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domingo, 29 de agosto de 2010

Porque nós, nordestinos, votamos em Dilma

Texto do blog Moabe Giudice
Não é novidade que a popularidade e aprovação do governo Lula no Nordeste é a maior do país. O resultado mais óbvio é que Dilma, a candidata do presidente, ganha em toda a região. Na Bahia, quarto maior colégio eleitoral do país, a candidata petista está com 60% das intenções de votos. De cada três baianos, dois votarão em Dilma.
Essa notícia poderia ser excelente se, junto com ela não viessem críticas preconceituosas como: o Nordeste vota em Dilma por causa do bolsa-família; o nordestino não tem acesso a educação por isso é ignorante e apoia o governo Lula e, por aí vai. O fato é que, mesmo morando atualmente no Canadá, estou farto de lê críticas ao meu povo por apoiar o lulismo. Por isto, este texto. Pretendo esclarecer o real motivo de votamos em Dilma.
É fato que a Bahia foi, durante muitos anos, o reduto político do carlismo. O DEM e o PSDB esteve por décadas no controle político de quase todos os Estados nordestinos. Pensar em um governo petista, há alguns anos, no controle destas regiões era no mínimo uma utopia, daquelas bem loucas.
Porém, os anos do governo de direita por aqui nos escravizaram na miséria. Lembro-me das inúmeras vezes que meu povo vendeu sua cidadania por sacos de cimento, por cestas básicas ou, ainda, por uma consulta médica. Benefícios estes que só chegavam em ano eleitoral. Nos seguintes, restavam sonhar com a próxima campanha política onde empregos seriam prometidos e esmolas distribuídas. Para quem não tinha muitas opções, as esmolas até que serviam. Quando um povo vive na miséria, qualquer promessa de futuro vira realidade em sua utopia.
Lembro-me também dos inúmeros amigos que partiram buscando melhorar de vida no sudeste e sul do país. Já que, no nordeste, a geração de emprego era zero. Eles, sonhavam com uma vida melhor. Foi mudido de coragem que migraram deixando para trás somente pessoas, ja que em suas cidades não construíram nada, além de afeto.
Foi então que em 2003 veio o governo Lula e a promessa de um futuro melhor. Durante os oito anos que o PT governou este país, o Nordeste deixou de ser uma região esquecida. Isto porque as políticas sociais e de crédito permitiu a inclusão e, a economia nordestina se acelerou. Parafraseando José Roberto de Toledo o Nordeste saiu de um arrastado bolero para um rápido xote.
Para que fique claro este crescimento, o Nordeste gerou no governo Lula, mais emprego formal que a média nacional. Só Alagoas, que é governado por um tucano, gerou déficit de emprego. Isto possibilitou o retorno de milagres de nordestinos que viviam em São Paulo vítimas de preconceitos e manifestos como o anti-nordestino.
Falando um pouco sobre o bolsa-família, principal alvo dos críticos, o programa assistencialista está muito longe de ser uma bolsa esmola. Primeiro, porque de esmolas nós nordestinos estamos calejados, afinal foi isto que recebemos na administração demotucana. E, segundo, porque entendemos que a política assistencialista do PT se traduz em um projeto de distribuição de renda que visa socorrer a região que durante anos esteve esquecida.  
Que fique esclarecido, para os precipitados, que nós, nordestinos, não queremos e nem aceitamos esmolas. Votamos em Dilma porque não vendemos nossa cidadania e porque o sonho de igualdade  e autonomia parece-nos acessível.

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