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domingo, 4 de setembro de 2011

O olhar seletivo da mídia brasileira

O PT aprendeu que o grande adversário a ser batido é aliança midiática que sustenta tucanos e demos, principalmente em São Paulo. 


Enquanto o PT é combatido em todo o Brasil, os partidos oposicionistas são esmaecidos, mesmo casos de corrupção e má gestão pública. Em São Paulo parece que temos até um governo invisível, que está acima de qualquer suspeita, como se eles fossem os paladinos da ética, da moral e dos bons costumes. 


E a estratégia está bem posta: desconstruir o PT e seus políticos a todo e qualquer custo. 


E assim, vão com olhar seletivo, fazendo "jornalismo investigativo". E isso de certa forma, tem ajudado o PT. Enquanto protegem a incompetência e a corrupção de estados e prefeituras governados pela aliança demotucana, o PT vai colocando os seus melhores quadros para gerir o Estado brasileiro. 











Oposição sem rumo

TENDÊNCIAS/DEBATES

JOSÉ DIRCEU – FOLHA SP

Ao criticar as alianças de Dilma, Eduardo Graeff parece se esquecer de que o PSDB se alinhou com as mesmas siglas nos Estados que governa

Enquanto o Brasil avança com o PT no governo federal, a oposição demo-tucana permanece inerte, saudosa de um passado distante e perdida em seus próprios dilemas.

Sem propostas viáveis para o crescimento do Brasil, os velhos mandatários centralizam seus esforços em inúteis tentativas de desestabilizar o governo e o país, por meio de ataques sem provas ao PT e a seus militantes.


No último dia 23, fui grosseiramente atacado, nesta Folha, em artigo assinado pelo cientista político Eduardo Graeff, secretário-geral da Presidência da República no governo FHC. Graeff tomou versões mal-intencionadas e sem compromisso com a verdade para reembalar teses que há muito não encontram eco na sociedade.

Seu artigo “Aliados e companheiros” é uma coletânea desatualizada de equívocos e hipocrisias.







Graeff chega a dizer que, em 1998, eu teria arrecadado recursos em prefeituras para financiar campanhas do partido. Trata-se de uma mentira, de uma acusação que não se sustenta caso seja questionada judicialmente.
O episódio fantasioso se tornou público na investigação do assassinato do então prefeito de Santo André, Celso Daniel, e seu autor se retratou em juízo pelas falsas alegações. O ex-assessor tucano vai ao fundo do poço ao dar conotação política a um caso que, por duas vezes, ficou comprovado em inquéritos policiais se tratar de crime comum. Na tentativa de provocar estragos, investe até mesmo contra a imagem de Gilberto Carvalho, ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência.

Graeff critica as alianças do governo Dilma. E parece se esquecer de que o PSDB se alinhou com essas mesmas siglas nos Estados que governa. O PMDB não está na base de sustentação da gestão de Geraldo Alckmin em São Paulo?
Antonio Anastasia não levou o PDT e o PSB para a base de seu governo em Minas Gerais?

E mais, o tucano mineiro não desmontou a oposição a seu governo ao tirar primeiro o PR da frente parlamentar Minas sem Censura, e agora o PMDB? José Serra, quando assumiu a Prefeitura de São Paulo, não nomeou prefeitos derrotados no Estado para as administrações regionais da cidade? Quer maior aparelhamento e uso da máquina do que esse?

Quando secretário-geral da Presidência, na hoje longínqua era FHC, parte das tarefas de Graeff não era ouvir reivindicações da base aliada a respeito da ocupação dos cargos públicos e de emendas parlamentares?

E agora vem o próprio Graeff questionar a legitimidade da participação dos partidos que apoiam o governo. Quanta hipocrisia!

Estamos dispostos a um debate mais profundo do que esse. Já realizamos as reformas da Previdência e do Judiciário e colocamos na pauta a Tributária e a do Código Civil.

Nos oito anos em que governou o país, o PSDB não foi capaz nem de apresentar uma proposta de reforma que pudesse corrigir erros históricos e estruturais de nosso sistema político-eleitoral e conter a forte influência do poder econômico em nossas eleições.
O tema também já está lançado com a reforma política. Nós, do PT, defendemos o financiamento público exclusivo das campanhas eleitorais, de forma a acabar com a contribuição direta a partidos ou candidatos e a anular a força do poder econômico na eleição. Somos favoráveis ao sistema proporcional misto, no qual o eleitor votará duas vezes: primeiro, na lista do partido de sua preferência, e depois em um candidato da própria lista.
Nossa posição é clara. Surpreende a fuga do PSDB a esse debate.
Para eles, talvez seja melhor atacar a honra alheia do que discutir questões realmente importantes para o país.

JOSÉ DIRCEU, 65, é advogado e ex-ministro-chefe da Casa Civil.

Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. debates@uol.com.br

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