A podridão que vai tomando conta do Brasil com a abertura da "caixa preta" da Rede Globo.
Uma emissora que cresceu apanhando as migalhas e milhões que caiam das mesas dos generais ditadores.
O momento é crucial para que o Brasil faça uma manifestação pela democratização da mídia.
E os tentáculos que a Rede Globo são longos nas instituições brasileiras, hora elegendo presidente, hora conspirando golpes, hora articulando interesses dentro do judiciário, hora premiando bons serviçais, hora pressionando o STF para fazer julgamento em momento eleitoral, hora manipulando pessoas nas ruas, hora achando que está acima das instituições e do Brasil e do povo brasileiro.
Até quando o povo brasileiro aceitará este tipo de situação?
Não se pode aceitar que uma família possa conspirar contra o Brasil e fazer sonegação fiscal em paraísos fiscais.
Leia a matéria de Rodrigo Vianna quando o o mesmo pergunta: o processo contra a Globo sumiu? E os bastidores da negociação que poderia ter levado à “estatização” da emissora
publicada domingo, 07/07/2013 às 18:33 e atualizada domingo, 07/07/2013 às 18:58
por Rodrigo Vianna
Conversei com duas fontes importantes, que trouxeram
esclarecimentos sobre o episódio da sonegação de impostos da Globo,
denunciada pelo blog “O Cafezinho” de Miguel do Rosário.
Uma das fontes é um ex-funcionário público (que conhece
bem instituições como a Receita Federal e o Ministério Público no estado
do Rio). Esse homem é o mesmo que Miguel do Rosário tem chamado de
“garganta profunda”. Por isso, também o chamaremos assim nesse texto. A
segunda fonte (será chamada aqui de “fonte 2″) é uma pessoa que esteve
no governo federal (funcionário de carreira), nunca exerceu cargos
eletivos, mas sabe muito sobre os bastidores do poder – e suas
intercessões com o mundo das finanças e da mídia. Seguem abaixo as
informações que recebi dos dois. O texto é longo, mas peço atenção
porque trata de assunto gravíssimo.
1 - O blog “O Cafezinho” publicou apenas 12 páginas de uma imensa investigação contra a Globo.
Onde está o processo original? Onde estão as centenas de páginas até
agora não reveladas? Um mistério. O “garganta profunda” garante que funcionários
da Receita Federal no Rio estariam “em pânico” (são palavras dele)
porque o processo contra a Globo simplesmente sumiu! Sim. O processo não foi digitalizado, só existe em papel. O deputado Protógenes Queiroz (que pretende abrir uma CPI para investigar a Globo) também considera “estranho” que não haja “back-up” da investigação.
“Mas como um processo some desse jeito?” pergunto incrédulo. E o “garganta profunda” responde com um sorriso:
“há advogados especializados nisso, e às vezes o sumiço físico de um
processo é a única forma de evitar danos maiores quando se enfrenta uma
investigação como essa contra a Globo”. Insisto: “mas quem teria pago pro processo desaparecer?”. E o “garganta profunda” responde com um sorriso apenas.
2 – Importante compreender que, na verdade, há uma investigação
contra a Globo que se desdobra em dois processos. Tudo começa com o ”Processo Administrativo Fiscal” de número 18471.000858/2006-97
, conduzido pelo auditor fiscal Alberto Sodré Zile; era a investigação
propriamente tributária, no decorrer da qual descobriu-se a (suposta)
conta da Globo em paraíso fiscal e a sonegação milionária. Ao terminar
a investigação, no segundo semestre de 2006, Zile constatou “Crime
contra a Ordem Tributária” e por isso pediu a abertura de uma “Representação Fiscal para Fins Penais” (ou seja: investigação criminal contra os donos da Globo) que recebeu o número 18471.001126/2006-14.
3 - Um dos indícios de que há algo errado com os dois processos contra a Globo surge quando realizamos a consulta ao site ”COMPROT” (qualquer cidadão pode entrar no site “COMPROT” do Ministério da Fazenda e fazer a consulta – digitando os números que reproduzi no item acima). Ao fazê-lo, aparecem na tela as seguintes informações:
“MOVIMENTADO EM: 29/12/2006″
“SITUAÇÃO: EM TRÂNSITO”.
4 – Um processo (ou dois!!!) pode ficar ”em trânsito” durante seis anos e meio? Isso não existe. Onde foi parar o processo? Entrou
em licença médica? Repousa em algum escaninho? Viajou para as Ilhas
Virgens Britânicas? Ou desapareceu no buraco negro que parece unir o
Jardim Botânico ao Planalto Central?
A “fonte 2″ esclarece que a investigação deveria ter seguido dois caminhos:
- a Globo poderia continuar discutindo o imposto devido nas instâncias administrativas da Receita (para isso, teria que pagar o valor original e discutir a multa);
- o Ministério Público Federal no Rio deveria ter
iniciado uma investigação dos aspectos criminais (esse era o caminho
depois da “Representação Fiscal para Fins Penais” apresentada pelo
auditor Zile).
5 - Se a Globo tivesse feito recursos administrativos na Receita, isso deveria constar no site “COMPROT”. Mas a última movimentação é de 29/12/2006 – como qualquer cidadão pode confirmar realizando a consulta. O que se passou? Onde está o processo? O “garganta profunda” garante: “o processo teria sido sido retirado do escritório da Receita do Rio, desviado de forma subterrânea”. Essa informação, evidentemente, ainda precisa ser confirmada.
6 – Se o processo original sumiu, como se explica que Miguel do
Rosário tenha obtido as 12 páginas já publicadas em “O Cafezinho”? Aí
está outra parte do segredo e que vamos esclarecer agora: um
homem – não identificado - teria conseguido preservar o processo
original (e feito pelo menos mais uma cópia, na íntegra, para se
proteger). As 12 páginas seriam, portanto, “só um aperitivo do que pode vir por aí”, garante o “garganta profunda”.
7 – O que mais há no processo? Detalhes sobre contas em paraísos
fiscais, e os nomes dos donos da Globo associados a essas contas, além
de muitos outros detalhes – diz o “garganta profunda”, único a
manter contato permanente com o homem que hoje possuiria o processo na
íntegra. Seriam provas avassaladoras, “com nome, endereço e tudo o mais”. Em suma: uma bomba atômica contra a Globo.
8 – Abrimos aqui um parêntesis. A “fonte 2″ garante-me que em 2003 a família Marinho procurou o governo Lula para pedir ajuda. A Globo estava a ponto de quebrar
(graças às barbeiragens com a GloboCabo, que contraiu dívidas em dólar e
viu essa dívida se multiplicar por quatro depois da desvalorização do
Real em 98/99, no governo FHC). Algumas pessoas no entorno
de Lula chegaram a sugerir que o governo emitisse “debêntures” para
salvar a Globo. Na prática, isso poderia dar ao governo o controle da
Globo. “Seria uma forma suave de, na prática, estatizar a Globo”, garante-me a “fonte 2″. Por que não foi feito? “Eram
todos marinheiros de primeira viagem no governo, faltou confiança e
convicção para adotar essa medida, que teria sido a mais adequada para o
país“, diz a “fonte 2″ – que acompanhou toda a negociação de perto. Ele conta que a
família Marinho ficou contrariada com essa idéia, que chegou a ser
levada à mesa por integrantes do governo Lula, mas a Globo estava tão
desesperada que cogitou até aceitar essa saída pra não quebrar. Lula, no
entanto, optou pela saída convencional: a Globo conseguiu empréstimos (inclusive no BNDES), e alongou a dívida. A família Marinho manteve seu império intacto.
9 – Ainda pressionada por essa dívida principal, a família
Marinho recebeu notícia da investigação fiscal, promovida pelo auditor
Zile. A Globo pediu socorro ao governo. Isso deve ter ocorrido entre 2003 e 2004, diz a “fonte 2″. A ordem de Lula teria sido: “não vamos intervir, os auditores têm autonomia funcional e devem fazer o trabalho deles”.
10 – A partir de então (e apesar da “ajuda” do governo para
equacionar a dívida principal originada pelas barbeiragens na
Globocabo), a família Marinho teria declarado guerra. Isso
explicaria a cobertura global na CPI do Mensalão, sob a batuta de Ali
Kamel, em 2005. Essa é a tese da “fonte 2″, embasada nesses fatos só agora revelados.
11 – O processo por sonegação (conduzido pelo auditor Alberto Sodré
Zile) foi concluído às vésperas da eleição de 2006, quando a Globo de
novo apontou as baterias contra Lula. Acompanhei tudo isso de perto, eu
estava na Globo na época. Claramente, a temperatura contra o governo
subiu no último mês antes do primeiro turno (ocorrido em outubro de
2006). O auditor Zile concluiu a investigação em setembro de 2006. A
família Marinho queria que a investigação sobre sonegação fosse
interrompida de qualquer forma. Não tanto pelos valores, mas porque a
revelação de contas em paraísos fiscais seria devastadora.
12 – Entre o primeiro e o segundo turnos da eleição de 2006, houve algum acordo entre a Globo e o governo Lula? A
cobertura global da eleição mudou completamente no segundo turno,
tornando-se mais “suave”. Em novembro de 2006, um colega que também era
repórter da Globo e que mantinha bons contatos com Marcio Thomaz Bastos
(então Ministro da Justiça de Lula) disse-me: “Rodrigo, agora eles sentaram pra conversar, o governo e os Marinho“. Não
se sabe ao certo o que foi colocado na mesa para a tal conversa. O que
se sabe é que, coincidentemente, desde dezembro de 2006 a investigação
por sonegação segue “em trânsito.”
13 – A divulgação das doze páginas pelo Cafezinho” pegou a Globo de surpresa. Reparem como a nota oficial da emissora é confusa e contraditória.
A Globo fala que não há imposto a pagar, mas reconhece que discute
algumas cobranças, sim. E não faz qualquer menção à conta nas Ilhas
Virgens. É um ziguezague. Procedimento típico de quem não sabe o que o
“outro lado” possui de munição. A Globo torce para que o resto do
processo não apareça. Sobram várias perguntas…
14 – O homem que está com o processo na mão estaria disposto a revelar todo o conteúdo? Por que não o fez até agora?
15 – O MPF (Ministério Público Federal) vai esclarecer por
que não seguiu a investigar a Globo, conforme sugeriu o auditor Alberto
Sodré Zile em sua “Representação Fiscal para Fins Penais”? Cabe
aos blogueiros e ao Centro Barão de Itararé fazer essa pergunta
diretamente ao MPF. Aliás, nessa quarta-feira, dia 10, às 11h, o Barão e
outras entidades irão para a porta do MPF no Rio (rua Nilo Peçanha, 31 –
centro), levando a singela pergunta: “MPF, por que você não investiga a
fraude da Rede Globo?”. Gurgel pode dar a resposta…
16 – A Receita Federal alega que não pode dar mais
detalhes sobre a investigação, já que esta estaria protegida por sigilo
fiscal. Ok. Mas a Receita pode – e deve – esclarecer o que foi feito dos processos. E por que eles constam como “em trânsito” na página “COMPROT” do Ministério da Fazenda.
17 - Por último, seria bom esclarecer se houve, de fato, algum acordo entre Lula e Globo em 2006. E
por que ele teria sido rompido depois – com a evidente tomada de
posição da emissora carioca em favor de Serra na eleição de 2010?
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