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quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Possível vice de Zepedágio: PSDB não tem discurso e pode perder por WO


Entrevista - Itamar Franco
Autor(es): Ricardo Beghini
Correio Braziliense - 07/01/2010


Para o ex-presidente, PSDB corre o risco de perder o Planalto por falta de candidato

Um dia depois de condicionar o futuro político à decisão do governador Aécio Neves em relação às eleições deste ano, o ex-presidente Itamar Franco (PPS) afirma, em entrevista ao Estado de Minas/Correio Braziliense, que a posição de Aécio de não aceitar a vaga de vice na chapa encabeçada pelo governador paulista, José Serra, tem de ser respeitada. “Esse assunto cessou. Vou recomendar que o partido não se envolva em pressionar para que ele seja vice”, antecipou, em relação à reunião do PPS prevista para a segunda quinzena do mês. Um dos principais defensores da candidatura de Aécio à Presidência da República, Itamar considera que Minas só tem a lamentar com a decisão do governador de jogar a toalha e condena a postura do PSDB paulista, que pretende protelar a definição do nome que representará o partido até março. Para ele, o preço da demora pode ser a perda de costuras importantes com outros partidos de oposição. “Os tucanos não têm tido a velocidade inicial necessária para enfrentar a Dilma Rousseff”, diz, em referência à candidata do governo, a ministra da Casa Civil. Quanto a uma provável candidatura sua a uma das vagas de Minas ao Senado, Itamar diz que aguarda a decisão do seu partido.

Do “banco de reservas”, ele teme um WO tucano

Renato Weil/EM/D.A Press - 15 /6/09


Eu nunca, quando entrei numa candidatura, olhei o adversário. Com essa decisão do governador Aécio de concorrer ao Senado, vou conversar com o meu partido para ver o que a legenda está pensando. Por enquanto, estou sentado no banco de reservas, sem as chuteiras

Observo um discurso vazio na oposição. Vazio porque não tem a peça principal, que é o candidato. O PSDB perdeu o governador Aécio como opção à Presidência e está correndo risco de perder por WO. Se compreendessem física, veriam que o vazio é bem complicado”



Como o senhor avalia a posição do governador Aécio Neves (PSDB), que afirmou que não sairá candidato como vice de Serra (PSDB) e que o destino dele é mesmo concorrer a uma vaga do Senado?
Acho que é uma decisão pessoal do governador. Ele referenda uma posição que já tinha tomado. Não tenho o que comentar, a não ser respeitar a decisão dele. Fui o primeiro, senão um dos primeiros, a defender a candidatura à Presidência da República do governador Aécio Neves. No momento em que ele deu uma entrevista muito forte, não tenho mais nada a comentar.

O presidente de seu partido, Roberto Freire (PPS), defende uma chapa puro-sangue, com Aécio vice.
O Roberto Freire tem uma posição que não é a minha. Vamos discutir isso, possivelmente no dia 25 de janeiro. O desejo do Aécio de não querer ser vice é pessoal. Então, ninguém pode dar mais palpite. Exatamente porque o governador foi enfático. Este é um assunto que cessou. Vou recomendar que o partido não se envolva na pressão para que ele seja vice.

O que o senhor pensa da decisão do governador de desistir do Palácio do Planalto?
Hoje a decisão é definitiva e acho que Minas só tem a lamentar isso, que ocorreu pela condução do PSDB paulista.

Com o senhor avalia a postura do tucanato paulista, que pretende definir o candidato só em março?
Uma candidatura presidencial tem que ser trabalhada. Não pode ser voo solo. Tem que se organizar e somar com outros partidos. Acho que o PSDB está ficando numa situação difícil. A oposição brasileira vai ter muitas dificuldades. A posição paulista vai atrapalhar o processo eleitoral da oposição. Só estranho que o PSDB queira forçar o Aécio a ser vice e não faça o Serra assumir a candidatura. É um jogo estranho.

A disputa para as duas cadeiras de Minas no Senado está se desenhando como uma das mais acirradas do país, com nomes fortes, como Aécio, José Alencar (PR), Patrus Ananias (PT) ou Fernando Pimentel (PT), até Hélio Costa (PMDB). O senhor estaria disposto a entrar na briga?
São conjecturas. Eu nunca, quando entrei numa candidatura, desde a de prefeito de Juiz de Fora, olhei o adversário. Com essa decisão do governador, vou conversar agora com o meu partido no dia 25 e ver o que a legenda está pensando. Nada vou fazer agora sem ouvir o partido. Quem vai decidir isso no fundo é o eleitor. Por enquanto, estou sentado no banco de reservas, sem as chuteiras.

Esta semana especulou-se que o senhor poderia sair candidato como vice de José Serra. O que o senhor pensa dessa possibilidade?
Primeiro, não estou pleiteando e nem me oferecendo. O candidato a vice não se escolhe. O protagonista é que seleciona. Bobagem dizer que vai ser vice de fulano ou de sicrano. Quem escolhe é o candidato.

O que pensa da postura dos tucanos, anunciada esta semana, de elevar o tom das críticas ao governo Lula?
Vamos aguardar. Por enquanto, não vejo nada. Na verdade, observo um discurso vazio. Vazio porque não tem a peça principal, que é o candidato. Eles perderam o governador Aécio como opção e estão sem candidato, correndo risco de perder por WO. Os tucanos estão numa situação difícil de emplacar qualquer discurso, sem um rosto que represente a fala do partido. Se compreendessem física, veriam que o vazio é bem complicado.

Qual deve ser a estratégia da oposição numa campanha política em que a concorrente Dilma (PT) está subindo nas pesquisas, aproveitando-se da popularidade de Lula?
A oposição tem que correr. A gente costuma dizer em física que é preciso ter a Vo, a velocidade inicial. Os tucanos não têm tido a velocidade inicial para enfrentar a Dilma Rousseff. Se eles não estão nem com a Vo, então imagine. Ela já passou da Vo.

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