🌵Guerra de Narrativas: o ataque do Irã, o Hospital de Soroka e a escalada sem retorno?
🌵Por Olhos do Sertão | Junho de 2025
O que foi atacado em Israel?
Na manhã desta quinta-feira, o Irã
confirmou ter destruído o que chamou de quartel-general
militar israelense de comando, controle e inteligência, além de outro
alvo "crítico" não identificado. O ataque, segundo Teerã, foi "cuidadosamente executado" e
resultou em danos colaterais
superficiais ao Hospital Militar de Soroka, na cidade de Be’er Sheva — a
cerca de 40km da Faixa de Gaza.
O Irã insiste: não atacou um hospital, mas sim uma
instalação militar usada diretamente para sustentar as operações contra Gaza —
e apelou à população israelense para
que atenda às ordens de evacuação antes de novos ataques.
O hospital como campo simbólico de batalha
O Hospital de Soroka não é apenas um centro médico: é um símbolo.
Ele representa a retaguarda israelense na guerra, o lugar onde são tratados os
soldados que participam da ofensiva militar em Gaza. O Irã associa isso ao que
chama de “guerra genocida” que
Israel conduz contra os palestinos, citando que 94% dos hospitais de Gaza foram destruídos ou danificados.
Essa narrativa simbólica é essencial: o Irã constrói a imagem de que
ataca infraestruturas militares, enquanto Israel, segundo Teerã, ataca infraestruturas
civis. Essa diferença moral é a base da guerra de imagens e versões que acompanha os mísseis.
A advertência iraniana e o novo paradigma de guerra
Trata-se de um movimento
sofisticado na guerra psicológica e
diplomática:
- Serve para reduzir as baixas civis, que
poderiam gerar condenações internacionais.
- Envia um sinal claro de que os próximos alvos
virão — e podem ser evitados.
O espelhamento das atrocidades e o jogo das culpas
O Irã não nega a escalada: afirma
que centenas de civis iranianos foram
mortos em ataques israelenses recentes. Ao falar isso, constrói um espelho moral: se Israel acusa o Irã
de terrorismo, Teerã acusa Tel Aviv de genocídio
e crimes de guerra.
Esse jogo de acusação cruzada é comum em guerras
onde a opinião pública internacional
tem peso semelhante ao das armas. A guerra não se vence apenas com tanques, mas
com versões que viralizam.
Estamos diante de um novo tipo de guerra global?
Esse conflito não é isolado. Ele
ocorre:
- Paralelamente à guerra na
Ucrânia,
- Ao cerco ao Iêmen,
- Aos conflitos no Mar
Vermelho,
- À tensão China-Taiwan,
- E às movimentações
silenciosas da OTAN no Sahel africano.
Vivemos
uma guerra mundial por partes, como já
refletimos neste blog. Agora, o que muda é o grau de clareza e organização dos blocos em confronto:
- De um lado, EUA, OTAN,
Israel, Japão, Austrália.
- Do outro, Irã, Rússia,
China, Hezbollah, Houthis, milícias do Iraque, Síria e grupos
independentes no Sahel.
O que está em jogo?
Mais do que territórios, o que
está em disputa é:
- O redesenho da ordem mundial,
- O fim do monopólio do dólar e do SWIFT,
- O controle de rotas comerciais e infraestruturas energéticas,
- O direito de autodefesa fora da lógica ocidental,
- E a narrativa sobre quem é o agressor e quem resiste.
Conclusão: guerra, propaganda e futuro
A guerra não é apenas um conflito
de forças, mas uma disputa de significados. Quando o Irã diz que não atacou o
hospital, mas um QG militar, está dizendo que o campo de batalha não é apenas
geográfico, mas ético, moral e
simbólico.
A pergunta que resta: quanto tempo resta até que um erro de cálculo
leve todos à beira de um confronto maior?
Veja o texto
APENAS EM: ARAQCHI: OS ISRAELENSES DEVEM ATENDER ÀS NOSSAS ORDENS DE EVACUAÇÃO NÃO ATACAMOS O HOSPITAL Mensagem do Ministro dos Negócios Estrangeiros: • Esta manhã, as nossas poderosas forças armadas destruíram cuidadosamente um quartel-general militar israelita de comando, controlo e inteligência e outro alvo crítico. • A onda de choque causou danos superficiais a uma pequena secção do Hospital Militar de Soroka, nas proximidades, que foi em grande parte evacuada. A instalação é usada principalmente para tratar soldados israelenses envolvidos no genocídio de Gaza a 40 quilômetros de distância, onde Israel destruiu ou danificou 94% dos hospitais palestinos. • Foi o regime israelita que iniciou este derramamento de sangue, e não o Irão, e são os criminosos de guerra israelitas, e não os iranianos, que têm como alvo hospitais e civis. Desde que a guerra ilegal de Israel contra o povo iraniano começou na semana passada, centenas de iranianos inocentes foram mortos sem motivo. • Apelamos aos israelitas para que prestem atenção às nossas ordens de evacuação antes dos ataques e evitem a proximidade de locais militares e de segurança. As nossas poderosas forças armadas continuarão a reprimir incansavelmente os criminosos que visam o nosso povo até que cessem e paguem o preço pela sua agressão criminosa contra a nossa nação.
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