Parlamentares denunciam “grande negociata” e manobras de Cunha e Temer para aprovar golpe - PT na Câmara.
A
tentativa de golpe em curso no País tem esbarrado na ferrenha defesa da
democracia feita pelos parlamentares da Bancada do PT e de outros
partidos contrários ao atentado à legalidade. Em pronunciamentos na
Tribuna, os deputados petistas denunciam as manobras patrocinadas pelo
vice-presidente, Michel Temer (PMDB-SP) e o presidente da Câmara,
Eduardo Cunha (PMDB-RJ) contra a presidenta Dilma, eleita legitimamente
pelo voto popular nas urnas.
O deputado Jorge Solla (PT-BA) denunciou o que chamou de “grande
negociata” que está acontecendo na Câmara. “As quatro moedas do golpe
são: negociação de cargos num possível futuro governo; negociação de
verbas; ameaças; e, quarta moeda, oferta de blindagem nas apurações.
Dizem até que há dinheiro vivo, como na época da venda de votos da
reeleição de FHC, e que os cheques da Federação das Indústrias de São
Paulo (FIESP) estão circulando por todo o País”, disse.
De acordo com Jorge Solla, “a Fiesp é a patrocinadora do programa
golpista de Temer, que pretende realizar uma eleição indireta no próximo
domingo, caso o impedimento da presidenta Dilma seja aprovado, tentando
eleger Temer e Eduardo Cunha, travestindo de impeachment um verdadeiro
golpe”, afirmou.
Para o deputado Angelim (PT-AC) o processo contra a presidenta Dilma
já nasceu viciado. “O impeachment não pode ser um mero instrumento de
manobra daqueles que perdem nas urnas e buscam no tapetão um terceiro
turno bizarro”, afirmou.
“Instalado sob a condução de um presidente da Câmara, Eduardo Cunha,
denunciado no Supremo Tribunal Federal, esse processo de impeachment
nasce viciado pela inversão de valores éticos, atropela o devido
processo legal e atenta contra o Estado Democrático de Direito”,
complementou Angelim.
Já o deputado Givaldo Vieira (PT-ES) alertou para a ameaça que um
possível governo Temer representaria para os trabalhadores brasileiros.
“Esse golpe, comandado pelo maior réu da Operação Lava-Jato, o
presidente (da Câmara) Eduardo Cunha, tem por objetivo mexer nos
direitos que a classe trabalhadora conquistou neste País, é fazer o
arrocho, como disse o senhor Michel Temer, no vazamento do seu áudio,
recentemente. Ele (Temer) só não falou em continuar o combate à
corrupção, porque o grande acordo aqui é proteger corruptos e não
podemos aceitar o golpe”.
O deputado Zeca Dirceu (PT-PR) condenou “o patrocínio” pelos grandes
veículos de comunicação de veiculação de um suposto placar aprovando o
impedimento da presidenta Dilma. “É falso e mentiroso este placar que
tem sido insistentemente divulgado por aqueles que querem cantar a
vitória antes da hora. Esta tese não é verdadeira. Não deve ter nem
sequer 300 votos hoje decididos manifestados a favor do impeachment”.
Por isso, disse Zeca Dirceu, “reafirmo nossa luta que será permanente
até domingo para mostrar que estará em jogo não apenas o mandato da
presidenta Dilma e, sim, a manutenção da democracia, o combate à
corrupção. Vamos romper esta tese do impeachment no domingo e o governo
vai retomar a dinâmica da economia do país visando a retomada do
desenvolvimento do país”, disse.
E o deputado Beto Faro (PT-PA) reiterou que não há “a mais remota”
base jurídica para o pedido de impeachment da presidenta Dilma. “Como
disse o ministro da AGU, José Eduardo Cardozo, o presidente da Câmara só
decidiu pela abertura do processo por retaliação porque não teve apoio
para barrar o processo contra ele (Cunha) no Conselho de Ética, sobre a
diversidade de ilícitos atribuídos a ele”, explicou.
“Enfim, os golpistas não contavam com a reação do povo organizado,
fortalecido com as manifestações populares espontâneas. A opção da
sociedade brasileira pelos valores democráticos está consolidada e não
vai ter golpe”, concluiu Faro.
Gizele Benitz
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