente da Nova Central de SP
“Temos consciência que esse é o melhor governo que tivemos em todos os tempos e não poderíamos ficar em cima do muro e não nos posicionarmos a favor do ex-presidente Lula.”
João Carlos Gonçalves (Juruna) – secretário-geral da Força Sindical
“Esse momento é de garantir a democracia, a Constituição, de o companheiro Lula assumir ministério da Casa Civil, porque sabemos será elemento importante dentro do governo para defender causas populares. Às vezes um tranco é muito bom para gerar unidade na ação, de classe e o povo na rua.”
Adilson Araújo – presidente nacional da CTB
“Estamos diante de um Estado agudo da crise no qual a elite conservadora aposta todas as fichas na instabilidade política. A virada política permitiu novo curso do país e essa elite não engoliu a quarta vitória da classe trabalhadora. Estava desenhada a possibilidade de transição mais avançada na aliança com China, Índia e África do Sul em contraposição àqueles que geraram a maior crise da história. Antes que roubem nossos sonhos, sindicatos têm de se transformar em comitês de defesa da democracia.”
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