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segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Carta ao Povo: Juristas lançam manifesto defendendo governo Lula

Vermelho

Um grupo de renomados juristas divulgou nesta segunda-feira (27) manifesto intitulado "Carta ao Povo Brasileiro", onde reafirmam o compromisso do governo Lula com a preservação e a consolidação da democracia no pais. Os juristas rebatem a tese do "autoritarismo e de ameaça à democracia" que setores da grande imprensa e a oposição vêm tentando imputar ao presidente Lula e ao seu governo, após o presidente ter feito críticas ao comportamento da mídia em relação à candidatura de Dilma Rousseff.

A iniciativa é uma resposta ao manifesto lançado por um outro grupo de juristas de direita, ligados ao PSDB e ao DEM, que lançaram texto a pedido dos empresários da mídia atacando o presidente Lula. (leia mais aqui)

"Nos últimos anos, com vigor, a liberdade de manifestação de idéias fluiu no País. Não houve um ato sequer do governo que limitasse a expressão do pensamento em sua plenitude. Não se pode cunhar de autoritário um governo por fazer criticas a setores da imprensa ou a seus adversários, já que a própria crítica é direito de qualquer cidadão, inclusive do Presidente da República", diz um trecho do documento, assinado por dezenas de personalidades do mundo jurídico, incluindo vários presidentes estaduais da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

O documento registra ainda que é preciso deixar o povo ""tomar a decisão dentro de um processo eleitoral legítimo, dentro de um civilizado embate de idéias, sem desqualificações açodadas e superficiais, e com a participação de todos os brasileiros".

Veja abaixo a íntegra do manifesto:

 
Em uma democracia, todo poder emana do povo, que o exerce diretamente ou pela mediação de seus representantes eleitos por um processo eleitoral justo e representativo. Em uma democracia, a manifestação do pensamento é livre. Em uma democracia as decisões populares são preservadas por instituições republicanas e isentas como o Judiciário, o Ministério Público, a imprensa livre, os movimentos populares, as organizações da sociedade civil, os sindicatos, dentre outras.


Estes valores democráticos, consagrados na Constituição da República de 1988, foram preservados e consolidados pelo atual governo.


Governo que jamais transigiu com o autoritarismo. Governo que não se deixou seduzir pela popularidade a ponto de macular as instituições democráticas. Governo cujo Presidente deixa seu cargo com 80% de aprovação popular sem tentar alterar casuisticamente a Constituição para buscar um novo mandato. Governo que sempre escolheu para Chefe do Ministério Público Federal o primeiro de uma lista tríplice elaborada pela categoria e não alguém de seu convívio ou conveniência. Governo que estruturou a polícia federal, a Defensoria Pública, que apoiou a criação do Conselho Nacional de Justiça e a ampliação da democratização das instituições judiciais.


Nos últimos anos, com vigor, a liberdade de manifestação de idéias fluiu no País. Não houve um ato sequer do governo que limitasse a expressão do pensamento em sua plenitude.


Não se pode cunhar de autoritário um governo por fazer criticas a setores da imprensa ou a seus adversários, já que a própria crítica é direito de qualquer cidadão, inclusive do Presidente da República.


Estamos às vésperas das eleições para Presidente da República, dentre outros cargos. Eleições que concretizam os preceitos da democracia, sendo salutar que o processo eleitoral conte com a participação de todos.


Mas é lamentável que se queira negar ao Presidente da República o direito de, como cidadão, opinar, apoiar, manifestar-se sobre as próximas eleições. O direito de expressão é sagrado para todos – imprensa, oposição, e qualquer cidadão. O Presidente da República, como qualquer cidadão, possui o direito de participar do processo político-eleitoral e, igualmente como qualquer cidadão, encontra-se submetido à jurisdição eleitoral. Não se vêem atentados à Constituição, tampouco às instituições, que exercem com liberdade a plenitude de suas atribuições.


Como disse Goffredo em sua célebre Carta: “Ao povo é que compete tomar a decisão política fundamental, que irá determinar os lineamentos da paisagem jurídica que se deseja viver”. Deixemos, pois, o povo tomar a decisão dentro de um processo eleitoral legítimo, dentro de um civilizado embate de idéias, sem desqualificações açodadas e superficiais, e com a participação de todos os brasileiros.



ADRIANO PILATTI - Professor da PUC-Rio


AIRTON SEELAENDER - Professor da UFSC


ALESSANDRO OCTAVIANI - Professor da USP


ALEXANDRE DA MAIA - Professor da UFPE


ALYSSON LEANDRO MASCARO - Professor da USP


ARTUR STAMFORD - Professor da UFPE


CELSO ANTONIO BANDEIRA DE MELLO - Professor Emérito da PUC-SP


CEZAR BRITTO - Advogado e ex-Presidente do Conselho Federal da OAB


CELSO SANCHEZ VILARDI - Advogado


CLÁUDIO PEREIRA DE SOUZA NETO - Advogado, Conselheiro Federal da OAB e

Professor da UFF


DALMO DE ABREU DALLARI - Professor Emérito da USP


DAVI DE PAIVA COSTA TANGERINO - Professor da UFRJ


DIOGO R. COUTINHO - Professor da USP


ENZO BELLO - Professor da UFF


FÁBIO LEITE - Professor da PUC-Rio


FELIPE SANTA CRUZ - Advogado e Presidente da CAARJ


FERNANDO FACURY SCAFF - Professor da UFPA e da USP


FLÁVIO CROCCE CAETANO - Professor da PUC-SP


FRANCISCO GUIMARAENS - Professor da PUC-Rio


GILBERTO BERCOVICI - Professor Titular da USP


GISELE CITTADINO - Professora da PUC-Rio


GUSTAVO FERREIRA SANTOS - Professor da UFPE e da Universidade Católica de Pernambuco


GUSTAVO JUST - Professor da UFPE


HENRIQUE MAUES - Advogado e ex-Presidente do IAB


HOMERO JUNGER MAFRA - Advogado e Presidente da OAB-ES


IGOR TAMASAUSKAS - Advogado


JARBAS VASCONCELOS - Advogado e Presidente da OAB-PA


JAYME BENVENUTO - Professor e Diretor do Centro de Ciências Jurídicas da

Universidade Católica de Pernambuco


JOÃO MAURÍCIO ADEODATO - Professor Titular da UFPE


JOÃO PAULO ALLAIN TEIXEIRA - Professor da UFPE e da Universidade Católica de Pernambuco


JOSÉ DIOGO BASTOS NETO - Advogado e ex-Presidente da Associação dos

Advogados de São Paulo


JOSÉ FRANCISCO SIQUEIRA NETO - Professor Titular do Mackenzie


LENIO LUIZ STRECK - Professor Titular da UNISINOS


LUCIANA GRASSANO - Professora e Diretora da Faculdade de Direito da UFPE


LUÍS FERNANDO MASSONETTO - Professor da USP


LUÍS GUILHERME VIEIRA - Advogado


LUIZ ARMANDO BADIN - Advogado, Doutor pela USP e ex-Secretário de Assuntos

Legislativos do Ministério da Justiça


LUIZ EDSON FACHIN - Professor Titular da UFPR


MARCELLO OLIVEIRA - Professor da PUC-Rio


MARCELO CATTONI - Professor da UFMG


MARCELO LABANCA - Professor da Universidade Católica de Pernambuco


MÁRCIA NINA BERNARDES - Professora da PUC-Rio


MARCIO THOMAZ BASTOS - Advogado


MARCIO VASCONCELLOS DINIZ - Professor e Vice-Diretor da Faculdade de

Direito da UFC


MARCOS CHIAPARINI - Advogado


MARIO DE ANDRADE MACIEIRA - Advogado e Presidente da OAB-MA


MÁRIO G. SCHAPIRO - Mestre e Doutor pela USP e Professor Universitário


MARTONIO MONT'ALVERNE BARRETO LIMA - Procurador-Geral do Município de

Fortaleza e Professor da UNIFOR


MILTON JORDÃO - Advogado e Conselheiro do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária


NEWTON DE MENEZES ALBUQUERQUE - Professor da UFC e da UNIFOR


PAULO DE MENEZES ALBUQUERQUE - Professor da UFC e da UNIFOR


PIERPAOLO CRUZ BOTTINI - Professor da USP


RAYMUNDO JULIANO FEITOSA - Professor da UFPE


REGINA COELI SOARES - Professora da PUC-Rio


RICARDO MARCELO FONSECA - Professor e Diretor da Faculdade de Direito da

UFPR


RICARDO PEREIRA LIRA - Professor Emérito da UERJ


ROBERTO CALDAS - Advogado


ROGÉRIO FAVRETO - ex-Secretário da Reforma do Judiciário do Ministério da Justiça


RONALDO CRAMER - Professor da PUC-Rio


SERGIO RENAULT - Advogado e ex-Secretário da Reforma do Judiciário do Ministério da Justiça


SÉRGIO SALOMÃO SHECAIRA - Professor Titular da USP


THULA RAFAELLA PIRES - Professora da PUC-Rio


WADIH NEMER DAMOUS FILHO - Advogado e Presidente da OAB-RJ


WALBER MOURA AGRA - Professor da Universidade Católica de Pernambuco

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