O filho da Erenice. E a filha do Serra ? Ela pode ?
A Ministra Erenice Guerra assinou a seguinte carta de demissão:
Excelentíssimo Senhor
Luiz Inácio Lula da Silva
DD Presidente da República
Nesta
Senhor Presidente,
Nos últimos dias fui surpreendida por uma série de matérias veiculadas por alguns órgãos da imprensa contendo acusações que envolvem funcionários e familiares meus.
Tenho respondido uma a uma, buscando esclarecer o que se publica e, principalmente, a verdade dos fatos, defrontando-me com toda sorte de afirmações, ilações ou mentiras que visam desacreditar meu trabalho e atingir o governo ao qual sirvo.
Não posso, não devo e nem quero furtar-me à tarefa de esclarecer todas essas acusações e nem posso deixar qualquer dúvida pairando acerca de minha honradez e da seriedade com a qual me porto no serviço público. Nada fiz ou permiti que se fizesse, ao longo de toda essa trajetória de trinta anos, que não tenha sido no estrito cumprimento de meus deveres.
Agradeço a confiança de Vossa Excelência ao designar-me para a honrosa função de Ministra-Chefe da Casa Civil da Presidência da República, e solicito em caráter irrevogável que aceite meu pedido de demissão.
Cabe-me, daqui por diante, a missão de lutar para que a verdade dos fatos seja restabelecida.
Brasília (DF), 15 de setembro de 2010.
ERENICE GUERRA
Clique aqui para ler “Alô, alô PF e MPF: Cloaca prova: filha do Serra violou tudo”. E aqui para ler ‘Jogo sujo’ ofusca debate político no Brasil, diz ‘El País’.
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A Folha de S. Paulo de hoje (16.09) estampa uma foto de meia página (E3) de Rubnei Quícoli, apresentado como “empresário” e representante da empresa EDRB do Brasil S/A, de Campinas (SP). Embaixo da foto dele, em pose de CEO de grupo multinacional, a mesma Folha SP informa que Quícoli foi condenado em processos movidos pela Justiça de São Paulo pelos crimes de receptação e coação. Uma das penas foi por desvio de uma carga de 10 toneladas, produto de roubo. A outra, por receptação de moeda falsa. Em 2007, informa a FSP, Quícoli passou dez dias na cadeia.
A FSP recorre ao depoimento deste homem – que identifica como “consultor” – para acusar, sem provas, a ministra-chefe da Casa Civil, e seu filho Israel, de terem pedido dinheiro da empresa EDRB para liberar um empréstimo do BNDES e para a campanha da candidata Dilma Rousseff.
O absurdo é que, na entrevista (pág E3) é o próprio Quícoli quem afirma que o dinheiro teria sido pedido por Marco Antonio Oliveira, ex-diretor dos Correios, demitido recentemente, e não por Erenice ou Israel Guerra.
Fala Quícoli: “Ele (Marco Antonio) falou que precisava de R$ 5 milhões para poder pagar a dívida lá que a mulher de ferro tinha”. Acrescenta Quícoli: “O Marco Antonio é que pediu. Eu falei: Eu não vou dar dinheiro nenhum. Eu estou fazendo um negócio que é por dentro e estou me sentindo lesado.”
Segundo o “consultor”, foi Marco Antonio quem afirmou que “Israel bloqueou a operação (no BNDES). Quícoli também afirma que Israel não lhe pediu dinheiro: “O Israel nunca pediu nada, porque eu não dei chance. Eu não sabia que ele era filho da Erenice. Soube pelo Marco Antonio.”
Sobre a ministra, à época secretária-executiva da Casa Civil, o “consultor” afirma: “Ela se colocou num patamar assim: Vou ver onde eu coloco isso”. Ela concordou que a Chesf seria e empresa recomendada (para avaliar o projeto de energia solar) porque está no Nordeste. Nessa condição, ela agiu corretamente.”
A Folha reforça: “Segundo eles, ela ouviu sobre o projeto e se propôs a fazer a ponte entre a EDRB e a Chesf (Companhia Hidroelétrica do São Francisco), estatal geradora de energia. “Nesse dia, ela [Erenice] propôs o quê? Viabilizar o projeto dentro da Chesf. [...]”
Conforme informado à FSP, ontem (15), representantes da empresa KVA Elétrica (e não da EDRB), foram recebidos na Casa Civil, em 10 de novembro de 2009, pelo então assessor especial da Secretaria-Executiva. Segundo a FSP, ambas empresas são representadas por Quícoli. Os empresários apresentaram um perfil da empresa e tecnologias para a produção de energia solar na região Nordeste. Nenhum encaminhamento ou pedido foi derivado desta audiência. Nem Erenice Guerra, nem o ex-assessor da Casa Civil, Vinícius Castro, participaram da audiência.
Alguns elementos para tentar entender essa nova denúncia da Folha:
1.Segundo informações da própria Folha, o acusador Rubnei Quícoli já foi condenado duas vezes em São Paulo (por interceptação de carga roubada e por posse de moeda falsificada). E em 2007 passou dez meses preso. O fato de antecipar as denúncias sobre sua fonte não absolve o jornal. Pelo contrário, é agravante. Quando uma pessoa com tal currículo faz uma denúncia, é praxe de qualquer jornalismo sério ouvir as denúncias e exigir a apresentação de provas.
2.A única prova que o tal consultor apresenta é um email marcando audiência na Casa Civil e que tem o nome de Vinicius Oliveira no C/C . Todo o restante são acusações declaratórias. Nenhum juiz do mundo tomaria como verdade acusações desacompanhadas de provas, de um sujeito que acaba de sair da cadeia.
3.O jornal não explica como um sujeito com duas condenações criminais, que passou dez meses na prisão dois anos atrás, pilota um projeto de R$ 9 bilhões. É apostar demais na ignorância dos leitores.
4.O BNDES é um banco técnico, constituído exclusivamente por funcionários de carreira trabalhando de forma colegiada. É impossível a qualquer pessoa – até seu presidente – influenciar a análise do comitê de crédito. Essa informação pode ser facilmente confirmada com qualquer ex-presidente do banco, de qualquer governo. É só conversar com o Luiz Carlos Mendonça de Barros, Pérsio Arida, Antonio Barros de Castro, Márcio Fortes – que foram presidentes durante o governo FHC. A ilação principal da reportagem – a de que o projeto de financiamento foi recusado pelo BNDES depois da empresa ter recusado a assessoria da Capital – não se sustenta. Coloca sob suspeita uma instituição de reconhecimento público fiando-se na palavra de um sujeito que já sofreu três condenações na Justiça e três anos atrás passou dez meses preso.
5.Existem empresas de consultoria que preparam projetos para o BNDES e cobram entre 5 a 7% sobre o valor financiado. É praxe no mercado. Confundir essa taxa com propina é má fé. Segundo o empresário que denunciou, Israel apresentou uma proposta de acompanhamento jurídico de processos da empresa, que acabou não sendo assinado. Tudo em cima de declarações.
Ninguém vai negociar propostas ocultas em reuniões formais na Casa Civil, à luz do dia. Só faltava.
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