Milhares de pessoas protestam contra a Globo pelo Brasil
Por Márcio Zonta
Do Brasil de Fato
Do Brasil de Fato
Centenas de pessoas protestaram contra a Rede Globo em diversos
pontos do país, em frente às sedes da empresa. Isso ocorreu no dia 11 de
julho, uma quinta-feira, no Dia Nacional de Lutas, chamado pelas
centrais sindicais e pelo MST.
Democratização
Com
o tema da democratização da mídia ganhando fôlego nas ruas, a emissora
mergulha em uma série de denúncias sobre suas relações promíscuas com
figurões da política brasileira, benefícios ilícitos adquiridos desde os
tempos ditatoriais, além do mais recente escândalo de sonegação de
impostos, que ultrapassa os R$ 600 milhões.
O que a família Marinho tentou esconder na onda de mobilizações de
junho, pautando manifestações e canalizando os protestos em temas como
corrupção e PEC 37, veio à tona nos últimos dias.
O apresentador Carlos Tramontina, que apresentava ao vivo o programa
SPTV, ao ter seu rosto alcançado por um laser verde não teve outra
opção. “Um grupo de aproximadamente 400 pessoas fazem um protesto contra
a TV Globo em São Paulo”, anunciou Tramontina.
Altamiro Borges, do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de
Itararé afirma que a Globo tentou ao máximo deslocar os protestos,
sobretudo, porque grande parte da insatisfação era contra a própria
empresa.
“A Globo tentou destacar que eram protestos sem partido, horizontais
contra o governo. Só que deixou de falar que era contra a mídia também.
Em todos eles, a maior palavra de ordem era ‘Fora Globo’, ou seja, há um
descontentamento explícito contra a emissora”, destaca.
Roubo de Dinheiro Público
Recentemente, mais uma irregularidade envolvendo a Rede Globo foi
descoberta. Uma denúncia de Miguel do Rosário, do blog O Cafezinho,
revela que, em 2002, o grupo empresarial promoveu uma sonegação que
contabilizou R$ 183 milhões.
Ao concluir o processo, quatro anos mais tarde, em 2006, o valor
alcançou a cifra de R$ 615 milhões, somando juros e multas cobrados pela
Receita Federal.
O jornalista Rodrigo Viana, em seu blog Escrevinhador, aponta que a
Receita Federal solicitou uma investigação criminal contra os Marinho em
2006. No entanto, o Ministério Público Federal não teria levado adiante
o pedido.
Sonegação
Segundo Viana, o processo contra a Globo vai além dos R$ 615 milhões
sonegados e escancara as contas da família Marinho em paraísos fiscais.
Esse caso seria um exemplo claro, pois a Globo teria usado o nome de uma
pessoa jurídica com sede nas Ilhas Virgens Britânicas, um conhecido
paraíso fiscal, para não recolher imposto de renda referente ao direito
de transmissão dos jogos da Copa do Mundo de 2002.
A trama teria sido realizada pela família Marinho anos antes da
realização do evento esportivo, sendo que na véspera da Copa de 2002, o
patrimônio da pessoa jurídica criada foi vertido para a Globo, manobra
que possibilitou a emissora o direito de difusão das partidas totalmente
livre dos impostos decorrentes.
“Essas Ilhas coincidentemente são conhecidas como verdadeiros
paraísos fiscais e, por isso, o caso é muito grave e merece uma Comissão
Parlamentar de Inquérito (CPI)”, solicita o deputado federal Protógenes
Queiroz (PC do B- SP).
A empresa Organizações Globo tentou recorrer ao processo, mesmo
parado. Porém, não obteve sucesso. A relatora Maria de Lourdes Marques
Dias não aceitou. “Se trata de um conjunto de operações realizadas que
revela sonegação conforme apontado pela fiscalização”, rebateu.
“A própria Globo, ao tentar esclarecer o fato numa nota dias atrás,
admitiu que tem vários créditos tributários junto ao Conselho de
Contribuinte, então, só falta agora pagar”, cobra Queiroz.
Padrão global
Parte desse sentimento de revolta contra a Globo por parte da
população põe em questão a promiscuidade histórica da família Marinho
com o poder político e ideológico de grandes grupos econômicos nacionais
e internacionais.
“A família que detém a Globo cometeu crimes históricos contra o
Brasil. Lutou contra a criação da Petrobras. Fez parte do golpe que
levou ao suicídio de Vargas. Consolidou-se financeiramente com dinheiro
estrangeiro de um lado e de golpistas internos de outro, sobre o cadáver
da nossa democracia”, cita o jornalista Miguel do Rosário.
Sem contar que diversas emissoras afiliadas da Globo pelo País são
controladas por políticos envolvidos em inúmeros casos de corrupção. No
Maranhão, a família Sarney controla a TV Mirante; em Alagoas, Fernando
Collor responde pela Gazeta.
Constituição
O artigo 54 da Constituição estabelece que é proibido políticos
detentores de cargos eletivos controlarem concessionárias de serviço
público. Contudo, a Organizações Globo é a empresa de comunicação que
concentra 73% da verba pública de publicidade.
No mercado de TV por assinatura, a Globosat detém 38 canais e tem
poder de veto na definição dos canais da NET e SKY, que juntas controlam
80% de assinantes. Em grandes cidades como Rio de Janeiro, a Globo
controla os principais jornais impressos, TVs e rádio.
“Essa situação seria proibida nos Estados Unidos e em vários países
da Europa, onde há regulação democrática da mídia anticoncentração”,
adverte João Brant, do Coletivo Intervozes.
Porém, foi dessa relação entre os Marinho e os diversos personagens
do poder no Brasil, que rendeu esse poderio midiático ao grupo. “A Globo
construiu seu poder econômico e político a partir de estreitos laços
com a ditadura militar, que lhe garantiu o acesso a toda a estrutura da
Telebras e a expansão nacional do seu sinal”, denuncia João Brant.
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