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sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Sem medo de ser feliz em 2011

Caríssimos, 

Desejo a todos um feliz ano com muitas realizações. O momento agora é de reflexão, de verificar até onde avançamos para o " ser melhor" ou realizar aquilo que temos de melhor em nós.  

Continuamos na luta em 2011, com muita fé, esperança na construção de um país melhor para nós. 

Como disse o Lula certa vez, não me lembro quando: o governo não é meu é de vocês, lutem por ele. 

E certamente temos uma grande contribuição do sucesso do governo Lula porque nunca desistimos dele. Ao contrário, lutamos até o fim. 

E eu participei ativamente de todas as campanhas eleitorais até aqui porque tinha em mim e ainda carrego o sonho da utopia, da construção de país menos injusto, mais solidário. 

E nós vencemos, mas ainda temos muito o que lutar. 

2011 apenas aponta o horizonte das batalhas que deveremos travar. 

Um FELIZ 2011 e sem medo de ser feliz.


Francisco Carlos Teixeira: A política externa na era Lula

Estamos há poucos dias do fim do mandato do Presidente Lula da Silva. Assim, já temos espaço para uma avaliação destes oito últimos anos, do papel do Brasil na nova ordem mundial e de previsões para o próximo quadriênio presidido por Dilma Rousseff.

As condições iniciais

O governo Lula começou sob pressão de grandes acontecimentos mundiais, que exigiram, desde logo, atenção, e ação, do Itamaraty e diretamente do próprio Lula. O primeiro deles foi imediato, inusitado e ameaçador: tratava-se do golpe de Estado organizado pela direita venezuelana em 11 de abril de 2002 – incluindo aí altos oficiais das FFAA, o empresariado organizado na Fedecámaras, parte do clero, ligado a organização fundamentalista Opus Dei, e da burocracia da PDVSA (a estatal petroleira do país). Em plena campanha eleitoral no Brasil, com a indústria de boatos e do medo fabricado funcionando a todo vapor, o golpe na Venezuela era uma ameaça e um balão de ensaio assustador.

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A ideia de que governos de eleitos de caráter reformista, de esquerda e/ou populares poderiam, mais uma vez, serem derrubados por “pronunciamientos” dos quartéis constituía-se numa nuvem negra sobre os resultados das eleições brasileiras. A forte resposta do PT e seu candidato, e diga-se claramente, do governo FHC, recusando-se a reconhecer o regime “de fato” de Pedro Carmona – presidente da associação de empresários venezuelana denominada Fedecámaras – foi fundamental para isolar o regime golpista. Ao contrário dos Estados Unidos, da Espanha (sob o governo de Aznar, do direitista Partido Popular) e do Vaticano, a maioria dos países americanos recusou-se a reconhecer o golpe. Este acontecimento irá marcar fortemente o governo Lula. Em plena campanha, ficava patente que a direita quando derrotada democraticamente não teria pudores em apelar (como sempre fizera naAmérica Latina) para o golpe.


Lula defensor da legalidade no continente

Assim, logo após eleito, no seu primeiro ato relevante, Lula ordenou o envio de combustível para a Venezuela, ameaçada por um lock out energético pelos opositores de Hugo Chávez.

Embora houvesse, desde cedo, forte solidariedade entre o novo governo do Brasil e as propostas reformistas e populares de Chávez, para Lula – assessorado pelo professor e especialista em América Latina Marco Aurélio Garcia - e o Itamaraty havia, em verdade, uma preocupação maior. Tratava-se de evitar, para sempre, o retorno do golpismo no continente. Durante mais de um século, desde 1810 junto aos nossos vizinhos e especial a partir de 1930 para nós – os golpes – militares ou civis – foram uma triste realidade latino-americana.

O compromisso de Lula foi, desde então, banir a tolerância e mesmo a cumplicidade com tais práticas. Tal situação repetiu-se em claras ameaças no Paraguai, na Bolívia e mais tristemente em Honduras.

A crise em Honduras

Este pequeno país da América Central foi o motivo do mais intenso debate em Relações Internacionais no Brasil durante o governo Lula. Desde a hora zero do evento o Itamaraty caracterizou os acontecimentos em Tegucigalpa como golpe. Em virtude disso, acionou a Carta Democrática das Américas, parte integrante do arsenal jurídico da OEA (assinada por todos os países do continente em 11/09/2001, em alusão ao Golpe de Pinochet no Chile), exigindo firme condenação dos golpistas. A posição brasileira foi endossada pela maioria dos países americanos, como Argentina, Peru, Equador e Venezuela. Entretanto, os Estados Unidos (seguidos por um silêncio complacente do México) recusaram-se a aceitar a natureza evidente dom golpe.

A atuação americana, e mexicana, de tolerância ao golpe foi fundamental para assegurar o sucesso dos grupos oligárquicos hondurenhos. Sendo ambos os países, em especial os EUA (em virtude do envio de divisas dos trabalhadores hondurenhos nos EUA) parceiros estratégicos, a complacência destes assegurava o sucesso e impunidade dos golpistas. Além disso, era uma ótima ocasião para Washington reduzir a projeção externa do Brasil. O Itamaraty manteve-se, entretanto, firme na condenação do golpe e, ao mesmo tempo, na tentativa de evitar radicalizações, em especial por parte de Chávez.

E a Wikileaks disse...

Hoje se sabe, graças a Julian Assange e a Wikileaks, que a própria diplomacia norte-americana considerava inequivocamente o evento como golpe. Apenas Barack Obama (com Hillary a tiracolo) não ousava contrariar um punhado de deputados republicanos ultraconservadores, para quem a democracia na América Latina nada importa ou nada vale. Com certeza a atuação de Obama desencadeou o desencanto de muitos intelectuais latinos com a “Obamamania” e, no fundo, nada valeu para as pretensas alianças do presidente norte-americano com os setores conservadores do congresso americano.

Para o Brasil, para Lula e os diplomatas do Itamaraty, tratava-se de criar uma garantia de não retorno ao triste passado latino-americano, no qual muitas vezes Washington foi a “mão invisível” por trás dos acontecimentos.

Infelizmente boa parte da mídia brasileira, valendo-se do comportamento rocambolesco de Zelaya, preferiu ficar ao lado dos golpistas de Washington. O que será que sentiram ao ler os documentos da Wikileaks dando conto da caracterização golpista feita secretamente pela diplomacia norte-americana? Possivelmente nada!

A desconcentração das relações internacionais

Ao longo dos últimos oito anos o Brasil criou mais de sessenta novas representações diplomáticas no exterior. Ao mesmo tempo o presidente Lula fez o mais amplo périplo de um presidente brasileiro ao exterior, visitando países onde um chefe de Estado brasileiro nunca estivera antes e dando especial atenção aos países emergentes e aos países africanos.

Claro que este interesse em “desencravar” o país gerou forte crítica, e mesmo deboches, por parte de opositores. Ora, as viagens de um presidente são parte fundamental da politica de um país. No caso de Lula, a maioria das viagens embutia negócios, contratos e a abertura de mercados para produtos e serviços brasileiros. Ou seja, o presidente agia visando aumentar as vendas e trocas brasileiras no exterior e com isso gerar mais emprego e renda no país. Os resultados positivos de tal politica externa vieram de imediato, no bojo da crise mundial de 2008/09, quando o país – ao contrário, por exemplo, do México – não ficou à mercê de relações comerciais de mão única.

Democratizando as relações internacionais

O governo Lula foi, desde o seu início, um forte crítico da concentração do poder mundial. Após o fim a Guerra Fria (1991) os EUA puseram em marcha uma política fortemente “unilateralista”, recorrendo à força, ameaças e mesmo chantagens econômicas para promover seus interesses (Afeganistão, Iraque, denúncia de acordos internacionais, etc...). A postura brasileira foi de buscar parcerias fora do eixo tradicional de poder – em verdade já abalado e depois em crise desde 2008 – visando promover os interesses nacionais e escapar de uma subordinação unilateral aos interesses estrangeiros.

Neste sentido, a recusa brasileira em aceitar a proposta da ALCA foi premonitória. Malgrado a falta de visão de boa parte da sociedade brasileira, incluindo aí até membros do governo Lula, a atuação firme do secretário-geral do Itamaraty, Samuel Pinheiro Guimarães, evitou para o Brasil um processo de dependência e subordinação “mexicanizado” nos moldes do NAFTA.

Para atingir esta meta buscou-se uma forte desconcentração da política externa brasileira e do comércio exterior. A velha fixação das elites brasileiras na Europa e nos Estados Unidos foi contrabalançada com a abertura de novos canais com mercados emergentes, grandes comparadores como a China, índia, Países árabes, Rússia e a própria América do Sul. Com outros países, como na África ou o Haiti, praticou-se uma politica de solidariedade e de cooperação, com a doação de esforços, recursos e, no limite, de vidas brasileiras, como dos valorosos homens das FFAA brasileiras no Haiti.

Os novos agrupamentos

Na América do Sul consolidamos, e avançamos na institucionalização do Mercosul. Trata-se de um projeto de cooperação e de integração continental que, malgrado os críticos, é altamente vantajoso para o Brasil (que possui superávits com todos os países-membros). A experiência do Mercosul permitiu, e criou as condições, para iniciativas mais amplas, como a Unasul e o Conselho Regional de Defesa da América do Sul.

Avançamos também na transformação do BRIC de simples acróstico em um grupo funcional, com reuniões periódicas e uma disposição clara em ampliar o papel de novos atores no cenário mundial. Da mesma forma, o IBAS – agrupamento formado pela Índia, Brasil e África do Sul desde 2003– começou sua trajetória de institucionalização.

Neste contexto escolheu o Itamaraty ter relações mais estreitas e proveitosas, do ponto de vista da sociedade brasileira, com todos os países do mundo, incluindo aí o Irã. Isto gerou outra polêmica, em vista do caráter antidemocrático daquele regime e de claros atentados contra os direitos fundamentais da pessoa humana, como no Caso Sakineh. Contudo, a diplomacia brasileira foi clara: o chanceler Celso Amorim interveio em favor da vítima, bem como no caso de jovens americanas aprisionadas e do cineasta Jafar Panahi – infelizmente condenado, como outros dissidentes, a seis anos de prisão e impossibilitado, por vinte anos, de trabalhar. Somente a má vontade poderia supor que o governo Lula aceitara a violação dos direitos humanos. O Itamaraty, como em outros casos (vide as relações Brasil-Venezuela conforme os documentos da Wikileaks) mantém sua preferência em aconselhar e usar seus bons ofícios por canais diplomáticos e não através da mídia.

Contudo, tanto no caso da Venezuela, como do Irã, o Brasil assumiu um papel e moderador, mediador e buscou a solução de conflitos pelos canais diplomáticos.

Claro, certa hipocrisia e a o clima de oposição não permitiram, muitas vezes (como no caso de Honduras) de se ver a questão em seu conjunto. Ou por outra, muitas vezes continua a dominar o duplo jogo de países como os Estados Unidos: primeiro parceiro comercial da Arábia Saudita e da China Popular. Ora, são estes países mais democráticos que a Venezuela ou Irã? No caso do Irã os EUA, através de empresas de fachada estabelecidas no Caribe, é o grande fornecedor de bens e equipamentos para a indústria do petróleo iraniana.

Reequipando o Brasil

Da mesma forma o governo Lula entendeu que um país mais atuante e mais soberano num mundo certamente inseguro necessitava de uma ampla revisão de sua politica de defesa. Assim, de forma democrática (através de um amplo debate coma sociedade civil, com especialistas e, por fim, com o debate e a aprovação do parlamento) o país optou por uma politica de dissuasão de ameaças. Para o governo a integridade e soberania na Amazônia, a defesa da biodiversidade e dos bens naturais, incluindo aí os recursos hídricos e energéticos, são itens fundamentais da segurança do país. Para dar credibilidade o país resolveu modernizar suas FFAA, tanto do ponto de vista técnico, doutrinário quanto de equipamentos. Contudo, para desagrado do tradicional fornecedor brasileiro (os EUA) o Brasil optou pela incorporação/transferência de tecnologia, pelo maior índice de produção nacional e a produção local máxima possível de aviões, navios, submarinos e helicópteros. Tratava-se assim de não só promover o desenvolvimento tecnológico nacional, como ainda de gerar emprego e renda no interior do país.

Por fim, nas conferências internacionais do clima – em Copenhague e Cancun – o Brasil tornou-se um país líder no combate ao aquecimento global, estabelecendo metas autônomas e espontâneas, bem ao contrário dos como EUA e China Popular, que agora sabemos (graças, mais uma vez, ao WikiLeaks), tentaram sabotar as conferências.

Evidentemente ficou muito por fazer, em especial no campo da consolidação do Mercosul, na maior identificação com a luta em prol dos direitos humanos e no desarmamento mundial. Estas serão, sem dúvida, importantes tarefas do novo ministro do exterior Antonio Patriota.

Fonte: Opera Mundi

Um Presidente pra chamar de seu

Por Gunter Zibell
 
31/dez/2010 é o último dia, neste 2º mandato, do Lula como Presidente. Dia melhor para ser baba-ovo não há!
Muitos vão escrever sobre os vários e importantes impactos, em diferentes aspectos, de sua passagem pelo governo, eu me deterei um pouco nos reconhecimentos internacionais, até frequentes nos últimos 3 anos.
Obrigado, Lula, por nos representar com tal destaque!

(revisão e complemento de comentário de 27/out passado.)
Deixando de lado os títulos honoris causa, segue um levantamento dos principais prêmios e menções a esse que é um dos brasileiros mais reconhecidos no exterior, o Presidente Lula. Entre os defeitos que todo ser humano tem, e os acertos que um político pode fazer, sua popularidade tem razões de ser.
PREMIAÇÕES  
Em 2003 recebeu por “Cooperação Internacional” o Prêmio da Fundación Príncipe de Asturias (Espanha). Algumas personalidades de outros anos: Mandela, Al Gore, Mario Soares, Helmut Kohl, etc.  F. H. Cardoso recebeu a mesma honraria em 2000. 
2004 : Medalha de Ouro “Aliança Internacional Contra a Fome”, FAO (ONU)
A maioria dos prêmios, no entanto, é mais recente:
2008 : Prêmio pela paz Félix Houphouët-Boigny, UNESCO (ONU). Curiosidade : vários dos laureados por esse prêmio receberam o Prêmio Nobel da Paz anos depois (datas do prêmio da ONU e da Fundação Nobel): Mandela+Klerk (1991 > 1993); Carter (1994 > 2002); Martti Ahtisaari (2007 > 2008); Arafat+Peres+Rabin (1993 > 1994) 
2009 : Prêmio Woodrow Wilson pelo Serviço Público. Algumas das personalidades que receberam em outros anos foram Kissinger, John McCain, Colin Powell. 
2009 : 1º Estadista Global, Fórum Econômico Mundial (Davos). 
2010 : Prêmio “Campeão Mundial na Luta contra a Fome”, World Food Programme (ONU). O Brasil foi o país que mais perto chegou dos objetivos de combate a esse flagelo dentre dezenas de países em desenvolvimento. Verdadeira razão de orgulho para nós, e que possamos exportar conhecimento e metodologias para outras nações. 
2010 : Fórum Nova Economia (Espanha.) Premiados em outros anos foram Felipe Calderón, Angela Merkel & Michelle Bachelet.
Reconhecimentos pela Imprensa 
2004 : Um dos 20 líderes mais influentes, Revista TIME (na primeira seleção feita pela revista.) 
2009 : Uma das 50 personalidades que moldaram a década, jornal Financial Times (Reino Unido) (mencionado com Ahmadinejad; Barack Obama; Angela Merkel; Vladimir Putin; Hu Jintao; etc.)
2009 : 1º Prêmio L’Homme de l ‘Année (Homem do Ano), jornal Le Monde (França.)
2009 : Prêmio Personalidade Ibero-Americana do Ano, jornal El País (Espanha.)
2010 : Um dos 25 líderes mais influentes, Revista TIME (com destaque similar ao das seguintes personalidades em outros anos: Bush (2 vezes), Muqtada al-Sadr, Rainha Elizabeth, Dalai-Lama, Edward Kennedy. Obs.: Barack Obama também apareceu nas 3 últimas listas.)
2010 : Líder mais eficiente dentre 15 das

maiores economias, revista Monocle. Foi o único nota “A”, seguido por Obama e Manmohan Singh (Índia.)
As especulações sobre prêmio Nobel
 
Muita gente especula sobre isso, todo ano desde 2003. Em geral são aceitas cerca de 200 indicações por ano, então é sempre possível que o nome de Lula seja considerado. O processo é sigiloso e os nomes analisados são mantidos em segredo por 50 anos. Quem pode fazer sugestões para o Comitê, composto por 5 pessoas escolhidas pelo parlamento norueguês, que faz a escolha final : já premiados, reitores, tribunais de justiça, parlamentos, etc. 
  
Não é provável Lula receber esse prêmio, afinal há tantas causas relevantes em um mundo conturbado, mas também não é impossível, tendo em vista os prêmios antecedentes da ONU, especialmente o da paz pela Unesco. Antes que alguém mencione, é sabido que Stálin foi indicado ao Nobel em 1948 e que Gandhi foi indicado 6 vezes e não recebeu, portanto erros ocorrem. Seria bem legal ver um dia o Lula de fraque! ;) Ele ainda irá trabalhar muito, então indicações ainda serão possíveis.
Aprovação recorde 
Mas, certamente, o maior prêmio para Lula é o reconhecimento obtido junto a seus compatriotas! O gráfico apresenta a evolução da popularidade medida pelo Instituto Datafolha, que faz há mais tempo esse tipo de pesquisa, e cuja última medição foi a manutenção do recorde de 83% de ótimo/bom. Mas neste mês soube-se, pelo Ibope e Sensus, que um máximo de 87% de aprovação e um mínimo de 2,2% de desaprovação foram também obtidos. Meus parabéns, Presidente!
Completo esta despedida com uma retrospectiva dos jingles das suas várias campanhas. Não é em playlist de propósito!
Um Presidente pra chamar de seu
Um Presidente pra chamar de seu



Ele vai fazer falta

A despedida do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ganhou grande repercussão na imprensa internacional com reportagens destacando principalmente com a sua popularidade. A avaliação é de que seu governo foi bom, apesar de algumas lacunas.

O americano "The Wall Street Journal" destaca os avanços do governo Lula e despedida com uma folgada vitória.

Já o correspondente Bradley Brooks, da Associated Press, afirma que Lula está deixando o poder com um país transformado. Nem os seus adversários podem negar os avanços de sua administração, afirma. 

"The Guardian", destaca o fato de cerca de 20 milhões de brasileiros terem saído da linha da pobreza.
O jornal inglês também fala sobre a possibilidade da volta de Lula em 2014 ou 2018.

Já a reportagem do americano "The Christian Science Monitor" fala  que Lula  conseguiu fazer o Brasil sede da próxima Copa do Mundo e da Olimpíada de 2016. "Ele vai fazer falta", afirma o jornal.


O site "The Huffington Post" reproduz vídeo da agência Reuters mostrando Lula se emocionando em discursos nos últimos dias de governo.

No site do francês "Le Monde", o destaque vai para o fato de Lula negar a extradição do italiano Cesare Battisti como último ato de seu governo.

No italiano Corriere della Sera, a questão também recebe grande atenção.

Enquanto isso, o blogueiro Ramón Lobo, do site do "El País", compara Lula ao líder sul-africano Nelson Mandela. "Em uma época em que o poder corrompe, mancha e modifica os que o ocupam e decepciona os eleitores, Lula tem um resultado extraordinário", afirma. 

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Marca da era Lula é a busca da igualdade de oportunidades

Valor Econômico - 30/12/2010

A era Lula se encerra com o maior crescimento da economia em três décadas e, mais importante, com benefícios explícitos para as camadas mais pobres da população. O ex-metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva chegou à Presidência da República com uma ideia fixa. No discurso de posse, em 2003, apresentou uma proposta singela: assegurar a todos os brasileiros "três refeições ao dia". Lula indicava um compromisso de inclusão social. Essa promessa foi cumprida no geral e fez a diferença para milhões de brasileiros até então à margem do mercado e de uma vida decente. A imensa popularidade com que termina seus oito anos de governo, de 87%, mostra o reconhecimento de um fato pouco comum: apesar dos enormes problemas que continuam a assolar o país, todas as camadas sociais, das mais pobres às ricas, foram favorecidas por sua política econômica. Lula trouxe de volta a sensação nacional de que o Brasil pode afinal deslanchar, algo que não se via desde a ditadura militar - com a democracia em pleno vigor e sem cair na tentação do populismo de esquerda que está arruinando a economia de vários vizinhos brasileiros.

A propaganda que o governo Lula faz de si mesmo obscurece a realidade. O presidente não reconhece, o que é um erro, que as armas vitais para que a distribuição de renda, que buscou com o aprofundamento e diversificação de programas sociais, se tornasse possível lhe foram dadas pelo governo de Fernando Henrique Cardoso. Sem o Plano Real e o fim da inflação selvagem, o país não poderia crescer com o mínimo de equidade. Lula e o PT foram contra o plano. Um passo fundamental para amenizar os choques externos, que afligiram o Brasil desde a crise da dívida de 1982, foi o regime de câmbio flutuante com metas de inflação, instituído em 1999, após Fernando Henrique ter queimado suas mãos com a política de câmbio semifixo, que implodiu após sua reeleição. A austeridade fiscal, que veio com a maxidesvalorização de 1999, sob influência do FMI, após ter sido desdenhada por 4 anos pelo governo FHC, garantiu ordem nas contas públicas e a economia necessária para que o Estado voltasse a ter alguma capacidade de investimento. Sem esse conjunto de políticas, execrado no passado pelo PT e maduramente aceito e mantido pela equipe econômica de Lula, suas realizações seriam impossíveis.

O diferencial de Lula foi que ele colocou a questão social no centro de seu governo e deu-lhe a prioridade em suas políticas. O Brasil passou a assistir, e as camadas mais pobres a vivenciar as transformações positivas resultantes da mobilidade social. Impulsionada pelos aumentos do salário mínimo (de 53,7% reais em 8 anos) e pelo Bolsa Família, as classes C e D tornaram-se consumidoras de pleno direito, dando um impulso fantástico à economia. O avanço rápido do crédito potencializou os efeitos do aumento da renda.

Lula demonstrou o que já se sabia, que o potencial de expansão da economia brasileira é alto. Mas para que seja sustentável é preciso muito mais do que os indispensáveis programas sociais.

Para que o país cresça com consistência, ao longo de muitos anos, o nível de educação teria de ser muito mais alto que a mixórdia atual. Nesse campo, a grande ação do governo foi o ProUni, que levou milhares de estudantes pobres a frequentarem universidades. Avançou-se na universalização, como em várias áreas, mas a qualidade ainda continua muito baixa. O saldo do governo Lula na área é mediano.

Com o país crescendo mais (4% ao ano, na média), a demanda sobre a infraestrutura escancarou seu atraso e precariedade. Os programas do governo, como o PAC, mostraram baixa capacidade gerencial, embora tivessem o alvo correto. Tarefas típicas do Estado, como a garantia de segurança e saúde a seus cidadãos, tiveram execução em geral medíocre, apesar do crescimento do aparato estatal e da maior carga tributária entre os países emergentes que competem com o Brasil. Reformas importantes para a competitividade, como a tributária, não andaram. Mas todos os indicadores econômicos relevantes, como o de reservas internacionais, dívida pública líquida como proporção do PIB, déficit nominal público, são os melhores em muito tempo.

Em um governo sem relevo, Lula despontou como o arauto de um Brasil onde haja de fato igualdade de oportunidades e como o responsável pelos avanços nessa direção.

Enttenda os motivos da boa representação de líderes árabes na posse de Dilma.

A América Latina e os países árabes

Autor Javier Santiso

Valor Econômico - 30/12/2010


As relações entre os países emergentes estão ficando mais densas. A velocidade em que se estruturam é, por si só, chamativa. Esses movimentos são mais um exemplo da tendência mundial em direção a um mundo muito mais descentralizado.

Dentro das mudanças que estamos presenciando, chama a atenção a intensificação das relações econômicas entre os países emergentes. A China, claro, está no epicentro dessas mudanças, mas há também novas conexões sul-sul sendo estruturadas. Um desses eixos emergentes é o da América Latina com os países árabes.

Esses vínculos não são novos. Historicamente, as diásporas no Oriente Médio vincularam-se com a América Latina. Símbolo dessas migrações são os empresários de origem síria ou libanesa que, em alguns casos, ergueram verdadeiros impérios (estima-se que existam cerca de 20 milhões de latino-americanos de origem árabe na região, sendo sete milhões no Brasil). O caso mais chamativo é o de Carlos Slim, maior fortuna do continente, dono do grupo Carso, da Telmexe América Móvil, além de muitas outras empresas. As relações com a península árabe, no entanto, até recentemente eram menos desenvolvidas. Na década de 2000, os vínculos multiplicaram-se com intensidade inédita, graças em particular aos fundos soberanos desses países.

Recentemente, o Abu Dhabi Investment Authority(Adia), dos Emirados Árabes Unidos, maior fundo soberano do mundo junto aos fundos Safee CIC, da China, começou a investir na América Latina, por meio de fundos latino-americanos, como o Southern Cross Groupe outros gestores de ativos internacionais. O Adic, outro fundo soberano de Abu Dhabi, acaba de entrar, neste mês, no capital do banco brasileiro BTG Pactualcom uma quantia entre US$ 200 milhões e US$ 300 milhões. A holding Al Qudra, por sua vez, tem interesse no setor agroindustrial brasileiro, enquanto o fundo de investimentos em participações Abu Dhabi Mubadala(que possui 20% dos investimentos fora dos Emirados Árabes Unidos) também planeja diversificar-se em direção ao Brasil. Em 2009, uma delegação de Abu Dhabi visitou 14 países no Hemisfério Ocidental, procurando ampliar o espectro de possíveis investimentos.

Em janeiro de 2010, o emir do Catar, xeique Hamad Al-Thani, visitou a Argentina, Brasil e Venezuela, em busca de oportunidades. Entre as empresas investidoras árabes, a operadora de portos DP Worldparticipou na construção do porto de Callao, no Peru e prevê investimento de US$ 250 milhões em Cuba, com a ideia de transformar o porto de Mariel em uma instalação de primeiro nível mundial. Outros fizeram investimentos importantes, como, por exemplo, o investimento de cerca de US$ 330 milhões de outro fundo, o Aabar Investments, de Abu Dhabi, no Banco Santanderno Brasil. Em outubro de 2010, a Qatar Holdings, adquiriu 5% da unidade brasileira do banco espanhol por cerca de US$ 2,7 bilhões. Investidores do Oriente Médio e fundos soberanos, como o Adia, Adic (agora Invest AD), Mubadala, AIC e KIA, avaliam agronegócios, petróleo e gás, ativos comerciais, hotéis, fontes de energia renováveis e mineração na América Latina.

O setor agroindustrial e tudo que seja ligado a água (um bem em escassez na península arábica) é particularmente atraente. A Cosan, maior produtora mundial de cana-de-açúcar e etanol, criou uma filial especializada na localização e avaliação de terras agrícolas, a Radar Propriedades Agrícolas. Esse interesse pela região não é surpresa: a América Latina concentra cerca de 30% do total das reservas mundiais de água, sendo 13% apenas no Brasil. Esse ouro azul está se tornando tão precioso quanto o ouro negro.

Neste ano, os países árabes foram o terceiro principal parceiro comercial do Brasil, absorvendo mais de US$ 10 bilhões de exportações brasileiras, cerca de 11% do total exportado pelo Brasil.

As relações entre os países emergentes estão ficando mais densas. A velocidade em que se estruturam é, por si só, chamativa. Nesse sentido, a vinculação entre América Latina e os países da península árabe são mais um exemplo da tendência mundial em direção a um mundo muito mais descentralizado.

Javier Santiso é professor de economia na escola de administração Esade e diretor do Centro de Economia e Geopolítica Global da Esade

Enttenda os motivos da boa representação de líderes árabes na posse de Dilma.

A América Latina e os países árabes

Autor Javier Santiso

Valor Econômico - 30/12/2010


As relações entre os países emergentes estão ficando mais densas. A velocidade em que se estruturam é, por si só, chamativa. Esses movimentos são mais um exemplo da tendência mundial em direção a um mundo muito mais descentralizado.

Dentro das mudanças que estamos presenciando, chama a atenção a intensificação das relações econômicas entre os países emergentes. A China, claro, está no epicentro dessas mudanças, mas há também novas conexões sul-sul sendo estruturadas. Um desses eixos emergentes é o da América Latina com os países árabes.

Esses vínculos não são novos. Historicamente, as diásporas no Oriente Médio vincularam-se com a América Latina. Símbolo dessas migrações são os empresários de origem síria ou libanesa que, em alguns casos, ergueram verdadeiros impérios (estima-se que existam cerca de 20 milhões de latino-americanos de origem árabe na região, sendo sete milhões no Brasil). O caso mais chamativo é o de Carlos Slim, maior fortuna do continente, dono do grupo Carso, da Telmexe América Móvil, além de muitas outras empresas. As relações com a península árabe, no entanto, até recentemente eram menos desenvolvidas. Na década de 2000, os vínculos multiplicaram-se com intensidade inédita, graças em particular aos fundos soberanos desses países.

Recentemente, o Abu Dhabi Investment Authority(Adia), dos Emirados Árabes Unidos, maior fundo soberano do mundo junto aos fundos Safee CIC, da China, começou a investir na América Latina, por meio de fundos latino-americanos, como o Southern Cross Groupe outros gestores de ativos internacionais. O Adic, outro fundo soberano de Abu Dhabi, acaba de entrar, neste mês, no capital do banco brasileiro BTG Pactualcom uma quantia entre US$ 200 milhões e US$ 300 milhões. A holding Al Qudra, por sua vez, tem interesse no setor agroindustrial brasileiro, enquanto o fundo de investimentos em participações Abu Dhabi Mubadala(que possui 20% dos investimentos fora dos Emirados Árabes Unidos) também planeja diversificar-se em direção ao Brasil. Em 2009, uma delegação de Abu Dhabi visitou 14 países no Hemisfério Ocidental, procurando ampliar o espectro de possíveis investimentos.

Em janeiro de 2010, o emir do Catar, xeique Hamad Al-Thani, visitou a Argentina, Brasil e Venezuela, em busca de oportunidades. Entre as empresas investidoras árabes, a operadora de portos DP Worldparticipou na construção do porto de Callao, no Peru e prevê investimento de US$ 250 milhões em Cuba, com a ideia de transformar o porto de Mariel em uma instalação de primeiro nível mundial. Outros fizeram investimentos importantes, como, por exemplo, o investimento de cerca de US$ 330 milhões de outro fundo, o Aabar Investments, de Abu Dhabi, no Banco Santanderno Brasil. Em outubro de 2010, a Qatar Holdings, adquiriu 5% da unidade brasileira do banco espanhol por cerca de US$ 2,7 bilhões. Investidores do Oriente Médio e fundos soberanos, como o Adia, Adic (agora Invest AD), Mubadala, AIC e KIA, avaliam agronegócios, petróleo e gás, ativos comerciais, hotéis, fontes de energia renováveis e mineração na América Latina.

O setor agroindustrial e tudo que seja ligado a água (um bem em escassez na península arábica) é particularmente atraente. A Cosan, maior produtora mundial de cana-de-açúcar e etanol, criou uma filial especializada na localização e avaliação de terras agrícolas, a Radar Propriedades Agrícolas. Esse interesse pela região não é surpresa: a América Latina concentra cerca de 30% do total das reservas mundiais de água, sendo 13% apenas no Brasil. Esse ouro azul está se tornando tão precioso quanto o ouro negro.

Neste ano, os países árabes foram o terceiro principal parceiro comercial do Brasil, absorvendo mais de US$ 10 bilhões de exportações brasileiras, cerca de 11% do total exportado pelo Brasil.

As relações entre os países emergentes estão ficando mais densas. A velocidade em que se estruturam é, por si só, chamativa. Nesse sentido, a vinculação entre América Latina e os países da península árabe são mais um exemplo da tendência mundial em direção a um mundo muito mais descentralizado.

Javier Santiso é professor de economia na escola de administração Esade e diretor do Centro de Economia e Geopolítica Global da Esade

Fim da era Lula ou início?q


Lula se despede no Nordeste com MCMV e refinaria

Cristiane Agostine - De São Paulo

Valor Econômico - 30/12/2010


O presidente Lula anunciou na Bahia que o "Minha Casa, Minha Vida" superou a meta de 1 milhão de casas. Ele retornou a Brasília onde, no sábado, transmite o cargo a Dilma Rousseff


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva escolheu dois Estados do Nordeste para participar das últimas inaugurações de seu mandato. Na Bahia, Lula anunciou que o programa habitacional Minha Casa, Minha Vida (MCMV), superou a meta inicial de 1 milhão de casas e divulgou a contratação de 1 milhão e 3 mil de moradias. No Ceará, participou do lançamento da pedra fundamental da refinaria Premium II e terminal no Complexo Industrial e Portuário de Pecém, antecipou a permanência de José Sérgio Gabrielli na Petrobras no próximo governo e homenageou o vice, José Alencar, que segue internado em São Paulo.

Ao participar da cerimônia de entrega de casas do programa habitacional em Salvador, Lula disse estava lá para "lavar a alma". "Um milhão e 3 mil casas contratadas. Fizemos isso para dizer àqueles que duvidavam, que nunca mais ousem duvidar da capacidade de construção de casa dos trabalhadores brasileiros e do governo que está determinado a resolver o problema do déficit habitacional do país", afirmou. "Para aqueles que escreveram que não íamos entregar, que reescrevam e peçam desculpas", disse.

Horas antes, em Fortaleza, Lula disse que se dependesse de formadores de opinião não teria "nenhum voto". "Todos escrevem contra mim, mas o meu formador de opinião é o catador de papel, é o índio, é uma professora, é um médico, é um pedreiro, é um engenheiro, é um profissional liberal, são os empresários que pensam neste país. São os meus formadores de opinião pública."

Nas duas cidades, Lula lembrou de sua trajetória e disse que sua sucessora, Dilma Rousseff, terá como responsabilidade provar aos "machistas" que as mulheres são "tão capazes ou mais dos que os homens". "Dilma tem que provar que uma mulher não nasceu apenas para arrumar cama ou lavar louça, que a mulher pode governar este país", disse, em Fortaleza. "Se ela fracassar, os machistas de plantão vão dizer que o lugar de mulher era lavando chão, limpando cocô de criança. As mulheres têm tanto ou mais competência do que nós homens", reforçou, em Salvador.

Alvorada volta a abrigar mãe de presidente

Alvorada terá presença de mãe depois de 50 anos

Cesar Felício - De Belo Horizonte

Valor Econômico - 30/12/2010

A dona de casa Dilma Jane da Silva Rousseff, 86 anos, será a primeira mãe de um governante a morar na residência presidencial desde 1961, quando Jânio Quadros morou por sete meses com a mulher, Eloá, a filha, Dirce, e a mãe, Leonor, no Palácio da Alvorada. A mãe da presidente declarou logo após a vitória da filha que não deverá exercer papel algum em Brasília, o que tem sido a regra na história republicana, em que as primeiras-damas é que são encarregadas de cumprirem ritos cerimoniais e tarefas assistenciais.


A dona de casa Dilma Jane da Silva Rousseff, 86 anos, será a primeira mãe de um governante a morar na residência presidencial desde 1961, quando Jânio Quadros morou por sete meses com a mulher, Eloá, a filha, Dirce, e a mãe, Leonor, no Palácio da Alvorada. À época, Dilma Silva ainda não havia enviuvado do búlgaro naturalizado Pedro Rousseff e , conforme disse em entrevistas, jamais imaginara que a menina de então catorze anos incompletos chegaria a tal posição. A mãe da presidente Dilma Rousseff deixou a casa no Jardim São Luiz, o melhor bairro na região da Lagoa da Pampulha, no norte de Belo Horizonte, em meados de dezembro. A ampla residência só será usada em ocasiões eventuais, de visita à cidade em que a filha nasceu e em que morou por quase 70 anos.

A mãe da presidente declarou logo após a vitória da filha que não deverá exercer papel algum em Brasília, o que tem sido a regra na história republicana, em que as primeiras-damas é que são encarregadas de cumprirem certos ritos cerimoniais e tarefas assistenciais. A convivência de Dilma Rousseff com a mãe foi entrecortada. A presidente eleita saiu de casa antes de completar 20 anos, quando se casou com Claudio Galeno, seu primeiro marido, e passou a militar na luta armada. Dilma Jane voltaria a encontrar a filha entre 1970 e 1973 , nas visitas que fez à filha na prisão , em São Paulo. Em entrevista ao jornal "O Globo", a mãe da presidente relembrou aquele período como um "calvário": dividia-se entre as visitas semanais a Dilma, para quem levava queijos e livros, e os cuidados com a filha caçula, Zana, que adoeceu e morreu de infecção hospitalar com apenas 25 anos, em 1976. Ouviu as histórias das torturas que a filha sofreu, mas disse em entrevistas ter aprendido a conter emoções: "chorar não adianta", comentou em entrevista à TV Globo. Segundo o futuro ministro do Desenvolvimento Fernando Pimentel declarou em entrevista à revista "Marie Claire", durante a prisão da filha, Dilma Jane foi convertida do catolicismo para o protestantismo pelo pai de Pimentel, que era pastor metodista.

Chegaram ao poder com as mães vivas os presidentes Getúlio Vargas, Juscelino Kubitscheck, Jânio, José Sarney, Fernando Collor e Itamar Franco. Exceto o caso de Jânio, em todos os demais as mães permaneceram longe do palácio presidencial. Somente dona Leda Collor de Mello teve um papel protagonista durante a presidência do filho, quando em 1992 tentou interceder por um acordo entre o então presidente e seu irmão, Pedro Collor. Diretor do jornal "Gazeta de Alagoas", Pedro Collor ameaçava denunciar um esquema de corrupção liderado pelo tesoureiro do irmão na campanha presidencial, Paulo César Farias, o PC, ao perceber que havia uma operação em curso para prejudicar seus negócios.

Controladora da holding familiar, dona Leda não conseguiu fazer Pedro e Fernando reatarem. A crise doméstica e política colaborou para que seus problemas cardíacos se agravassem até um colapso em setembro de 1992, durante o início do processo de impeachment do filho. Inconsciente a apartir de então, dona Leda morreu em fevereiro de 1995.

O mesmo ano em que o filho de dona Leda perdeu o cargo de presidente foi definido pelo seu sucessor, Itamar Franco, como "um ano muito triste". A mãe de Itamar, Itália Cautiero, morreu em dezembro, vinte dias antes da posse definitiva do filho na Presidência. Havia passado os últimos seis anos de vida inconsciente, em razão de um derrame cerebral, mas sua morte desestabilizou o filho, que trancou-se por dias em Juiz de Fora em meio a uma crise governamental, que culminaria naquele mês com a troca do ministro da Fazenda. O pai de Itamar morreu ainda durante a gravidez da mãe, e Itália Cautiero vendia marmita para criar sozinha os filhos, nos anos 30.

A mãe de Getúlio, Cândida Vargas, ficou ao lado do marido Manoel Vargas em São Borja até morrer, em 1936, quando o filho já exercia a Presidência no Rio há seis anos. Obscurecida pela presença do esposo patriarca, dona Cândida não teve para Getúlio a importância central que a professora Júlia Kubitscheck terminou por exercer sobre o filho Juscelino. Viúva desde quando o futuro presidente tinha apenas dois anos e em meio a uma grande escassez de recursos, dona Júlia fazia com que o filho assistisse a todas as suas aulas, de manhã e de tarde, por não ter com quem deixá-lo. Mais tarde, empenhou seus bens para que JK pudesse estudar medicina em Belo Horizonte. O antigo presidente se referiu à Júlia como "minha mãe e mestra" ao dar um depoimento ao centro de documentação da Fundação Getúlio Vargas, um mês antes de morrer,em 1976. Dona Júlia morreu em Belo Horizonte aos 98 anos, em 1971, e em sua velhice conviveu mais com outros familiares que não Juscelino. Esteve presente na inauguração de Brasília, em 1960.

Relatos mostram que Leonor Quadros teve ativa participação nas campanhas do filho em São Paulo nos anos 50, mas foi apenas uma expectadora de sua rápida Presidência. Estava no Alvorada quando o filho renunciou, em 25 de agosto, e o acompanhou na viagem por navio à Europa, logo a seguir. A de perfil mais discreto foi a mãe de Sarney, dona Kiola, que permaneceu recolhida no Maranhão durante todo seu governo. Falecida em 2004, há apenas um registro de alguma interferência sua na longa carreira política do filho: nos anos 90, teria pedido para Sarney dificultar a aprovação da reforma da Previdência do governo Fernando Henrique.

Para Roberto Setubal, Lula foi o maior presidente



Roberto Setubal (Fotos: Greg Salibian/iG)

Em setembro de 2002, durante a tradicional reunião anual do FMI, o banqueiro Roberto Setubal, presidente do Itaú, surpreendeu a toda a plateia, formada pelos maiores financistas do mundo, quando disse que Lula não só iria ganhar a eleição, como não seria nenhum problema para o Brasil.

Essas foram as palavras de Setubal: “Não tenho dúvida que o Lula será o próximo presidente do Brasil. Esta não é uma eleição populista. Ele está sendo eleito porque está fazendo uma boa campanha. Ele é honesto e fala ao coração do povo.”

Hoje, oito anos depois, ao encerrar o segundo mandato, Setubal diz ao iG que Lula superou as próprias expectativas, que já eram bastante otimistas em relação ao seu governo.
O banqueiro lembra que, quando declarou que não havia razão para se temer o governo Lula, fez-se um absoluto silêncio na plateia, como se ninguém acreditasse que um banqueiro poderia fazer tal tipo de afirmação.

Havia uma enorme desconfiança no mercado em relação ao Lula, o medo era generalizado e não se poderia imaginar jamais que um banqueiro, que sempre teve seu nome ideologicamente associado aos tucanos, pudesse declarar apoio (não foi o voto) a Lula.

Setubal diz que ele tinha preparado uma apresentação cheia de gráficos e números para aquela tarde, em Washington, mas decidiu falar de improviso.

“O mercado estava exagerando nas incertezas. O que eu disse é que o Lula era um cara centrado, pragmático e não ideológico, como as pessoas diziam. Depois, o Lula já tinha escrito a Carta aos Brasileiros e tudo o que ele queria era o bem do país.”

Setubal diz que Lula foi muito além do que ele imaginava.

“Lula foi o maior presidente da história do País”, diz Setubal.

Segundo o banqueiro, a grande diferença entre Lula e Getúlio Vargas, tido até então como o maior presidente da história, é a de que Lula foi eleito democraticamente, o que, para Setubal, faz uma enorme diferença.

Setubal faz questão de dizer que o Brasil também teve outros grandes presidentes, como Juscelino Kubitschek e Fernando Henrique Cardoso, que sempre terão, certamente, um lugar diferenciado na história.

Entre as grandes qualidades de Lula, Setubal ressalta a sua capacidade de entender todos os ângulos dos problemas brasileiros e de encaminhar as soluções mais realistas para eles.

“A sensibilidade de Lula para entender os problemas do Brasil é impressionante. Ele entende o Brasil como ninguém.”

A grande conquista de Lula, na opinião de Setubal, foi a melhor distribuição de renda do país.

“Depois de muitos anos de piora da situação da distribuição de renda no país, veio o Plano Real e começou a melhorar a situação, mas foi no governo Lula que houve mesmo um avanço.”

Setubal diz que “Lula, que veio de onde veio, dos níveis sociais mais simples da sociedade, assumiu a presidência sem manifestar nenhum rancor em nenhum momento e, com seu pragmatismo, contribuiu para a sociedade e para o sucesso do País.”

Setubal se diz otimista com o governo Dilma Rousseff.

“As perspectivas são muito positivas, há claramente na política econômica um sinal de continuidade, e isso é muito bom”, afirma. “O Brasil terá anos muitos bons pela frente.”

Para Setubal, a palavra chave do próximo governo será infraestrutura. A seu ver, essa será a prioridade do novo governo. O país tem problemas nessa área e precisa de investir maciçamente em infraestrutura.
Extraído do blog Luis Nassif

Ceará se desenvolve com água, siderúrgica, ferrovia e refinaria

Presidente Lula visita o local onde foi lançada pedra fundamental da refinaria Premium II da Petrobras no Porto de Pecém (CE). Foto: Ricardo Stuckert/PR
O que vem acontecendo no Ceará é emblemático do momento de desenvolvimento que vive o Nordeste atualmente. O estado tem pelo menos quatro grandes projetos em andamento que estão transformando a região: as obras da ferrovia Transnordestina, do canal do rio São Francisco, de uma siderúrgica e da refinaria Premium II no porto de Pecém, em Cacauia, que teve sua pedra fundamental lançada nesta quarta-feira (29/12) pelo presidente Lula. Sua visita ao estado neste momento, afirmou o presidente, é um gesto político que indica o compromisso do governo em investir no Ceará e promover seu desenvolvimento.
“Política não é feita apenas de realizações, política também é feita de gestos. E eu precisava fazer esse gesto de voltar ao Ceará para poder assumir com o governador Cid, o companheiro Gabrielli [presidente da Petrobrás], com o povo do Ceará, e com o povo do Brasil, o compromisso final de que o Ceará finalmente terá a tão sonhada refinaria que tanta gente prometeu e que não conseguiram fazer.”
Além da refinaria a ser construída no Ceará, o Brasil ganhará outras quatro, lembrou o presidente: em Pernambuco, Maranhão, Rio Grande do Norte e Rio de Janeiro. Duas delas, disse, são por conta da descoberta do petróleo do pré-sal, mas o conjunto de refinarias servirá para tornar o Brasil exportador não apenas de óleo cru mas também de produtos com maior valor agregado, o que poderá gerar mais divisas ao País. E pensar que há sete anos a diretoria da Petrobras dizia que o Brasil não precisava de mais refinarias… “Engoliram a língua, porque vou fazer cinco!”.
O presidente disse durante seu discurso que pediu ao presidente da empresa que fizesse um detalhado calendário com a etapa de cada momento da obra, para deixar nas mesas da presidente eleita Dilma Rousseff, da minitra Izabella Teixeira (Meio Ambiente) e também da diretoria do Ibama para que “todo mundo acompanhasse cada passo”.

Minha Casa, Minha Vida supera meta de 1 milhão de casas contratadas e cala críticos


Muitos duvidaram que o governo conseguisse contratar, até o final deste ano, um milhão de casas dentro do programa Minha Casa, Minha Vida. Não só conseguiu como ultrapassou a meta, chegando a 1 milhão e 3 mil casas, conforme anunciou nesta quarta-feira (29/12) a presidente da Caixa Econômica Federal (CEF), Maria Fernanda Ramos Coelho, durante cerimônia realizada em Salvador (BA). O presidente Lula, em sua última viagem antes de entregar a faixa presidencial à presidente eleita Dilma Rousseff, neste sábado (1/1) em Brasília (DF), comemorou os números e pediu humildade aos críticos da imprensa que duvidaram nas últimas semanas que isso não aconteceria:

“Possivelmente algumas pessoas estavam acostumados com um tipo de governo que ficava sentado com a bunda da cadeira e que nao se importava de chamar os seus companheiros para cobrar as coisas que tinham que cobrar.

(…) E nós fizemos, para dizer àqueles que duvidavam que nunca mais ousem duvidar da capacidade de construção de casas dos trabalhadores brasileiros, da CEF e do governo brasileiro, que está determinado a resolver um problema de déficit habitacional crônico neste País. Então aqueles que escreveram esta semana que a gente não ia entregar 1 milhão de casas, por favor, peçam desculpas e reescrevam a matéria de vocês. Falem que nós fizemos mais do que a gente imaginava, não é feio pedir desculpas. Feio é persistir no erro e na ignorância de alguns que ousaram não acreditar que nós seríamos capazes.”

O presidente lembrou quantas vezes se reuniu com a presidente eleita, então minista da Casa Civil, Dilma Rousseff, a presidente da Caixa e a coordenadora do PAC, Miriam Belchior (futura ministra do Planejamento), para cobrar resultados, sendo muitas vezes duro com os interlocutores. Mas a pressão deu tão certo que a contratação de novas unidades habitacionais já começou a entrar pelo programa da presidente Dilma, disse Lula, aproveitando também para parabenizar o governador Jaques Wagner (Bahia) porque seu estado foi o que mais contratou no País.

Ministro critica cegueira da revista Veja

Reproduzo a resposta do ministro Jorge Hage ao editorial de balanço da revista Veja, publicado no Blog do Planalto:


Brasília, 27 de dezembro de 2010.

Sr. Editor,

Apesar de não surpreender a ninguém que haja acompanhado as edições da sua revista nos últimos anos, o número 52 do ano de 2010, dito de “Balanço dos 8 anos de Lula”, conseguiu superar-se como confirmação final da cegueira a que a má vontade e o preconceito acabam por conduzir.

Qualquer leitor que não tenha desembarcado diretamente de Marte na noite anterior haverá de perguntar-se “de que país a Veja está falando?”. E, se o leitor for um brasileiro e não integrar aquela ínfima minoria de 4% que avalia o Governo Lula como ruim ou péssimo, haverá de enxergar-se um completo idiota, pois pensava que o Governo Lula fora ótimo, bom ou regular. Se isso se aplica a todas as “matérias” e artigos da dita retrospectiva, quero deter-me especialmente às páginas não-numeradas e não-assinadas, sob o título “Fecham-se as cortinas, termina o espetáculo”. Ali, dentre outras raivosas adjetivações (e sem apontar quaisquer fatos, registre-se), o Governo Lula é apontado como “o mais corrupto da República”.

Será ele o mais corrupto porque foi o primeiro Governo da República que colocou a Polícia Federal no encalço dos corruptos, a ponto de ter suas operações criticadas por expor aquelas pessoas à execração pública? Ou por ser o primeiro que levou até governadores à cadeia, um deles, aliás, objeto de matéria nesta mesma edição de Veja, à página 81? Ou será por ser este o primeiro Governo que fortaleceu a Controladoria-Geral da União e deu-lhe liberdade para investigar as fraudes que ocorriam desde sempre, desbaratando esquemas mafiosos que operavam desde os anos 90, (como as Sanguessugas, os Vampiros, os Gafanhotos, os Gabirus e tantos mais), e, em parceria com a PF e o Ministério Público, propiciar os inquéritos e as ações judiciais que hoje já se contam pelos milhares? Ou por ter indicado para dirigir o Ministério Público Federal o nome escolhido em primeiro lugar pelos membros da categoria, de modo a dispor da mais ampla autonomia de atuação, inclusive contra o próprio Governo, quando fosse o caso? Ou já foram esquecidos os tempos do “Engavetador-Geral da República”?

Ou talvez tenha sido por haver criado um Sistema de Corregedorias que já expulsou do serviço público mais de 2.800 agentes públicos de todos os níveis, incluindo altos funcionários como procuradores federais e auditores fiscais, além de diretores e superintendentes de estatais (como os Correios e a Infraero). Ou talvez este seja o governo mais corrupto por haver aberto as contas públicas a toda a população, no Portal da Transparência, que exibe hoje as despesas realizadas até a noite de ontem, em tal nível de abertura que se tornou referência mundial reconhecida pela ONU, OCDE e demais organismos internacionais.

Poderia estender-me aqui indefinidamente, enumerando os avanços concretos verificados no enfrentamento da corrupção, que é tão antiga no Brasil quanto no resto do mundo, sendo que a diferença que marcou este governo foi o haver passado a investigá-la e revelá-la, ao invés de varrê-la para debaixo do tapete, como sempre se fez por aqui.

Peço a publicação.

Jorge Hage Sobrinho - Ministro-Chefe da Controladoria-Geral da União
Extraído do blog do Miro

Governar o Brasil é fácil e valeu a pena, diz Lula na BA

Lula brincou com uma bola durante inauguração de 680 unidades habitacionais em Salvador. Foto: Ricardo Stuckert /Divulgação
Lula brinca com uma bola durante inauguração de 680 unidades habitacionais em Salvador


Lula brinca com uma bola durante inauguração de 680 unidades habitacionais em Salvador
Foto: Ricardo Stuckert /Divulgação

Em um dos últimos compromissos oficiais como presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva afirmou no final da tarde desta quarta-feira em Salvador (BA) que "valeu a pena passar pela Presidência para poder hoje participar de debates internacionais, e dizer que é facil governador o País. Eles (oposição) sempre disseram que é difícil".

BRUNO CARVALHO

Direto da Bahia
Lula também disse que entrega o cargo consciente de que deixa um legado importante para o País, "mas que ainda tem muita coisa para fazer, afinal de contas, 500 anos de história, a gente nao muda em oito anos. É preciso algumas gerações para consertar o desconserto que foi feito no País".
Lula falou ainda da sua forte ligação com a Bahia e com seu o governador reeleito, Jacques Wagner (PT), afirmando que fez questão de escolher o estado como destino de sua última viagem como presidente. O petista prometeu ainda passar pelo menos um dia de carnaval de Salvador. "Em breve vocês poderão ver o Lulinha se esbaldando no carnaval", disse.
Ele fez as afirmações durante a entrega de 680 moradias do programa Minha Casa, Minha Vida aos proprietários da unidade habitacional Bosque das Bromélias, na capital baiana.
Além do presidente e do governador Jaques Wagner , o ministro das Cidades, Márcio Fortes e representantes de movimentos populares participaram do evento.
Homenagem pernambucana
Na terça-feira, o presidente chorou durante a festa de despedida organizada pelo governo de Pernambuco, no Marco Zero do Recife (PE). "Não é normal um retirante sair fugido da fome de Caetés, se tornar presidente da República. Isso tem dedo de Deus", disse, em seu último evento oficial no Estado natal.
Fonte Terra