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domingo, 28 de março de 2010

O Datafolha, os professores e o mundo bizarro de Serra


A pesquisa Datafolha, divulgada neste sábado, apresenta dados curiosos. Segundo o instituto, Serra abriu vantagem na disputa. No entanto, a mesma pesquisa aponta que Dilma ampliou sua vantagem na espontânea, dado obviamente omitido das manchetes. Enquanto isso, professores experimentam mais uma vez a truculência do governo Serra, que reprimiu duramente manifestação de sexta-feira. Jornalista Leandro Fortes analisa foto que, segundo ele, ilustra bem o mundo bizarro do governador José Serra. (A foto é de Clayton de Souza, da Agência Estado).

Marco Aurélio Weissheimer

Os vídeos apresentados abaixo foram gravados por João Humberto Venturini, que estava na manifestação de sexta-feira. Em seu blog, ele relata o que presenciou.

Na sexta-feira, Paulo Henrique Amorim avisou que uma pesquisa Datafolha estava saindo do forno para levantar um pouco o combalido ânimo do governador de São Paulo, José Serra(PSDB). Horas depois, a Folha de São Paulo estampava como manchete: Serra volta a subir e abre 9 pontos sobre Dilma (36% a 27%). Já era esperado.

Um dos dados curiosos na pesquisa Datafolha (que não mereceu destaque na divulgação da mesma pelos jornais) é o levantamento espontâneo, onde Dilma voltou a crescer e aumentar a diferença sobre Serra. Segundo a espontânea (quando o entrevistado diz em quem deseja votar sem ver uma lista de nomes) Dilma continua em alta: tinha 8% em dezembro, passou a 10% em fevereiro e agora chegou a 12%. Esse percentual a coloca à frente do presidente Lula (8%), que, até dezembro, liderava a pesquisa espontânea. Serra manteve os 8% da pesquisa de dezembro. Ciro e Marina tiveram 1% cada. Houve também 3% para "candidato do Lula" e 1% para "no PT/candidato do PT".

Somando-se, então, os votos destinados a Lula, a Dilma, e ao “candidato do Lula”, chega-se a 23% na espontânea favoráveis à candidatura do PT.

Como explicar essa diferença entre os números da espontânea e da estimulada? Talvez um manuseio excessivamente entusiasmado na margem de erro da estimulada? Sabe-se lá...

Os professores e o "mundo bizarro de Serra”



A pesquisa Datafolha serve também, entre outras coisas, como uma antecipação da campanha de Serra aos problemas à sua imagem causados pela greve dos professores em São Paulo. Na sexta-feira, tropas de choque da Polícia Militar de São Paulo reprimiram uma nova manifestação dos grevistas, usando bombas de efeito moral e balas de borracha. Pelo menos 16 pessoas ficaram feridas. Se a matéria relativa à pesquisa tivesse uma foto para ilustrar o quadro por ela descrito, essa foto seria a da Agência Estado (acima), de que fala o jornalista Leandro Fortes, em seu blog Brasília, eu vi (ver abaixo). No final da noite de sexta, o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (APEOESP), divulgou nota oficial, condenando a truculência do governo Serra e pedindo, mais uma vez, a abertura de negociações com a categoria:


Os acontecimentos da sexta-feira em São Paulo foram resumidos assim pelo jornalista Leandro Fortes em seu blog, Brasília eu vi:

Muito ainda se falará dessa foto de Clayton de Souza, da Agência Estado, por tudo que ela significa e dignifica, apesar do imenso paradoxo que encerra. A insolvência moral da política paulista gerou esse instantâneo estupendo, repleto de um simbolismo extremamente caro à natureza humana, cheio de amor e dor. Este professor que carrega o PM ferido é um quadro da arte absurda em que se transformou um governo sustentado artificialmente pela mídia e por coronéis do capital. É um mural multifacetado de significados, tudo resumido numa imagem inesquecível eternizada por um fotojornalista num momento solitário de glória. Ao desprezar o movimento grevista dos professores, ao debochar dos movimentos sociais e autorizar sua polícia a descer o cacete no corpo docente, José Serra conseguiu produzir, ao mesmo tempo, uma obra prima fotográfica, uma elegia à solidariedade humana e uma peça de campanha para Dilma Rousseff.

Inesquecível, Serra, inesquecível.

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