A futura presidente da República completou a formação de seu Ministério. Pode-se afirmar que ela se saiu muito melhor do que poderia esperar o mais otimista dos analistas, nesta primeira e mais delicada tarefa de seu novo governo.
Pouco importa se ela montou sozinha ou se foi auxiliada na construção do quebra cabeças da distribuição dos cargos entre os partidos aliados e as diferentes facções que os compõem, equilibrando os pesos políticos e as competências técnicas. O importante é que o resultado final se revelou melhor do que o conseguido por Lula, na estruturação de seu primeiro ministério.
O núcleo de sua equipe foi o primeiro a ser definido e é composto por ministros que adquiriram experiência no governo Lula e se revelaram competentes no desempenho de seus cargos: Guido Mantega, na Economia, Antônio Palocci, na Casa Civil, Paulo Bernardo, na Comunicação e Gilberto Carvalho, na Secretaria Geral.
Ao longo dos dois últimos meses, imprensa e analistas vinham insistindo no que foi chamado de “o cerco do PMDB” e na inevitabilidade (sic) de a presidenta tornar-se refém deste partido. Em contrapartida, o que se verificou foi que o PMDB ficou com apenas seis ministérios, após Dilma Rousseff negociar diretamente com Michael Temer, seu vice-presidente. Na verdade, o PMDB abocanhou fatia menor, no novo ministério, do que a parte que detinha no governo Lula.
Enquanto PSB e PCdoB ensaiaram uma reação ao pequeno espaço que, segundo seus portavozes, lhes era destinado, Dilma os manteve em banhomaria, só definindo os ministérios que lhes seriam, afinal, designados, após ter obtido deles o compromisso de votar no candidato petista para a presidência da Câmara dos Deputados. Desarticulou, com isto, tanto uma eventual pressão destes partidos por maior espaço quanto, ainda, uma possível candidatura alternativa de Aldo Rabelo para disputar com Marco Maia. Assim, garantiu a presidência da Câmara para o PT, sem correr o risco de uma rebelião em sua própria base política.
Dilma Rousseff manteve, ainda, o espaço de todos os pequenos partidos que apoiaram sua candidatura, a saber, o PDT, o PR e o PP, sem diminuir nem aumentar o peso que já detinham. Atendeu todas as correntes internas importantes do PT (Construindo um Novo Brasil – C NB – Democracia Socialista – DS – Movimento PT e outras), contemplando-as na exata proporção de seus pesos no interior do partido.
Na condição de mulher e cumprindo promessa de campanha, triplicou o número de representantes do sexo feminino na composição de seu ministério, aumentando o número de ministras de três para nove. Toda esta engenharia política foi conseguida, além de tudo, sem aumentar o número de ministérios. Nem Lula, com o gênio político que o caracteriza, conseguiu tanto na formação de sua primeira equipe de governo. Sul21
Extraído do Terror do Nordeste
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