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domingo, 4 de setembro de 2011

Qual a tua missão no mundo?



A mídia tradicional deste país partidarizou - tem lado e usa a hipocrisia para falar bem de um candidato de um lado, de outro desconstruir a imagem de outra. Foi assim com Marta Suplicy em São Paulo.

Você acredita que existe os jornalismos verdades? Você acredita na imparcialidade da mídia? Eu acredito que não.

Serra é mais um vexame oculto na mídia. Estou falando de um fato inconteste em vários blogs. A mídia partidarizou e se constituiu no maior partido de oposição ao governo Lula e agora ao governo Dilma, para não falar do PT>

Por que a CPI da Petrobras deu em nada? Porque a mídia não "alimentou" políticos da estirpe do Álvaro Dias, Agripino, Herácrito, ACM Neto, Artur Virgílio, Maia, etc.

Veja o caso de Boris (o caso vergonhoso NO ALTO DE SUAS VASSOURAS) – a máscara caiu, não é verdade?

E vejo do tipo de Boris aqui neste ambiente e em outros se dizendo não gostar de política, que isso é uma vergonha, que o governo Lula é corrupto reproduzindo as tendências exteriores a si, mas escondendo as suas reais intenções, não é verdade?

Sobre os meus alunos, não pretendo e nunca quis ser “formador de opinião” mesmo porque a internet e sua propulsão de ferramentas de relacionamentos e informações aprofundaram um pensamento filosófico de que a verdade não está no homem, mas entre os homens.

Durante as eleições de 2010 pude constatar o efeito perverso dos telejornais na cabeça de um colega professor universitário. Disse o nobre colega:

Eu votar nulo nesta eleição porque o caso de Lina Vieira mostrou que Dilma é mentirosa e autoritária.

Se o nobre colega pensa desta forma, vamos imaginar também no impacto de nossos jovens e povo em geral. E neste sentido, entendo que tenho uma missão de provocar as questões essenciais sobre o nosso país.

O que eu fiz? Solicitei que lesse mais blogs como Luis Nassif, o qual demonstrou com propriedade os factóides criados pela Folha, Veja, Rede Globo, etc para desconstruir a imagem de Dilma.

E isto que tento passar para os meus alunos. Eles sabem das minhas posições, do meu partidarismo e do meu radicalismo – aquilo que eu acredito. E que filosoficamente a verdade não está nos homens, mas entre os homens.

Pedrinho Guareschi, em Sociologia Crítica faz uma bela reflexão sobre definição ideológica de realidade. (p. 120)Nós sempre formos ensinados, desde que começamos a ouvir, a ver, que realidade é o que está aí, o que nós vemos, o que nós podemos apalpar, o que existe.

Nós formamos uma idéia de realidade a partir do que está presente, a partir do que existe agora. Podemos, então perguntar: Mas realidade é isso? Realidade não é também o que será? O que é possível não faz parte também da realidade? Mas o que implica aceitar como verdade e realidade o que está aí, o positivo?

Em poucas palavras, isso implica em fechar o caminho à transformação, à mudança; melhor, isso significa trancar a esperança.! Quando identificamos o verdadeiro e o real com o que está aí, automaticamente somos levados a pensar e aceitar o que o que está aí é o bom, é o melhor, deve continuar, deve ser assim sempre, não é bom que mude. Nós fechamos a janela ao futuro, ao possível.

Perdemos o ímpeto da criação e da renovação do mundo, da sociedade, das coisas.

E dos grandes lições que aprendi com o mestre Paulo Freire é que não existe neutralidade em nossos pensamentos, em nossas produções textuais, em nossas ações, do que ensinamos e que a omissão é uma forma de intervenção no mundo.

Vamos entender que o papel da ciência é justamente desvendar (tirar o véu) do real, ajudar a distinguir o que é verdadeiramente ouro daquilo que reluz. Nesse sentido, a ciência exerce igualmente um papel ético e moral, porque também é capaz de ajudar a distinguir o joio do trigo.

FRORESTAN FERNANDES (1989) questionava como o professor pode ser neutro e como um investigador pode ser neutro diante das questões sociais. Ao contrário, o professor e/ou pesquisador ao sair da universidade precisa ter uma relação de responsabilidade com a sociedade. No entanto, a concepção de educação vigente era separar o cidadão do professor (o cidadão está em um lado, o professor do outro).

No texto - Raízes do Brasil do grande brasileiro Sérgio Buarque de Holanda - diz que: a democracia no Brasil foi sempre um lamentável mal-entendido. Uma aristocracia rural e semifeudal importou-se e tratou de acomodá-la, onde fosse possível, aos seus direitos ou privilégios, os mesmos privilégios que tinham sido, no Velho Mundo, o alvo da luta da burguesia contra os aristocratas. Os nossos movimentos, "aparentemente reformadores" teriam sido, de fato, impostos de cima para baixo pelos grupos dominantes.

Concordando com PAULO FREIRE: A tarefa mais importante de uma pessoa que vem ao mundo é criar algo. E por isso, que as nossas expectativas são ainda as melhores possíveis sobre a possibilidade de o professor ter reconhecido o seu valor. A sociedade que não reconhece e nem dignifica os seus mestres é uma sociedade doente.

FERNANDES (1989) faz uma reflexão neste sentido, quando diz: " o professor que perde prestígio como profissional, perde renda e também perde tempo para adquirir cultura e melhorá-la, a fim de ser um cidadão ativo e exigente.

Para tanto, é importante refletir a escola que temos ( que país é este)e o país que queremos (que pais queremos), formada por uma geração "educada" em um momento histórico autoritário que se reverberou para todos os segmentos da sociedade e na escola isso não foi diferente. Era preciso domesticar e coisas simples como dialogar e pensar eram irrelevantes. Todas as estruturas da escola eram autoritárias e tinham um cunho ideológico - servir ao que os militares chamaram de "revolução".


FRORESTAN FERNANDES (1989) coloca que o elemento principal na condição humana do professor é o cidadão. Se o professor não tiver a figura forte do cidadão, acaba se tornando instrumental para qualquer manipulação, seja ela democrática ou totalitária. No entanto, o professor precisa se transformar em um verdadeiro educador, um educador com uma visão globalizante dos fenômenos educativos, um educador comprometido social e politicamente.

Para este grande brasileiro, o professor precisa se colocar na situação de um cidadão de uma sociedade capitalista subdesenvolvida e com problemas especiais e neste quadro, reconhecer que tem um amploconjunto de potencialidades, que só poderão ser dinamizadas se eleagir politicamente, se conjugar uma prática pedagógica eficiente a uma ação política da mesma qualidade.

Nessa perspectiva, acreditamos que o professor deve ter consciência que educação pode ser um caminho para contestar as estruturas vigentes. Que o momento do processo de ensino não é apenas o momento da tecnicidade, mas o momento da transformação do indivíduo em ser político, pois leva esse indivíduo a penetrar no mundo civilizado, das ciências, da literatura e das artes.

Essas questões são ressaltadas por Lima a qual afirma:

O que queremos alertar os educadores para que reflitam sobre sua prática pedagógica. Em qualquer trabalho de educação, junto a qualquer classe social e, particularmente, junto às camadas populares, o princípio fundamental é priorizar a manifestação, a expressão, ou seja, deixar que o educando fale, que coloque suas idéias, que seja capaz de descrever e analisar sua realidade. Assim, será capaz de transformá-la. A democracia só pode ser exercida através da participação popular, o que implica este longo processo educacional do exercício democrático (LIMA,1994 p. 24).

Assim procedendo, estaremos resgatando a nossa função dignificante de educadores, pois como diz Rubem Alves: É necessário acordá-lo. E aí aprenderemos que educadores não se extinguiram como tropeiros e caxeiros. Porque, talvez, nem tropeiros e caxeiros tenham desaparecido, mas permaneçam como memórias de um passado que está mais próximo do nosso futuro que o ontem. Basta que os chamemos do seu sono, por um ato de amor e coragem. E talvez, acordados, repetirão o milagre da instauração de novos mundos (ALVES, 1984, p.26

Portanto, a lição a ser aprendida por todos nós é sempre duvidar de tudo e questionar o que vemos, o que ouvimos, o que lemos, porque acabamos reproduzindo coisas que não nossas, mas tendências ideológicas de quem que manter o estado de coisas.

O que você escreve, o que eu escrevo e que todos escrevem aqui tem um cunho ideológico, queiramos ou não, porque somos construídos e formados a partir de nossas interlocuções no mundo, onde somos transformados e também transformamos para o bem ou para mal, para questionar as estruturas sociais de dominação, ou para mantê-las intactas.

Questionar a si também é importante: qual a tua missão no mundo?
Abraços.
Luis Moreira
Russas – CE
http://olhosdosertao.blogspot.com/

REFERÊNCIAS
FERNANDES, Florestan. O desafio educacional. São Paulo: Cortez: Autores Associados, 1989.
HOLANDA, Sérgio Buarque, Raízes do Brasil, 1936
LIMA, Adriana Flávia Santos de Oliveira. Pré-Escola e Alfabetização: uma proposta baseada em P. Freire e J. Piaget. 8ª ed. Petrópolis: Vozes, 1986.

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