Inácio Arruda: 'burlas' da oposição podem anular CPI
A oposição atropelou a decisão do Colégio de Líderes do Senado e, aproveitando-se de um dia de pouco movimento na Casa, nesta sexta-feira (15), convocou o vice-presidente do Senado, o tucano Marconi Perillo (GO), para instalar duas CPIs (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar a Petrobras. Tucanos e “demos”, de olho nas eleições de 2010, procuram na CPI o palco para manter o Governo Lula sob constante suspeita.
Os tucanos Guerra, Jereissati e Virgílio ''atuando
O senador Inácio Arruda (PCdoB-CE), cujo nome foi divulgado como um dos signatários da CPI, mas que não assinou o pedido, vê na manobra oposicionista a tentativa de campanha prévia das eleições presidenciais de 2010. “Querem transformar a questão de Petrobras numa disputa política eleitoral”, afirmou, acrescentando que é possível anular a CPI considerando as burlas utilizadas pela oposição.
O requerimento Número 570, de criação da segunda a CPI, de autoria do senador Romeu Tuma (DEM-SP), foi rasurado. O documento de 2007 foi substituído grosseiramente com o número “nove” no lugar do “sete” para atualizá-lo. O documento contém a assinatura do então senador Jefferson Perez (PDT-AM), já falecido.
A manobra da oposição, desrespeitando os acordos e utilizando procedimentos ilegais, comprova o desespero com a situação eleitoral que se avizinha. Nem a tese de que a criação de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para investigar a Petrobras pode produzir efeitos negativos sobre a posição da empresa no mercado internacional conseguiu deté-la.
Na tarde de quinta-feira (14), o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, tinha se comprometido, em reunião com o Colégio de Líderes, de que participaria de audiência em três comissões da Casa para esclarecer todos as dúvidas dos senadores.
Tranquilidade e mobilização
O presidente do PSDB, Sérgio Guerra, disse, logo após a leitura do requerimento para a abertura da CPI, que a questão maior não é saber se a CPI vai ter reflexos no mercado. Para Inácio Arruda, a fala do líder tucano comprova a ideia de que eles têm compromisso com a proposta do Governo de FHC que era de destruir a Petrobras.
“Tenho opinião de que, no caso da Petrobras, empresa emblemática, que o Governo FHC fez o que pode para liquidá-la, o que está por trás disso, é que querem destruir a Petrobras”, avalia o senador Inácio Arruda. Ele sugere tranquilidade do governo e mobilização dos sindicatos para se contraporem à manobra oposicionista.
“A primeira coisa que devemos tratar é de isolar a direita, qualquer atitude de ‘flertar’ com a direita redunda em fracasso”, diz Inácio, ele mesmo demonstrando tranquilidade no trato com a questão. “É preciso nessa hora tranquilidade por parte do governo, mas estar com firmeza, não ter medo, esse é o jogo dela (direita) e mobilizar a sociedade brasileira, os movimentos sindicais, que tem consciência do papel estratégico da Petrobras para economia brasileira.”
Quebra de compromisso
Na noite de quinta-feira (14), o PSDB tinha tentado manobra semelhante. O pedido de leitura do requerimento, feito pelo líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM) e pelos também tucanos Tasso Jereissati (CE) e Sérgio Guerra (PE), gerou um debate acalorado em Plenário.
O senador Mão Santa (PMDB-PI), 3º secretário; e Heráclito Fortes (DEM-PI), 1º secretário, que presidiram consecutivamente a sessão, se negaram a fazer a leitura, lembrando o acordo do Colégio de Líderes.
Chamando atenção para o fato de sua assinatura constar do requerimento, Heráclito se negou a realizar a leitura. Em sua avaliação, o acordo firmado pelo colégio de líderes, na presença do líder do Democratas, José Agripino (RN), que teria dito na reunião do colégio de líderes responder por Arthur Virgílio, não poderia ser ignorado.
“Eu jamais poderia, tendo participado daquele entendimento, quebrar aquele compromisso que assisti ser feito, sob pena, inclusive, de perderem a razão de ser das decisões tomadas por aquele colegiado”, afirmou Heráclito, justificando sua decisão.
Para justificar a quebra do acordo, o líder tucano dizia que considerava insuficientes os esclarecimentos prestados à tarde pelo presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, em reunião ocorrida no gabinete do senador Aloizio Mercadante (PT-SP).
Antes do encerramento da sessão pela senadora Serys Slhessarenko (PT-MT), que assumiu a sessão como segunda vice-presidente, Heráclito se comprometeu a marcar uma reunião do colegiado de líderes para a próxima segunda-feira (18) para resolver a questão.
O pedido da primeira CPI é do senador Álvaro Dias (PSDB-PR), que pede também apuração das atividades da Agência Nacional de Petróleo (ANP). A Mesa também leu o requerimento de pedido de instalação de CPI do senador Romeu Tuma. Até a meia-noite de hoje, os nomes dos requerentes podem ser retirados do documento e as CPIs serem suspensas.
De Brasília
Márcia Xavier
Com agências
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