Lula reanimou ”espírito animal” do País, afirma Delfim
Ex-ministro Delfim Netto, que chefiou a Fazenda nos tempos do milagre econômico, diz que os bons tempos voltaram
Ricardo Leopoldo – O Estado de S.Paulo
O crescimento da economia tem algo mais em comum com o tempo do milagre econômico do período 1967 a 1973, além do ritmo de expansão do PIB: o entusiasmo de empresários, população e governo quanto às boas perspectivas de desenvolvimento, avalia o ex-ministro da Fazenda naquele período, Antonio Delfim Netto. “O governo conseguiu reanimar o espírito animal, com o qual passamos novamente a acreditar que podemos ter um bom crescimento com inflação controlada e melhor distribuição de renda”, comentou. “Estão avançando o entusiasmo da sociedade, o consumo, os investimentos, o salário real e a geração de empregos”, disse.
Delfim Netto acredita que o País vai crescer entre 6% e 6,5% em 2010 e estima que o PIB subiu ao redor de 2% no primeiro trimestre deste ano ante os últimos três meses de 2009. Ele diz ter total confiança de que o Brasil deverá crescer entre 5% e 6% nos próximos cinco anos, se fizer um ataque frontal a alguns gargalos estruturais, como a gestão das contas públicas e as reformas previdenciária e tributária.
Mas existem diferenças entre o Brasil de hoje e o do milagre econômico. O investimento maior diminui as pressões inflacionárias. E agora há democracia. O milagre dos anos 70 perdeu o encanto quando o crescimento e a inflação baixa deram espaço para a alta dos preços. Depois, o primeiro choque do petróleo, em 1973, piorou as contas externas. O tempo do combustível barato acabou e a balança comercial foi abalada pelos elevados gastos com importações.
“Hoje está claro que, se o País crescer mais que 7% ao ano, isso vai gerar tensões sobre os preços”, afirma Delfim. “O atual ritmo de avanço do PIB surgiu na Constituição de 1988, que apesar de seus excessos sobre a contabilidade nacional, referendou o que a sociedade queria, que era desenvolvimento com mais justiça social”, disse o ex-ministro.
Delfim destaca que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva não estaria exibindo os bons resultados atuais se não fosse a Lei de Responsabilidade Fiscal. Embora otimista, ele destaca que a crise fiscal na Europa é uma recaída da crise global de crédito do final de 2008 e que terá algum efeito ruim no nível de atividade e nas exportações do País.
Um comentário:
Concordo com todas as observações do editor.
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