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terça-feira, 29 de setembro de 2009

Brasil de Lula mais forte, mais alto



Independent : Brasil de Lula mais forte, mais alto

Com o título "A ascensão e a ascensão do Brasil: mais rápido, mais forte, mais alto", o "Independent" publicou duas páginas, do correspondente Hugh O'Shaughnessy, apontando o favoritismo para os Jogos de 2016. Diz que na sexta "o voto pode ser um marco na jornada do Brasil para deixar de ser o eterno país do futuro". Cita a popularidade, de Lula o G20, a resistência ao "impostor" de Honduras etc.Leia a tradução



Deus pode não ser brasileiro, como muitos dos moradores do Rio de Janeiro orgulhosamente garantem, mas o Todo Poderoso parece mexer as suas asas influentes na direção da Cidade Maravilhosa, a Marvellous City do Atlântico Sul, no momento em que a cidade joga tudo para sediar as Olimpíadas de 2016. Suas três rivais, Tóquio, Madrid e Chicago, parecem perder força enquanto chega O Dia em cinco dias. No dia 2 de outubro a cidade vencedora será anunciada em Copenhague, assistida por um bilhão de telespectadores em todo o mundo.


Na terça-feira, em Brasília, senadores aprovaram legislação para garantir tudo o que se requer para uma proposta vencedora — de financiamento a regulamentos para evitar que donos de hotéis cobrem acima do preço pelas diárias.

O New York Times parece ter desistido da Cidade da Ventania [Chicago] às margens do Lago Superior, na quarta-feira, sugerindo que o presidente brasileiro, Luís Inácio da Silva, que todos chamam de Lula, tinha o trabalho mais fácil do mundo para garantir o prêmio. Lula, o ex-metalúrgico e líder sindicalista que anos atrás perdeu um dedo em uma prensa hidráulica, confessou que tinha a vantagem. Ele será acompanhado em Copenhague pela sua esposa, Marisa, enquanto Michelle Obama estará lá sem o marido. “Será dois contra um”, disse Lula com prazer disfarçado.

A votação do próximo mês poderia ser um marco na jornada do Brasil para deixar de ser o eterno país do futuro — para o qual o futuro nunca chega — e para se tornar um indisputável poder mundial, com uma presença permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas e o dinheiro para alimentar, educar e cuidar de sua população de quase 200 milhões.

Lula, que quando criança suplementava o orçamento da mãe vendendo amendoim em torno do porto de Santos, aproveita de sua nova eminência, de sua liberdade para culpar a atual crise financeira “nos banqueiros de olhos azuis” e do respeito adquirido. O pânico dos banqueiros e o alarme da mídia na City de Londres e em Wall Street nos meses que antecederam sua maciça vitória eleitoral em 2002 são coisas do passado.

Hoje o Brasil é um dos BRICs, junto com a Rússia, a Índia e a China e é admirado por banqueiros e economistas. E não apenas o presidente Obama o chama o líder mais popular do mundo mas, depois de um período em que a corrupção governamental parecia a caminho de derrubá-lo, Lula tem uma taxa de aprovação com os eleitores de cerca de 80%.

Não mais um caso clássico de país em luta contra a hiperinflação, o Brasil olha adiante para um tsunami de riquezas que vai tomar conta da Petrobras, a altamente bem sucedida empresa de petróleo controlada publicamente, que atingirá produção total nos enormes campos de águas profundas. Lula faz planos para usar esse novo dinheiro para corrigir abusos que resultaram do golpe militar de 1964, apoiado pelo Ocidente, e dos anos subsequentes de repressão selvagem e tortura, que derrubaram os padrões de vida do próprio Lula e de outros milhões de pobres brasileiros. O Brasil também é um grande exportador de comida — o que é confortável num momento em que a fome cerca vários lugares.

As últimas semanas demonstraram que Lula está sacando da riqueza futura para ter mais influência internacional hoje. O primeiro chefe de estado a falar no debate da Assembléia Geral das Nações Unidas na quarta-feira, ele entrou na frente do discurso de 90 minutos do coronel Gaddafi, que chateou todos os presentes.

Lula aproveitou a oportunidade para atacar as idéias dos poderes ocidentais durante a crise financeira internacional. “O que desabou foram conceitos sociais, políticos e econômicos aceitos como inquestionáveis”, ele disse, num forte golpe a políticos e banqueiros que se opunham à regulamentação governamental. Os esforços de Lula ajudaram a esmagar o Grupo dos Oito dos países ricos, que será substituído pelo Grupo dos 20, que inclui países em desenvolvimento que se encontraram na quinta-feira em Pittsburgh para reformar as finanças mundiais.

Na Assembléia Geral Lula também pediu ação contra o golpe em Honduras, onde a embaixada brasileira dá abrigo a Manuel Zelaya, o presidente legítimo derrubado em 28 de junho por um impostor com apoio militar. Lula está pedindo ao Conselho de Segurança ação contra o crescentemente bárbaro novo regime, com ameaça do emprego de toda a força da lei internacional, particularmente se o regime continuar a deixar diplomatas brasileiros e seus hóspedes sem energia, água e comida.

A ação brasileira, apoiada de perto pelo governo venezuelano, pegou Washington de surpresa, expondo uma divisão clara entre Obama, que quer ação decidida para restaurar Zelaya, e uma vacilante Hillary Clinton, cujos assessores direitistas tem outras ideias.

Lula é, também, um dos líderes do bloco da União Sul-Americana de Nações. A Unasur resiste à militarização da América do Sul que muitos acreditam que vai acontecer se a Colômbia, um aliado próximo dos Estados Unidos, permitir que o Pentágono estabeleça sete novas bases em suas terras; elas permitiriam que os Estados Unidos despachassem caças para qualquer parte do continente com exceção da Patagônia. Como precaução, Lula está comprando armas da França e da Rússia.

Em suas tentativas de acelerar a unidade latino-americana, Lula tem corrido riscos políticos em casa, enfrentando empresas de energia elétrica poderosas. Para cimentar as relações com seu vizinho pobre, o Paraguai, Lula prometeu um novo acordo para o uso da energia da gigantesca hidrelétrica de Itaipu, que supostamente deveria ser usada igualmente pelos dois países mas que de fato vai quase toda para o Brasil.Ainda assim, se o Rio vencer na sexta-feira, Lula voltará à tarefa de dar esperança aos despossuídos da cidade — para garantir que as primeiras Olimpíadas na América do Sul ocorram pacificamente.

Por: Hugh O’Shaughnessy - Jornal Britânico Independent

domingo, 27 de setembro de 2009

Lula transformou o Brasil em uma grande nação.





PARA A IMPRENSA BRASILEIRA:"Brasil ainda não se deu conta de que é uma grande nação, diz Lula"
Brasil ainda não se deu conta de que é uma grande nação, diz Lula.
Segundo o presidente, país saiu da condição de 'receptor' para 'doador'.'É possível mudar geografia política, comercial e econômica do mundo', diz.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou neste domingo, durante o encerramento da 2ª Cúpula América do Sul-África, em Isla Margarita (Venezuela), que o Brasil ainda não se deu conta de que é uma grande nação.

"De que saiu da condição de país receptor para um país doador (...) Todos nós aprendemos a vida inteira a pedir recursos para os países ricos e a não assumirmos as responsabilidades de sermos países doadores, de dar tecnologia, de passar os conhecimentos que temos. Isso é uma coisa nova na América do Sul. Não faz muito tempo que a relação entre nós era muito pequena e distante", afirmou ele a outros chefes de Estado presentes.

Crise financeira

Segundo o presidente da República, a crise financeira interncional, que se agravou em setembro do ano passado com o anúncio de concordata do Lehman Brothers, mostrou que os países que tinham mais opções (para o comércio internacional) sofreram menos efeitos.

"Porque não dependíamos de um bloco ou de uma economia. Vocês percebem claramente que, na época da crise, todos os países ricos que defendiam o livre comércio foram os primeiros a se fecharem no protecionismo", questionou Lula.

De acordo com Lula, os países africanos são "testemunhas" da tentativa que o Brasil fez para negociar a rodada de Doha (de comércio mundial), "sobretudo pensando em abrir o mercado agrícola europeu para os países africanos, e não conseguimos".

Mudar a 'geografia' do mundo

Na visão do presidente, é possível mudar "a geografia política, comercial e econômica do mundo". "Não será possivelmente no meu governo. Possivelmente não será nos governos de muitos dos senhores [presidentes]. Mas, quem vier depois de nós, estará comprometido com uma lógica política que não existia há dez anos atrás", afirmou.

De acordo com Lula, não é possível que, depois da independência e da guerra civil, em alguns países da América do Sul e África, a maioria ainda esteja "colonizada economicamente porque depende de tecnologia, financiamento e mercado dos países ricos".

"Eu queria que vocês saíssem daqui com a certeza de que  o século 21 pode ser o século da África, da América Latina e da América do sul. Basta que tenhamos clareza que dependemos muito mais de nossas decisões do que dos sonhos, das ajudas externas, que passamos todo o século 20 esperando e estamos esperando no século 21", concluiu.

Olimpíadas no Rio de Janeiro
O presidente também fez um apelo pela realização dos jogos olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro, e informou que viajará a Copenhage (Dinamarca), Bruxelas (Bélgica) e Estocolmo (Suécia) para defender as Olimpíadas do Rio. O Rio de Janeiro concorre com Tóquio (Japão), Madri (Espanha) e Chicago (Estados Unidos).

"Já fiz esse apelo antes em outros encontros. Para que pudéssemos ter o direito de fazer uma Olimpíada no continente sul-americano (...) A verdade é que, de todos os países que compõem as dez maiores economias do mundo, o Brasil é o único que nunca fez uma Olimpíada. A América do Sul nunca fez uma Olimpíada", disse.

Lula lembrou ainda que o "maior evento esportivo do mundo" não pode ser um "privilégio dos países ricos". "Precisamos fazer na América Latina e na África. É uma boa experiência sediar em 2010 a Copa do Mundo. Londres vai fazer [a Olimpíada] em 2012. Não é justo que seja feito outra vez na Europa. Os Estados Unidos já fizeram quatro Olimpíadas e mais quatro de inverno. Se ganhar essa, será a nona [Olimpíada] entre inverno e verão", disse.

O povo brasileiro precisa perceber que com Dilma é Lula outra vez.


Dilma Rousseff: “O Brasil é a formiga da vez”

Superada a pressão alta e o cansaço da véspera, a ministra Dilma Rousseff nos recebe na tarde do sábado, 26, na residência oficial da Casa Civil, na Península dos Ministros – zona residencial nobre de Brasília. Abre a porta pessoalmente. A única companhia é um labrador preto, o Nego, que atende com docilidade às ordens a dona. Na varanda, diante de uma grande jarra com água e do assessor de imprensa Oswaldo Buarim, a conversa preliminar é pontuada pela cordialidade mineira. Vai do noticiário dos jornais às agruras da vida de repórter de televisão. A entrevista começa, gravadores são acionados, e os últimos sinais de cansaço no rosto da ministra desaparecem à medida que as respostas avançam. Foram 58 minutos de conversa gravada que expressam em boa medida o modo de pensar de Dilma Roussef, e que permitem entrever o que poderá constar num eventual programa de governo – ainda que nenhuma das perguntas tenha sido diretamente esta.

Ao longo da semana, você poderá acompanhar os melhores momentos desta conversa com Dilma Rousseff.

R7 – O que explica que nós pudemos adotar medidas de política monetária e fiscal que fizeram que o governo fosse parte da solução e não parte do problema da crise econômica?

Dilma Rousseff - O enfrentamento das sistemáticas crises. Até então, o governo não tinha instrumento de combate às crises. Pelo contrário, ele passava a fazer uma política que aumentava o risco. Quando a crise começava internacionalmente no lado financeiro, o governo tinha um efeito dela direto sobre a sua dívida pública, que estava n a maioria indexada ao dólar. Então, havia uma violenta variação cambial.

No governo anterior, tínhamos um aumento estratosférico da dívida e, ao mesmo tempo, não tinha reserva. Era preciso recorrer ao Fundo Monetário e aceitar o receituário do Fundo. Os juros eram elevados à estratosfera. Segundo, não tinha política fiscal. Pelo contrário, eram cortes em investimentos. Interrompia-se o investimento em estrada… Aumento do salário mínimo, nem em sonho.

R7 – O que aconteceu agora?

Dilma – Nós fizemos uma política econômica que resultou numa situação completamente diferente. Reduzimos a dívida pública brasileira e inclusive pagamos a dívida. Nós somos credores líquidos. Não somos mais devedores líquidos quando se trata da relação do país com o exterior. Isso fez com que a gente pudesse acabar com esta história de indexar a dívida pública interna brasileira em dólar. Então, quando veio a crise, pelo con trário, a gente estava até com posições muito vantajosas e fizemos até uma valorização de ativos. O governo brasileiro ganhou no meio da crise. E nós estávamos com US$ 205 bilhões, US$ 208 bilhões em reservas. Hoje estamos com US$ 220 bilhões. Saímos da crise maiores do que entramos. Tínhamos musculatura para enfrentar o baque internacional.

Durante a crise pudemos abaixar os juros com estabilidade. A inflação estava sobre controle. Então, a política macroeconômica levada pelas autoridades do Banco Central e do Ministério da Fazenda foi correta, deu margem de manobra para ter política monetária. Aí, quando veio a crise, nós pegamos o compulsório e começamos a soltar dinheiro para os bancos. Um dos primeiros efeitos da crise foi a crise de crédito. Segundo lugar: demos uma imensa valorizada nos nossos bancos públicos.

Para o BNDES, no início da crise, nós passamos R$ 100 bilhões. Não perdemos a nossa capacidade de fazer política fiscal. Tanto assim que, no meio da crise, a Petrobras foi chamada a manter seu investimento ou até ampliá-lo, passando de R$ 114 bilhões para R$ 174 bilhões. Fizemos o Minha Casa, Minha Vida, porque a gente queria gerar emprego, e a construção civil é setor que tem capacidade enorme de gerar emprego. Colocamos R$ 28 bilhões em subsídio e R$ 70 bilhões em financiamento para produzir um milhão de casas. E ampliamos os recursos do PAC. Não paralisamos nada. Então, pela primeira vez, o Brasil viu o governo ser parte da solução ao invés de ser parte do problema. O governo pôde fazer isso porque havia uma estrada pronta. É como a história da cigarra e da formiga, né? O Brasil neste momento é a formiga da vez. Tinha sido sempre cigarra, mas agora é a formiga da vez.

R7 – A senhora realmente acredita que a crise está superada?

Dilma – Eu acho que, no Brasil, ela está mais superada do que no restante do mundo. A gente neste final de semana passada na reunião internacional em que o presidente compareceu. A crise melhorou no mundo inteiro. Aqui eu acho que nós saímos dela. No mundo melhorou significativamente.

É importante enfatizar é que as medidas para acabar com os fatores que levaram à crise não vêm sendo tomadas. É o problema de toda a regulação dos mercados financeiros. O problema de mudar a composição dos organismos multilaterais, tipo Fundo Monetário e Banco Mundial, e transformá-los em organismos e instrumentos de melhoria desta regulação. Aquilo que se prometeu, que era acabar com os paraísos fiscais, ainda que não se completou.

R7 – Devemos entender que a política econômica fica como está?

Dilma – Nada nunca na vida fica como está! Quando você melhora uma coisa é como se você criasse as condições para melhorá-la ainda mais. Eu acho que o fato de que a política econômica do Brasil estabi lizou o país, criou condições para a gente sair desta crise de cabeça erguida, nos dá hoje a condição de melhorar ainda mais. Prosseguir com algumas reformas. E no futuro promover uma redução maior de imposto. Melhorar a gestão pública.

O governo do presidente Lula teve de segurar toda a onda e segurar a casa no meio de uma grande turbulência. Nós assumimos com inflação de dois dígitos, sem reserva e dependendo do fundo monetário. E construímos as condições para sair disso totalmente. Hoje inclusive nós emprestamos para o fundo monetário dez bilhões de dólares.

O setor público teve de fazer um imenso esforço. O pessoal falava muito em ajuste fiscal. Durante um tempo esta expressão significava: desmonte do Estado. Acaba-se com as condições de o Estado planejar, não se cria a meritocracia, nem se profissionaliza a máquina pública. Aumenta-se a área de fiscalização, que se torna super-poderosa e bem remunerada. Já a área de execução vira sucata.

O PAC foi um esforço para trocar o pneu do carro com ele andando. Não havia projeto – o que é crucial. Não havia a cultura da execução ou da fiscalização. As pessoas são mal remuneradas… Agora, começou a melhorar. O governo fez um imenso esforço. O PAC é inviável sem engenheiros…

Fonte: Christina Lemos

Eu só peço a Deus



Meu caro leitor de Olhos do Sertão, você já fez o que deveria ter feito?

Eu só peço a Deus
(León Gieco)

Eu só peço a Deus
Que a dor não me seja indiferente
Que a morte não me encontre um dia
Solitário sem ter feito o q’eu queria

Eu só peço a Deus
Que a dor não me seja indiferente
Que a morte não me encontre um dia
Solitário sem ter feito o que eu queria

Eu só peço a Deus
Que a injustiça não me seja indiferente
Pois não posso dar a outra face
Se já fui machucada brutalmente

Eu só peço a Deus
Que a guerra não me seja indiferente
É um monstro grande e pisa forte
Toda fome e inocência dessa gente

Eu só peço a Deus
Que a mentira não me seja indiferente
Se um só traidor tem mais poder que um povo
Que este povo não esqueça facilmente

Eu só peço a Deus
Que o futuro não me seja indiferente
Sem ter que fugir desenganando
Pra viver uma cultura diferente

A história das coisas



Caro leitor, você se pergunta sobre a origem e o destino das coisas? Você está preocupado com o nosso planeta? Veja o vídeo e tente entender que nesta década o grande debate deveria ter sido sobre consumo e consumo sustentável. Você realizar as perguntas fundamentais desde a extração e até o consumo. Faça comentários aqui sobre o vídeo e responda o que você tem feito...

Este blog acredita que Rio será a sede das olimpíadas de 2016



O presidente Lula tem o trabalho mais fácil do mundo ao promover Rio 2016

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a apresentação do mascote dos Jogos Pan-Americanos de 2007.

Para o jornal americano "The New York Times", o brasileiro não terá dificuldade para promover a candidatura do Rio de Janeiro para as Olimpíadas de 2016: "Tudo que Lula tem que dizer é que 'o Rio tem as praias mais bonitas do mundo' e consegue audiência imediata
The New York Times
George Vecsey

O trabalho mais fácil do mundo pertence ao presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, ao apoiar o Rio de Janeiro para as Olimpíadas de 2016. Tudo que Lula tem que dizer é que "o Rio tem as praias mais bonitas do mundo" e consegue audiência imediata. Ele fez esta declaração simples na terça-feira em português ressonante, com tradução em inglês, e logo eu estava imaginando as ondas cobertas de espuma e o Corcovado ao fundo e, bem, eu também, também imaginei a "garota de Ipanema".

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a apresentação do mascote dos Jogos Pan-Americanos de 2007. Para o jornal americano "The New York Times", o brasileiro não terá dificuldade para promover a candidatura do Rio de Janeiro para as Olimpíadas de 2016: "Tudo que Lula tem que dizer é que 'o Rio tem as praias mais bonitas do mundo' e consegue audiência imediata" Daqui a cerca de uma semana, Lula vai viajar para Copenhaguem para a votação de 2 de outubro do Comitê Olímpico Internacional que vai decidir entre Chicago, Tóquio, Madri e o Rio. Ele certamente mencionará as praias. Mas ele também abordará outros pontos: o Brasil é um gigante econômico emergente e merece representar a América do Sul, que nunca sediou as Olimpíadas.

Sindicalista e ex-operário, Lula fala com paixão das crianças pobres do Brasil, da Argentina ou da Colômbia que poderiam pular num ônibus ou num caminhão para ver os jogos. Mas não está claro se algum dos 106 votantes do COI vai se preocupar com este sentimento populista. Em Nova York para participar da Assembléia Geral das Nações Unidas e no caminho para Pittsburgh, onde acontecerá um encontro do G20 na quinta e na sexta-feira, Lula vai depois para Copenhaguem. Ele está seguindo os passos do primeiro-ministro britânico Tony Blair, que viajou para Cingapura em 2005 e conversou com membros do COI, aparentemente com tanto sucesso que Londres foi escolhida para 2012.

A Rede Globo a favor dos golpistas e contra o Brasil.

Imprensa brasileira: De facto ou interina?

Empenhada em afirmar que o governo brasileiro teria agido de maneira irresponsável ao conceder abrigo ao presidente deposto, a mídia corporativa repete um velho procedimento. Tenta armar uma subversão monstruosa: a autoria e a responsabilidade do golpe são transferidas aos que a ele se opõem.

Gilson Caroni Filho

Desde 28 de junho, quando o presidente Manuel Zelaya foi deposto por um golpe militar liderado por Roberto Micheletti, a grande imprensa brasileira, através de seus articulistas mais conhecidos e dedicados editorialistas, voltou a apresentar, como é comum a aparelhos privados de hegemonia, seu vasto arsenal de produção e redefinição de significados. Desta vez, a novidade foi o deslocamento semântico do real sentido do que vem a ser golpe de Estado. Em Honduras, segundo a narrativa jornalística, não há golpistas, mas "governo interino" ou "de facto", pouco importando que a ação militar tenha sido condenada pela União Européia e governos latino-americanos representados pela Organização dos Estados Americanos (OEA)

Como já tive oportunidade de destacar em outra oportunidade "há algo profundo no jogo das palavras". Ainda mais quando, quem as maneja, tem, por dever de ofício, que relatar o que cobre com precisão e clareza. Fica evidente que razão cínica e ética ambíguas são irmãs siamesas. E no jornalismo brasileiro, mudam as gerações, mas as tragédias continuam e o imaginário dos aquários insiste em se engalfinhar contra as evidências factuais.

Agora, empenhada em afirmar que o governo brasileiro teria agido de maneira irresponsável ao conceder abrigo ao presidente deposto, a mídia corporativa repete um velho procedimento. Tenta armar, na produção noticiosa, uma subversão monstruosa: a autoria e a responsabilidade do golpe são transferidas aos que a ele se opõem, de modo que os golpistas, posando de impolutos democratas, ainda encontrem razões e argumentos para desmoralizar, reprimir e, se possível, eliminar seus oponentes. Para a empreitada foram convocados até diplomatas aposentados, saudosos de uma subalternidade quase colonial.

Uma característica saliente do discurso editorial, e de forma alguma sem importância, é o tom mordaz de quem que se propõe a dizer "verdades" a leitores e/ou telespectadores não apenas iludidos, mas idealizados como obtusos. O trecho abaixo, extraído da revista Veja ( edição 2132, de 30/09/2009) é exemplar. Trata-se da reportagem “O pesadelo é nosso", assinada pelos jornalistas Otávio Cabral e Duda Teixeira.

"Com as eleições marcadas para o próximo dia 29 de novembro, o governo interino que derrubou Zelaya se preparava para reconduzir o país à normalidade democrática. O candidato ligado a Manuel Zelaya aparecia até bem colocado nas pesquisas de intenção de voto. Seria uma saída rápida e democrática para um golpe, coisa inédita na América Latina. Seria. Agora o desfecho da crise é imprevisível. O mais lógico seria deixar o retornado sob os cuidados dos amigos brasileiros até depois das eleições, que, se legítimas, convenceriam a comunidade internacional das intenções democráticas dos golpistas"

Não procurem lógica no texto. Muito menos o uso político do mito da objetividade jornalística. O panfletarismo é prepotente e assumidamente faccioso para se preocupar com detalhes. Falar em “intenções democráticas dos golpistas" não expressa dificuldade de ordem racional, mas uma formidável comédia de erros e imposturas orquestradas por setores decisivos de uma direita inconformada com uma política externa exitosa.

Não se trata apenas da insistência da grande mídia brasileira em “manter um viés anti-Lula, fazendo uma cobertura parcial e tendenciosa sobre os acontecimentos que envolvem o fato", como afirmou o deputado José Genoíno. A operação em curso vai bem além desse propósito. O que ela busca ocultar são os resultados da reunião do G-20, em Pittsburgh, com a abertura para a reorganização das instituições financeiras internacionais e maiores direitos para os países emergentes. O êxito diplomático deve ser substituído por uma "trapalhada ideológica que não faz jus à tradição pragmática do Itamaraty”.

É exatamente isso o que confessa o articulista Clóvis Rossi, em sua coluna de sexta-feira, 25 de setembro, na Folha de S. Paulo.

"Escrevendo textos no lobby do Hotel Sheraton, em que Luiz Inácio Lula da Silva está hospedado em Pittsburgh, sou agradavelmente interrompido por Gilberto Scofield, o competente correspondente de "O Globo" em Washington: Cara, Honduras conseguiu eclipsar completamente o G20 nos jornais brasileiros. Só recebo cobranças sobre Honduras".

Essa desenvoltura de militantes eufóricos só reforça o que se sabe da grande imprensa. Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, mas os modelos-teimosos- permanecem como farsa de um jornalismo que não se sabe ao certo se é “de facto" ou interino. Os acontecimentos de Tegucigalpa são contagiantes

Gilson Caroni Filho é professor de Sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), no Rio de Janeiro, colunista da Carta Maior e colaborador do Jornal do Brasil

Giolpistas de Honduras e TV Globo, tudo a ver.


TV Globo tenta mostrar que não houve golpe de Estado em Honduras

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Honduras/TV Globo

Eles já nem se preocupam mais em disfarçar. Aliás, parece que agora fazem até gosto que os telespectadores saibam que estamos cobertos de razão quando dizemos que eles são golpistas, partidaristas de direita, que estão do lado das elites e que suas matérias jornalísticas, novelas e opiniões vão ao ar com o único objetivo de manipular as pessoas. [...]

Tudo que se produz na Globo representa os interesses das classes dominantes, e não importam os meios, apenas os fins.

Nós já havíamos dito aqui que a Globo estava do lado dos golpistas hondurenhos, e não duvido que Micheletti esteja sendo assessorado por ela quanto ao caso da permanência de Zelaya na Embaixada do Brasil.

A Globo sempre esteve do lado dos golpistas, isso é fato, e para corroborar conosco, ontem (24) no Jornal Nacional, apresentado pelo casal, Willian Bonner e Fátima Bernardes -- agora muito mais a vontade para ancorar com mais naturalidade na tela, longe de qualquer traço de formalidade -- eles mostraram a situação crítica em que se encontra Honduras após o Brasil ter concedido abrigo ao presidente deposto, Manuel Zelaya, e informaram que a ação contra o presidente Manuel Zelaya foi baseada na Constituição Hondurenha.

A expressão na voz de Willian Bonner era de quem queria dizer: “não sei pra que tanta polêmica”.

Os patifes, digo, editores, assim como o déspota Micheletti, defendem que não houve golpe de Estado em Honduras, e para tentar convencer entrevistaram um especialista indicado por Micheletti (tem sempre um especialista escolhido a dedo), o analista político Rosedo fraga, que mora em Buenos Aires e afirma que, pela Constituição Hondurenha, se o presidente tenta a reeleição, ele já está cometendo um delito. E que a prisão de Zelaya foi uma decisão da Suprema Corte, que tem o papel de interpretar o que diz a Constituição.

Depois mostraram o artigo 237 que diz que o período presidencial é de apenas 4 anos, sem direito a reeleição, e ainda o artigo 239 que prevê que qualquer governante que faça uma proposta de reformar a Constituição para tentar se reeleger, deve perder o mandato de forma imediata, e ficar inelegível por dez anos.

Mas a Constituição é falha porque não prevê que tipo de punição deve ser aplicada ao transgressor. Bem que podia ser fuzilamento à moda antiga, ao gosto da Globo.

Mas o melhor estava por vir. Foi quando o repórter Carlos de Lannoy foi às ruas para mostrar uma passeata de meia dúzia de pró-golpistas (a turma do Cansei de lá), e não teve a menor parcimônia em entrevistar uma empresaria que se disse indignada com a posição do Brasil por ter dado abrigo a um criminoso.

Os pró-Zelaya a Globo não mostrou, certamente porque eles estão confinados em campos de concentração sendo torturados, ou na periferia, impossibilitados de serem filmados e entrevistados por Lannoy.

Vá ao link da matéria
Globo e você, tudo a perder...

Duas trajetórias distintas


Emir Sader: Duas trajetórias distintas
Em que mãos você gostaria que estivesse o Brasil? Qual o verdadeiro diploma que cada um tem e que conta para construir um país justo, soberano e humanista?

Nas horas mais difíceis se revela a personalidade – as forças e as fraquezas - de cada um. Os franceses puderam fazer esse teste quando foram invadidos e tinham que se decidir entre compactuar com o governo capitulacionsista de Vichy ou participar da resistência. Os italianos podiam optar entre participar da resistência clandestina ou aderir ao regime fascista. Os alemães perguntam a seus pais onde estavam no momento do nazismo.

No Brasil também, na hora negra da ditadura militar, formos todos testados na nossa firmeza na decisão de lutar contra a ditadura, entre aderir ao regime surgido do golpe, tentar ficar alheios a todas as brutalidades que sucediam ou somar-se à resistência. Poderíamos olhar para trás, para saber onde estava cada um naquele período.

Dois personagens que aparecem como pré-candidatos à presidência são casos opostos de comportamento e daí podemos julgar seu caráter, exatamente no momento mais difícil, quando não era possível esconder seus comportamentos, sua personalidade, sua coragem para enfrentar dificuldades, seus valores.

José Serra era dirigente estudantil, tinha sido presidente do Grêmio Politécnico, da Escola de Engenharia da USP. Já com aquela ânsia de poder que seguiu caracterizando-o por toda a vida, brigou duramente até conseguir ser presidente da União Estadual dos Estudantes (UEE) de São Paulo e, com os mesmos meios de não se deter diante de nada, chegou a ser presidente da UNE.

Com esse cargo participou do comício da Central do Brasil, em março de 1964, poucas semanas antes do golpe. Nesse evento, foi mais radical do que todos os que discursaram, não apenas de Jango, mas de Miguel Arraes e mesmo de Leonel Brizola.

No dia do golpe, poucos dias depois, da mesma forma que as outras organizações de massa, a UNE, por seu presidente, decretou greve geral. Esperava-se que iria comandar o processo de resistência estudantil, a partir do cargo pelo qual havia lutado tanto e para o qual havia sido eleito.

No entanto, Serra saiu do Brasil no primeiro grupo de pessoas que abandonou o país. Deixou abandonada a UNE, abandonou a luta de resistência dos estudantes contra a ditadura, abandonou o cargo para o qual tinha sido eleito pelos estudantes. Essa a atitude de Serra diante da primeira adversidade.

Por isso sua biografia só menciona que foi presidente da UNE, mas nunca diz que não concluiu o mandato, abandonou a UNE e os estudantes brasileiros. Nunca se pronunciou sobre esse episódio vergonhoso da sua vida.

Os estudantes brasileiros foram em frente, rapidamente se reorganizaram e protagonizaram, a parir de 1965, o primeiro grande ciclo de mobilizações populares de resistência à ditadura, enquanto Serra vivia no exílio, longe da luta dos estudantes. Ficou claro o caráter de Serra, que só voltou ao Brasil quando já havia condições de trabalho legal da oposição, sem maiores riscos.

Outra personalidade que aparece como pré-candidata à presidência também teve que reagir diante das circunstâncias do golpe militar e da ditadura. Dilma Rousseff, estudante mineira, fez outra escolha. Optou por ficar no Brasil e participar ativamente da resistência à ditadura, primeiro das mobilizações estudantis, depois das organizações clandestinas, que buscavam criar as condições para uma luta armada contra a ditadura militar.

No episódio da comissão do Senado em que ela foi questionada por ter assumido que tinha dito mentido durante a ditadura – por um senador da direita, aliado dos tucanos de Serra -, Dilma mostrou todo o seu caráter, o mesmo com que tinha atuado na clandestinidade e resistido duramente às torturas. Disse que mentiu diante das torturas que sofreu, disse que o senador não tem idéia como é duro sofrer as torturas e mentir para salvar aos companheiros. Que se orgulha de ter se comportado dessa maneira, que na ditadura não há verdade, só mentira. Que ela e o senador da base tucano-demo estavam em lados opostos: ela do lado da resistência democrática, ele do lado da ditadura, do regime de terror, que sequestrada, desaparecia, fuzilava, torturava.

Dilma lutou na clandestinidade contra a ditadura, nessa luta foi presa, torturada , condenada, ficando detida quatro anos. Saiu para retomar a luta nas novas condições que a resistência à ditadura colocava. Entrou para o PDT de Brizola, mais tarde ingressou no PT, onde participou como secretária do governo do Rio Grande do Sul. Posteriormente foi Ministra de Minas e Energia e Ministra-chefe da Casa Civil.

Essa trajetória, em particular aquela nas condições mais difíceis, é o grande diploma de Dilma: a dignidade, a firmeza, a coerência, para realizar os ideais que assume como seus. Quem pode revelar sua trajetória com transparência e quem tem que esconder momentos fundamentais da sua vida, porque vividos nas circunstâncias mais difíceis?
Fonte: Emir Sader

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sábado, 26 de setembro de 2009

Uma grande vitória de Lula





Amigo navegante, não leia as noticias do PiG (*) sobre a reunião do G-20, que se realiza em Pittsburgh, nos Estados Unidos.

O Brasil acaba de obter uma estrondosa vitória, na companhia da China, e da Índia.

A reunião de Pittsburgh estabeleceu que o G-7, o antigo clube dos países ricos, que determinava o curso da economia mundial, vai ser substituído pelo foro mais amplo do G-20, que inclui os países com rápido e vigoroso desenvolvimento.

Não leia o PiG (*) nem seus colonistas (**) supostamente cosmopolitas.

Leia Edmunbd L. Andrews, o repórter do New York Times:

“.., os líderes formalmente anunciaram que as discussões sobre as questões econômicas globais se transferirão PERMANENTEMENTE (ênfase minha – PHA) do Grupo das 7 grandes nações industriais – Estados Unidos, Inglaterra, França, Canadá, Itália, Alemanha e Japão – para o Grupo dos 20, que inclui China, Índia, Brasil, Coréia do Sul e África do Sul, para refletir o crescente poder que nações de rápido desenvolvimento econômico passaram a ter sobre a economia mundial.”

O interessante é que o Brasil chega à Primeira Divisão, ao Grupo dos 20 sem que o PiG (*) dê destaque a isso.

E, muito importante, pelas mãos de um operário metalúrgico.

Interessante também: não foi possível ver o Farol de Alexandria em nenhuma das fotos de Pittsburgh.

O Ibrahim Sued costumava dizer “Gigi, eu chego lá”.

O Lula pode dizer: “Gigi, eu cheguei lá”.

Paulo Henrique Amorim

Em tempo: como previsto pelo representante do Brasil no FMI, Paulo Nogueira Batista JR, o Brasil obteve outra importante vitória. Os países emergentes conseguiram 5% de votos, a mais, nas deliberações do Fundo. A Folha, na primeira página, menosprezou a vitória. Ela sente falta dos bons tempos do Farol, quando ele ia ao FMI, não para reivindicar mais votos, mas para pedir esmolas. FHC foi três vezes …

(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

(**)Não tem nada a ver com cólon. São os colonistas do PiG (**) que combatem na milícia para derrubar o presidente Lula. E assim se comportarão sempre que um presidente no Brasil, no mundo e na Galáxia tiver origem no trabalho e, não, no capital. O Mino Carta costuma dizer que o Brasil é o único lugar do mundo em que jornalista chama patrão de colega. É esse pessoal aí.

Crise em Honduras reforça diplomacia de Lula, diz jornal



A crise política em Honduras mostra que a chamada "diplomacia sul-sul" do Brasil está ganhando força, diz o jornal suíço Le Temps, em sua edição desta quinta-feira (24). Segundo o jornal, ao endossar seu papel ativo na crise hondurenha, Lula assume um risco limitado, caso ela não se resolva. "Mas se ele contribuir para dobrar os golpistas, seu prestígio internacional vai ganhar força", prevê o Le Temps.

"Ao pedir asilo ao Brasil, (o presidente deposto hondurenho Manuel) Zelaya indicou que está apostando todas as suas fichas no único país que ele acredita que vai devolvê-lo à presidência", afirma o jornal. "É a prova tangível de uma mudança de eixo de poderes na região."

O Le Temps lembra que recentemente o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou que o Brasil vai se tornar uma grande potência no século 21. "Ele aperta a mão de Gordon Brown, de Nicolas Sarkozy, da Rainha Elizabeth 2ª, entre outros. E em abril Barack Obama disse que ele 'é o cara'."
"Mas é no hemisfério sul que Lula tece sua teia", diz o jornal, citando que o presidente visitou 45 países nos últimos 30 meses e que, desde 2003, o Brasil abriu 35 novas embaixadas no exterior, a maioria na África e no Caribe.

"Pragmatismo e provocação"

Segundo a publicação suíça, a estratégia "sul-sul" de Lula visa "apagar progressivamente a hegemonia dos Estados Unidos na região e coincide com a discrição do governo Obama".

Ela se traduz em uma mistura de "pragmatismo e provocação", diz o jornal, citando os cumprimentos de Lula ao iraniano Mahmoud Ahamadinejad e o forte apoio do Brasil a países como Cuba e Venezuela.

O Le Temps lista os fatores que teriam ajudado Lula a conquistar uma credibilidade cada vez mais crescente. "O Brasil é uma democracia que funciona... As autoridades preservaram o equilíbrio entre uma redistribuição de riquezas mais igualitária... E o país aparece como um polo de estabilidade enquanto a maioria dos dez países com os quais faz fronteira sofreram problemas razoavelmente graves", exemplifica o jornal.

Mas, segundo o diário suíço, essa "tomada de força" também enfrenta obstáculos, como a oposição da China ao pedido do Brasil de ter uma vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU e o fato de os países sul-americanos não parecerem dispostos a dar ao Brasil este papel de potência regional.

"Mesmo assim, ao endossar seu papel ativo na crise hondurenha, Lula assume um risco limitado, caso ela não se resolva. Mas se ele contribuir para dobrar os golpistas, seu prestígio internacional vai ganhar força", conclui o jornal.

Fonte: BBC Brasil

Uma lição aos golpistas


Oscar David Montesinos, um menino de 10 anos, tornou-se um símbolo da resistência ao golpe que derrubou, há dois meses, o presidente constitucional de Honduras, Manuel Zelaya

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Santayana: Uma oposição sem lastro


Uma oposição sem lastro

Por Mauro Santayana, no Jornal do Brasil

Talvez, em seu natural entusiasmo pelos êxitos nacionais, o presidente Lula credite ao governo muito do que se deve ao povo brasileiro. Ao contrário daqueles que a desdenham, a nossa gente tem sido muito melhor do que a sua sofrida história, feita sob a opressão de elites, nacionais e estrangeiras, insensíveis, hedonistas, e, em alguns momentos, cruéis. A oposição deveria reconhecer que a presença de um trabalhador na chefia do Estado estimulou a esperança e, com ela, os esforços dos que sempre estiveram “do outro lado da estrada de ferro”, para lembrar a expressão norte-americana.

O discurso do presidente, ontem, na Assembleia Geral das Nações Unidas, foi pragmático e sóbrio, mas com a pontuação do orgulho que os fatos permitem. Não tivemos, no atual governo, gênios harvardianos, como os houve, para nosso desengano, em passado recente. Provavelmente por estar munido mais de dú vida do que de certezas, pôde o governo confrontar-se com as crises políticas e econômicas, e manter o país produzindo. Não obstante os êxitos administrativos, ainda persistem, na equipe econômica, resíduos do pensamento neoliberal. Só assim, podemos entender a decisão de ampliar, de 12,5% a 20%, a participação estrangeira no capital do Banco do Brasil, de acordo com o noticiário. Trata-se de um dos mais importantes instrumentos da política macroeconômica do Estado, como se tornou claro na crise recente. É óbvio que, quanto maior for a participação estrangeira no banco – mesmo sem direito a voto – menor será a margem de liberdade do governo. Se o presidente meditar o assunto, naturalmente reverá sua posição, se já a tomou. Lula tem combatido a abertura do capital da Petrobras aos estrangeiros, e com razão.

É provável que o governo tenha incorrido mais em erros políticos internos do que administrativos, na condução da sociedade. O presidente, por exemplo, não conseguiu superar o afeto pessoal por alguns de seus companheiros, em momentos de algumas escolhas republicanas. Voltando ao dia de ontem e a Nova York, seu discurso foi também corajoso, ao reafirmar a responsabilidade do Estado na orientação da economia, e debitar à falida ditadura do mercado os riscos que a comunidade internacional correu – e ainda corre – em decorrência da excessiva liberdade concedida aos operadores financeiros. O presidente está em seus melhores dias, diante do reconhecimento internacional do desempenho brasileiro, e dos resultados econômicos da opção pela distribuição de parcela da renda tributária aos mais pobres. Os números do Pnad e outros indicadores lhe dão razão.

Não há nada, no entanto, que favoreça mais o presidente Lula do que a oposição que as circunstâncias lhe arranjaram. Ela se agita, no Parlamento, e fora dele, como diminutas mariposas na teia da aranha. Ainda nestas horas , é bom exercício intelectual assistir à tentativa de tachar a atitude brasileira, no caso de Honduras, como irresponsável – quando o mundo inteiro a reconhece necessária e correta. O alvo maior é o Itamaraty. Alguns diplomatas já retirados da carrière, de notória vinculação com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, orquestram seus ataques à equipe responsável pela política externa, falando dos riscos que o Brasil assumiu em Honduras, ao conceder refúgio ao presidente Manuel Zelaya. Ora, a vida de cada um de nós é sucessão permanente de riscos, e a vida dos Estados, uma instituição humana, não é diferente. Que diriam esses senhores se houvéssemos fechado os portões da embaixada e – o que era provável nas circunstâncias de Tegucigalpa – o presidente deposto tombasse assassinado na soleira do edifício, na fronteira do espaço conferido à soberania brasileira pelas regras diplomáticas internacionais? Não se preocupem: diriam que o Itamar aty fora irresponsável, ao não conceder o refúgio.

Quando Juscelino escolheu Israel Pinheiro para dirigir a companhia construtora de Brasília, os jornais da oposição disseram que o presidente fora leviano, ao nomear um “advogado” para a tarefa. Alguém sugeriu a Israel que revelasse sua condição de engenheiro. Astuto conhecedor da política, respondeu que não o faria. “Se eu disser que sou engenheiro, vão encontrar outro pretexto contra meu nome”.

O presidente deve agradecer também ao tartamudeio da oposição, dotada mais de preconceituosa arrogância do que de inteligência política, parte dos altos índices de popularidade interna e do respeito externo. O país merece melhor oposição
Fonte: Vi o Mundo

Alencar: Brasil deve ter a bomba


Alencar defende que Brasil tenha armas nucleares

Presidente em exercício diz que isso serviaria como 'fator de dissuasão' e para 'dar mais respeitabilidade'

Tânia Monteiro, no Estadão

BRASÍLIA - Em uma declaração polêmica, o presidente em exercício José Alencar defendeu nesta quinta-feira que o Brasil tenha armas nucleares como importante "fator de dissuasão" e para "dar mais respeitabilidade" ao País. "A arma nuclear utilizada como instrumento dissuasório é de grande importância para um país que tem 15 mil quilômetros de fronteiras a oeste e tem um mar territorial e, agora, esse mar do pré-sal de 4 milhões de quilômetros quadrados de área", declarou Alencar.

Na conversa com jornalistas, em seu gabinete, em Brasília, Alencar, ao ressaltar a necessidade de o Brasil ter meios para proteger seu patrimônio, citou o caso do Paquistão, que, segundo o vice, embora seja um país pobre, tem assento em vários organismos internacionais, justamente por ter a bomba atômica. "Eles sentam à mesa porque eles têm arma nuclear. É vantagem? É, até do ponto de vista de dissuasão é. É importante", observou.

Na opinião do presidente em exercício, "nós, brasileiros, às vezes somos muito tranquilos. Nós dominamos a tecnologia da energia nuclear, mas ninguém aqui tem uma iniciativa para avançar nisso. Temos que avançar nisso aí". Em seguida, Alencar passou a pregar também a necessidade de aumento do orçamento das Forças Armadas e da vinculação deste orçamento ao PIB. "Precisa ter uma percentualidade do PIB entre 3% e 5%, que daria muita força para o sistema de defesa, que precisa de cuidado e está abandonado há muito tempo", comentou Alencar, que já foi ministro da Defesa.

O presidente em exercício disse que este avanço nas pesquisas tem de ser para fins pacíficos, mas o fato de ter o artefato, "reforça" o poder do país. "Não estou dizendo que o Brasil vai fazer isso ou não e nem quero dizer se quero ou se não quero. Estou fazendo uma análise como brasileiro. Se nós estivéssemos nessas condições, imagina o que seria o Brasil? A respeitabilidade do país cresceria muito. Tem aquela frase `a força é o direito e a justiça é o poder do mais forte'", emendou.

As declarações de José Alencar foram dadas no mesmo dia que o Conselho de Segurança (CS) das Nações Unidas aprovou uma resolução com o fim de conter a disseminação das armas nucleares no mundo. O Conselho, com cinco membros permanentes e dez rotativos, passou a medida por unanimidade. O Brasil reivindica um assento no Conselho. Anteontem, Lula se reuniu por mais de uma hora, com o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, e fez uma enfática defesa do colega iraniano, apoiando, inclusive, o direito de Teerã enriquecer urânio, material das bombas nucleares.

Questionado se esta declaração de defesa de armas nucleares não precisaria de mudanças na Constituição, Alencar lembrou que somos signatários do Tratado de Não proliferação de Armadas nucleares, mas, em seguida, emendou: "eu acho que isso é tudo negociado, é tudo conversado".

Alencar retornou de São Paulo na noite de quarta-feira, depois de mais uma sessão de quimioterapia. Na semana que vem, Alencar reassume a presidência, com a ida de Lula para a Europa.

Fonte: Vi o Mundo

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Uma resposta ao conceito da Rede Globo de democracias autoritárias


Quem é autoritário?

Os donos da mídia e seus aliados nas Américas já definiram que os atuais governos de nossos vizinhos Argentina, Bolívia, Equador e Venezuela são regimes “autoritários populistas” onde se tenta implantar “legislações autoritárias e anti-democráticas” (que tramitam regularmente nos respectivos Congressos).

Venício Lima

Na tipologia dos sistemas políticos – diz o clássico “Dicionário de Política” organizado por Bobbio, Matteucci e Pasquino – o adjetivo autoritário refere-se aos “regimes que privilegiam a autoridade governamental e diminuem de forma mais ou menos radical o consenso, concentrando o poder político nas mãos de uma só pessoa ou de um só órgão e colocando em posição secundária as instituições representativas” (EdUnB, 1986, p. 95).

E prossegue: “Os regimes autoritários se caracterizam pela ausência de Parlamento e de eleições populares ou quando tais instituições existem pelo seu caráter meramente cerimonial e ainda pelo indiscutível predomínio do Executivo. (...) A oposição política é suprimida ou obstruída. O pluralismo partidário é proibido ou reduzido a um simulacro” (p. 100).

Pergunto ao leitor(a) se caberiam na definição de sistema político autoritário os atuais regimes da Argentina, da Bolívia, do Equador e da Venezuela onde os Parlamentos funcionam, a Oposição política está ativa, existe pluralismo partidário e realizam-se eleições democráticas periódicas, inclusive, com fiscalização de organismos multilaterais.

Independente de sua reposta, leitor(a), os donos da mídia e seus aliados nas Américas já definiram que os atuais governos de nossos vizinhos Argentina, Bolívia, Equador e Venezuela são regimes “autoritários populistas” onde se tenta implantar “legislações autoritárias e anti-democráticas” (mesmo que através de projetos de lei que tramitam regularmente nos respectivos Congressos Nacionais).

Autoritário, portanto, já há algum tempo, passou a ser o adjetivo utilizado uniformemente pela grande mídia, em toda a região, quando se refere aos governos democráticos de Argentina, Bolívia, Equador e Venezuela.

Liberalismo antidemocrático
Na melhor tradição da história política latinoamericana, o “liberalismo” praticado pelos donos de jornal do Continente, está a redefinir o adjetivo autoritário para rotular qualquer regime ou governo ou decisão judicial que contrarie seus interesses econômicos e/ou ideológicos. E ainda mais, busque estabelecer regras de funcionamento que garantam a competição em nome da pluralidade e da diversidade democrática, como acontece para qualquer outra atividade nas economias de mercado.

Esta tem sido a posição histórica da SIP, Sociedade Interamericana de Imprensa (as iniciais são em espanhol), reiterada no “Fórum de Emergência sobre Liberdade de Expressão” realizado no dia 18 pp., em Caracas, precisamente a capital do país considerada (pela SIP) a “fonte de irradiação de perseguição à mídia na região”.

O representante brasileiro no Fórum da SIP foi o diretor-executivo da Associação Nacional de Jornais (ANJ), Ricardo Pedreira que, segundo noticiou a Folha de São Paulo disse que “o país está em melhor situação que os seus vizinhos, mas expressou preocupação com decisões judiciais que exercem "censura prévia".

Omissão parcial
A repercussão das posições do Fórum da SIP na mídia brasileira foi, por óbvio, grande. Editorias e artigos de conhecidos colunistas reforçam as acusações de autoritarismo e, até mesmo, de totalitarismo. Mas, como se fosse ainda necessário exemplificar o tipo de pluralismo e diversidade que praticam nossos jornalões, nem todos deram a devida dimensão ou simplesmente omitiram o discurso relativamente destoante de um dos convidados da SIP, o ex-presidente boliviano, Carlos Mesa.

A curiosidade aqui é que Carlos Mesa, como José Sarney no Brasil, é ex-presidente, concessionário de radiodifusão e, antes de ser presidente da Bolívia, era historiador e membro da Academia Boliviana de História.

José Sarney, afirmou no último dia 15/09, em discurso pronunciado no Senado Federal:

“quem representa o povo? Diz a mídia: somos nós; e dizemos nós, representantes do povo: somos nós. É por essa contradição que existe hoje, um contra o outro, que, de certo modo, a mídia passou a ser uma inimiga das instituições representativas”.

Carlos Mesa, convidado dos donos de jornal, não concordou integralmente com a surrada posição da SIP e disse:

“Quando um meio, diante da falta de partidos políticos, tem de fazer o que os partidos não podem fazer, perde o equilíbrio e a objetividade. (...) O problema dos políticos e dos meios de comunicação que estão em confronto com esses governos autoritários é que seguem pensando com a mentalidade preexistente, partindo do pressuposto de que estão contra ditaduras quando se trata de ditaduras eleitas e, portanto, não são ditaduras. Têm tendências autoritárias? Sim. Mas não serão derrotados como ditaduras militares porque o fenômeno é diferente. É preciso reconquistar o eleitor. Senão, não haverá vitória. (...) A realidade é que os meios defendem interesses que vão além do interesse coletivo. Se não se reconhecer isso, estaremos enganando a nós mesmos”
(cf. Folha de São Paulo, 19/9/2009; “Perseguição à mídia pauta fórum em Caracas” e “ "Lógica não é a mesma de luta antiditaduras".

O velho ainda resiste
Não há dúvida que estamos atravessando um momento de transição dos modelos tradicionais de mídia (unidirecionais e oligopolistas) que deverão dar lugar às novas realidades geradas pela revolução digital e pela interatividade potencial da internet. Os tempos de alinhamento automático entre as velhas oligarquias políticas da América Latina e os donos da mídia – muitas vezes, os mesmos grupos familiares – estão chegando ao fim. E as contradições afloram onde menos se espera.

Alguns parecem constatar que o velho discurso da liberdade de imprensa ameaçada tornou-se insustentável diante de uma cidadania cada vez melhor informada. Outros resistem com as poderosas armas que ainda controlam e ameaçam até mesmo o próprio processo democrático para garantir a sobrevivência de seus velhos interesses.

Nunca será demais lembrar as palavras célebres do Juiz Byron White da Suprema Corte dos Estados Unidos, em sentença proferida há 40 anos:

“É o direito dos espectadores e ouvintes, não o direito dos controladores da radiodifusão, que é soberano”.

Ao que parece a SIP e seus aliados, inclusive no Brasil, ainda não se deram conta de que os novos tempos serão do cidadão, sujeito exclusivo do direito à comunicação.

é Pesquisador Sênior do Núcleo de Estudos sobre Mídia e Política da Universidade de Brasília - NEMP - UNB

Uma imagem para contrariar o Jornal Nacional da Rede Globo



A Rede Globo hoje no Jornal Nacional poderia pelo menos mostrar o apoio do governo eleito do presidente Manuel Zelaya, mas como sempre só mostra o que lhe interessa, ou seja, manipular o povo brasileiro com suas meias verdades, quando não são mentiras.

Veemência de Lula força ação da ONU em Honduras



(Carta Maior, com agências; 23-09)
O secretário geral Ban Ki-moon suspendeu temporariamente a assistência técnica atualmente dada pela ONU ao Supremo Tribunal Eleitoral de Honduras, por não acreditar que haja condições neste momento de se fazer eleições com um mínimo de credibilidade e capazes de devolver a paz e a estabilidade ao país. O regime do golpe tentava impingir uma votação com os adversários acuados e a imprensa sob controle. O secretário também apoiou as tentativas regionais de mediação. Nada disso aconteceria sem a cobrança enfática de Lula, ante o cerco à embaixada brasileira, ao abrir a Assembléia Geral. O artigo é de Argemiro Ferreira.

A Rede Globo golpista se assanha com o golpe em Honduras


Uma análise bem interessante da pesquisa do Ibope (Globobe)


A pesquisa do Globobe só não é pior do que a do Data-da-Folha
Amigo navegante, acompanhe abaixo como Flavio Luiz desmancha o Globope.

Uma “Proconsult” para tirar votos da Dilma e dar à Marina Silva.
É o “fator Delta”, que o Ali Kamel conhece muito bem.

Zé Pedágio deve estar em pânico.

Imagine se o Globope fosse a Heliópolis …

Paulo Henrique Amorim

Flávio Luiz Sartori

Enviado em 23/09/2009

Paulo Henrique Amorim, peço a você que me desculpe voltar aqui mas as informações do relatório técnico da pesquisa IBOPE/CNI divulgados no site do próprio IBOPE demonstram que a pesquisa foi pura manipulação:

RELATÓRIO DA PESQUISA CNI/IBOPE DO PRÓPRIO IBOPE TEM COTAS DE ENTREVISTADOS COM CURSO SUPERIOR ACIMA DOS NÚMEROS DO IBGE E DO TSE.
O IBOPE divulgou relatório com informações sobre as cotas de entrevistados e os números comprovam que na amostragem usada pelo IBOPE nas cotas referentes a escolaridade dos entrevistados existem diferenças muito grandes em relação aos números oficiais do IBGE e do TSE.

De acordo com o TSE a escolaridade do eleitorado brasileiro é de 6,13% de Analfabetos, 56,84% que só chegaram até o Ensino Fundamental, inclusive nas versões antigas, 30,71% que chegaram até o Ensino Médio e 6,20% que chegaram até o Ensino Superior, sendo que 0,12% não responderam a pergunta do TSE sobre escolaridade.

No relatório divulgado pelo IBOPE os números referentes a escolaridade das cotas dos 2.002 eleitores entrevistados na pesquisa são os seguintes: 32% de entrevistados que cursaram somente até a 4ª série, 22% de entrevistados que chegaram até a 8ª série com a soma dos dois ítens representando 54% dos entrevistados que tem escolaridade somente até o nível conhecido hoje como Ensino Fundamental.

Em relação ao Ensino Médio (antigo Segundo Grau) foi adotada uma cota de 33% de entrevistados da amostragem geral de 2.002 pessoas.

Nessas duas cotas as diferenças são pequenas, em torno de no máximo 3 pontos, mas com números apertados, como por exemplo no empate de 14% de Ciro e Dilma em uma das hipótese pesquisadas pelo IBOPE, eles fazem uma boa diferença.

Mas é na cota dos entrevistados por escolaridade com Curso Superior é que esta a diferença que provavelmente permitiu ao IBOPE ter números que certamente definiram a queda de Dilma e as subidas de Ciro e Marina,. De acordo com o relatório do IBOPE a cota de entrevistados com escolaridade a nível universitário na amostragem da pesquisa foi de 13%, enquanto que pelos numeros do TSE eles representam 6,2% dos eleitores brasileiros, ou seja o IBOPE praticamente somou os 6,13% de eleitores Analfabetos que fazem parte dos números do TSE com a cota real do próprio TSE de eleitores com Curso Superior e criou sua própria cota de entrevistados de 13% com Curso Superior.

Essa manobra com os números permitiu que candidatos, como por exemplo, a Senadora Marina Silva, na hipotese 19 na página 97 do relatório, tivessem 14% de intenções de votos entre os entrevistado com Curso Superior, 13% entre os entrevistados com escolaridade a nível de Ensino Fundamental e 8% com escolaridade a nível de Ensino Médio.

Supondo que o IBOPE utilizasse a cota real de entrevistados com Curso Superior do TSE, ao inves de entrevistar 263 pessoas que correspondem aos 13% com curso superior do total de 2.002 entrevistados da amostragem geral da pesquisa , que fizeram parte da amostragem do IBOPE, tivesse entrevistado 124 (6,2%) pessoas, nesse caso as intenções de votos de Marina Silva certamente cairiam praticamente para a metade dos números que ela conseguiu com a cota utilizada pelo IBOPE. Como a candidata Dilma Roussef teve uma intenção de votos de 34% pelos números do IBOPE na cota de entrevistados por escolaridade a nível de Ensino Fundamental e 18% a nível de Ensino Médio, levando em consideração que 6,13% da cota de Analfabetos estão na cota do Ensino Superior nos números do IBOPE, somando a isso o fato de que os Analfabetos fazem parte do contingente de eleitores, apesar de não serem obrigados a votar, o certo seria os Analfabetos não fazerem parte da amostragem ou serem incorporados aos que cursaram até a quarta série. Dessa forma os números certamente seriam maiores para Dilma e ela ao invés dos 14% que teve certamente teria tido de 16% a 17% das intenções de votos na hipótese pesquisada.
No item rejeição também a manobra dos números do IBOPE permitiu que fosse criado os 40% de Dilma Roussef, com a cota de entrevistados com Curso Superior em dobro ficou mais fácil chegar aos 54% de entrevistados com Curso Superior que responderam que não votariam em Dilma Roussef, se a cota fosse dos 6,2% referentes aos números do TSE, certamente que os 54% não existiriam e na média Dilma não chegaria aos 40%. Por outro lado o peso da cota em dobro ajudou a Senadora Marina Silva a ter uma rejeição menor entre os entrevistados com Curso Sperior e a tirar percentuais importantes de Dilma nas cotas por Ensino Fundamental e Médio fazendo a média da ministra subir nos números finais.

Finalmente é importante salientar que a pesquisa não incluiu a intenção de votos espontâneos, apenas na pergunta 17 na pagina 91 do relatório foi feita uma pergunta sem citar o cartão para escolha, mas a pergunta fala em “se os candidatos fossem estes”, o que significa que os eleitores leram os nomes dos candidatos de alguma forma, então que espécie de espontaneidade foi essa?
Infelizmente a pesquisa do IBOPE foi uma tentaiva de manipular os números e tentar convencer as pessoas, ou melhor influenciar a opinião pública, que o Presidente Lula não conseguirá ter retorno no apoio a um candidato, no caso candidata.

Flavio Luiz Sartori
Leia relatório
(*)Não tem nada a ver com cólon. São os colonistas do PiG (**) que combatem na milícia para derrubar o presidente Lula. E assim se comportarão sempre que um presidente no Brasil, no mundo e na Galáxia tiver origem no trabalho e, não, no capital. O Mino Carta costuma dizer que o Brasil é o único lugar do mundo em que jornalista chama patrão de colega. É esse pessoal aí.
Lambido do amigo Oni Presente.

Leia mais no Terror do Nordeste

A Rede Globo Golpista faz escárnio da inteligência do povo brasileiro


A Rede Globo, através do Jornal Nacional faz campanha a favor dos golpistas de Honduras,  ao mesmo tempo que coloca seus simpatizantes para criticar o governo Lula. É vergonhosa esta canal mentiroso, golpista.

Se propor um plebiscito ou referendo ou qualquer instrumento de consulta ao povo for ato de golpe o neobobo FHC deveria ter sido deposto.

A Rede Globo, caro leitor está nem aí para a tua inteligência ou o que você pense ou deixe de pensar, o que interessa é dizer as suas "verdades" através das mentiras.

Amorim: mídia do Brasil vê crise enquanto o mundo vê oportunidade

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou nesta quinta-feira (24), em Nova York, que a imprensa tem tratado o retorno de Zelaya a Honduras como uma crise, mas a situação deve ser encarada como uma oportunidade para resolver o problema no país.

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou nesta quinta-feira, em Nova York, que a imprensa tem tratado o retorno de Zelaya a Honduras como uma crise, mas a situação deve ser encarada como uma oportunidade para resolver o problema no país.

"Muito da mídia brasileira diz que a volta do Zelaya criou uma crise. Mas a secretária de Estado (americana, Hillary Clinton), o secretário-geral da OEA (Organização dos Estados Americanos, José Miguel Insulza), todos eles viram isso como uma oportunidade para resolver o problema", afirmou.

"Essa oportunidade, no caso, envolve riscos. Mas é uma oportunidade para que haja um diálogo, que é o que nós estamos querendo propiciar."

"Agora, para que haja um diálogo, é preciso que se abra o aeroporto, deixe que o avião chegue lá, uma missão da OEA chegue lá. Ou outra missão, se quiser ir o (ex) presidente (dos Estados Unidos, Jimmy) Carter, se quiser ir o presidente (da Costa Rica, Óscar) Arias."

Aeroportos

Nesta quinta-feira, o governo interino de Honduras autorizou a reabertura dos aeroportos do país pela primeira vez desde a última segunda-feira, quando Zelaya retornou à capital, Tegucigalpa, e se refugiou na embaixada brasileira. Mas apenas vôos domésticos estão autorizados. Vôos internacionais foram proibidos.

A OEA anunciou que enviará uma missão a Honduras ainda neste final de semana e determinou o retorno dos embaixadores que haviam se retirado após a deposição de Zelaya.

Na sexta-feira, o Conselho de Segurança da ONU deverá realizar uma reunião para discutir a crise em Honduras.

Zelaya foi deposto em 28 de junho. Ele foi preso em sua casa, ainda de pijamas, por um grupo de militares e levado ao exílio na Costa Rica.

A comunidade internacional não reconhece o governo interino instalado após a deposição, comandado por Roberto Micheletti, e considera Zelaya o presidente legítimo de Honduras.

"Não estou dizendo que seria correto ou que seria justo (as medidas tomadas por Zelaya, que provocaram sua deposição), mas que há procedimentos corretos para fazer isso. Não é pegar um fuzil, colocar na cabeça de um Presidente da República e sequestrá-lo para outro país", disse Amorim.

Fonte: BBC Brasil
24 de Setembro de 2009

A Rede Globo criou o conceito de ditadura democrática.


A decisão soberana e corajosa do governo Lula de conceder refúgio ao presidente Manuel Zelaya na embaixada brasileira em Tegucigalpa tirou, de vez, a máscara da direita nativa e de sua mídia fascista no tratamento do golpe em Honduras. Na prática, eles sempre torceram pelos golpistas, tratando o presidente eleito democraticamente de “chavista” e omitindo as notícias da repressão, prisões e mesmo da censura aos poucos veículos independentes deste país – as quatro oligarquias que controlam a mídia hondurenha apoiaram deste o início a truculenta quartelada militar.

Agora, tucanos, demos e o grosso da mídia direitista torcem para que haja um derramamento de sangue na embaixada brasileira. Seria a forma mais rápida de abortar os crescentes protestos pelo retorno da democracia ao país e, de quebra, de desgastar o governo Lula. O Globo desta quarta-feira (23) estampou na capa que “ação do Brasil acirra a crise e tensão cresce em Honduras”. O jornal insinua que Zelaya e Lula seriam os culpados por qualquer ato de violência; os golpistas, que transformaram o país num cemitério e já detiveram milhares de pessoas, são inocentados. O editorial da Folha, saudosa da “ditabranda”, acusa a diplomacia brasileira de “aventureira”.

Tucanos enciumados na TV Globo

A manipulação é das mais repugnantes. Nas redes de televisão, que são uma concessão pública, as mentiras ganham alcance de massas. No jornal matinal da TV Globo, Alexandre Garcia, que foi assessor do ditador João Figueiredo (exonerado porque pousou semi-nu numa revista), insiste em rotular Zelaya de “golpista”. Já na Globo News, o ancora André Trigueiro joga o seu passado no lixo e debocha da diplomacia brasileira. Tendencioso, entrevista apenas diplomatas tucanos, sem revelar suas origens. O ex-embaixador Rubens Barbosa, enciumado, torce: “É possível o confronto. O governo de Honduras já disse que responsabilizará o Brasil”. Já o ex-chanceler Luiz Felipe Lampreia, rancoroso, esbraveja: “Zelaya está fazendo da embaixada uma tribuna”.

Guiados pela mídia, senadores tucanos usam a tribuna para criticar os presidentes Zelaya e Lula. Afirmam que o presidente hondurenho é um populista e que Lula deu um palanque político para o seu retorno ao governo. Eduardo Azeredo, autor do AI-5 Digital, e o aloprado Artur Virgilio bem que poderiam oferecer seus serviços de consultoria golpista para os “gorilas” de Honduras. Temerosos com os avanços das forças progressistas e de esquerda na América Latina, a direita nativa e sua mídia venal não vacilam mais em defender os golpistas. A democracia que se dane!

Fonte: Altamiro Borges - A direita quer sangue em Honduras.

Comentários de Olhos do Sertão: sim, a Rede Globo defendeu ontem a noite no jornal da noite os golpistas hondurenhos, mas se coisa parasse aí estaria tudo bem, pelo menos esta rede golpista volta aos bons tempos quando apoiava a ditadura brasileira.

No entanto, ela foi mais além e criou um conceitos de "ditadura democrática"  e "democracia ditatorial".  Bem, ela deu exemplos. Os golpistas de Honduras querem criar uma ditadura democrática quando irá defender os interesses do povo. Nas entrelinhas, lembrou quando defendia a ditadura brasileira durante a sua existência. E a democrática ditatorial é representada pelo Chaves, governo que passou por referendos, várias eleições, mas que segundo a Rede Globo é uma ditadura.

Na verdade, o que quer a Rede Globo? Quer um regime que defenda os seus interesses e os interesses dos seus, seja no Brasil ou em qualquer parte do mundo.

A Rede Globo se sente representada pelos golpistas e faz escárnio do governo brasileiro e dos interesses de nosso país - Brasil. Eles perderam a mínima vergonha ao defender  os golpistas em Honduras.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Por que a América Latina é hoje o lugar mais estimulante do mundo?


América Latina é hoje o lugar mais estimulante do mundo"

Em entrevista ao La Jornada, Noam Chomsky fala sobre a América Latina, definindo-a como uma das únicas regiões do mundo onde há uma resistência real ao poder do império. "Pela primeira vez em 500 anos há movimentos rumo a uma verdadeira independência e separação do mundo imperial. Países que historicamente estiveram separados estão começando a se integrar. Esta integração é um pré-requisito para a independência. Historicamente, os EUA derrubaram um governo após outro; agora já não podem fazê-lo", diz Chomsky.

La Jornada

A América Latina é hoje o lugar mais estimulante do mundo, diz Noam Chomsky. Há aqui uma resistência real ao império; não existem muitas regiões das quais se possa dizer o mesmo. Entrevistado pelo La Jornada, um dos intelectuais dissidentes mais relevantes de nossos tempos assinala que a esperança e a mudança anunciada por Barack Obama é uma ilusão, já que são as instituições e não os indivíduos que determinam o rumo da política. Em última instância, o que Obama representa, para Chomsky, é um giro da extrema direita rumo ao centro da política tradicional dos Estados Unidos.

Presente no México para celebrar os 25 anos de La Jornada, o autor de mais de cem livros, lingüista, crítico antiimperialista, analista do papel desempenhado pelos meios de comunicação na fabricação do consenso, explica como a guerra às drogas iniciou nos EUA como parte de uma ofensiva conservadora contra a revolução cultural e a oposição à invasão do Vietnã. Apresentamos a seguir a íntegra das declarações de Chomsky ao La Jornada:

A América Latina é hoje o lugar mais estimulante do mundo. Pela primeira vez em 500 anos há movimentos rumo a uma verdadeira independência e separação do mundo imperial. Países que historicamente estiveram separados estão começando a se integrar. Esta integração é um pré-requisito para a independência. Historicamente, os EUA derrubaram um governo após outro; agora já não podem fazê-lo.

O Brasil é um exemplo interessante. No princípio dos anos 60, os programas de (João) Goulart não eram tão diferentes dos de Lula. Naquele caso, o governo de Kennedy organizou um golpe de Estado militar. Assim, o estado de segurança nacional se propagou por toda a região como uma praga. Hoje em dia, Lula é o cara bom, ao qual procuram tratar bem, em reação aos governos mais militantes na região. Nos EUA, não se publicam os comentários favoráveis de Lula a Chavez ou a Evo Morales. Eles silenciados porque não são o modelo.

Há um movimento em direção à unificação regional. Começam a se formar instituições que, se ainda não funcionam plenamente, começam a existir, como é o caso do Mercosul e da Unasul.

Outro caso notável na região é o da Bolívia. Depois do referendo, houve uma grande vitória e também uma sublevação bastante violenta nas províncias da Meia Lua, onde estão os governadores tradicionais, brancos. Dezenas de pessoas morreram. Houve uma reunião regional em Santiago do Chile, onde se expressou um grande apoio a Morales e uma firme condenação à violência, o que foi respondido pelo presidente boliviano com uma declaração importante. Ele disse que era a primeira vez na história da América Latina, desde a conquista européia, que os povos tomaram o destino de seus países em suas próprias mãos sem o controle de um poder estrangeiro, ou seja, Washington. Essa declaração não foi publicada nos EUA.

A América Central está traumatizada pelo terror da era Reagan. Não é muito o que ocorre nesta região. Os EUA seguem tolerando o golpe militar em Honduras, ainda que seja significativo que não possa apoiá-lo abertamente.

Outra mudança, ainda que acidentada, é a superação da patologia na América Latina, provavelmente a região mais desigual do mundo. É uma região muito rica, sempre governada por uma pequena elite europeizada, que não assume nenhuma responsabilidade com o resto de seus respectivos países. Isso pode ser visto em coisas muito simples, como o fluxo internacional de bens e capitais. Na América Latina a fuga de capitais é quase igual à dívida. O contraste com a Ásia oriental é muito impactante. Aquela região, muito mais pobre, teve um desenvolvimento econômico muito mais substantivo e os ricos estão submetidos a mecanismos de controle. Não há fuga de capitais; na Coréia do Sul, por exemplo, ele é castigado com a pena de morte. O desenvolvimento econômico lá é relativamente igualitário.

O enfraquecimento do controle dos EUA
Havia duas formas tradicionais pelas quais os EUA controlavam a América Latina. Uma era o uso da violência; a outra, o estrangulamento econômico. Ambas foram debilitadas.

Os controles econômicos são agora mais fracos. Vários países se liberaram do Fundo Monetário Internacional através da colaboração. Também foram diversificadas as ações entre os países do Sul, processo no qual a relação do Brasil com a África do Sul e a China desempenhou um fator importante. Esses países passaram a enfrentar alguns problemas internos sem a poderosa intervenção dos Estados Unidos.

A violência não terminou. Ocorreram três golpes de Estado neste início de século XXI. O venezuelano, abertamente apoiado pelos EUA, foi revertido, e agora Washington tem que recorrer a outros meios para subverter o governo, entre eles, ataques midiáticos e apoio a grupos dissidentes. O segundo foi no Haiti, onde a França e os EUA depuseram o governo e enviaram o presidente para a África do Sul. O terceiro, em Honduras, foi de um tipo misto. A Organização dos Estados Americanos (OEA) assumiu uma postura firme e a Casa Branca teve que segui-la e proceder com muita cautela e lentidão. O FMI acaba de aprovar um enorme empréstimo a Honduras, que substitui a redução da ajuda do governo dos EUA. No passado, estes eram assuntos rotineiros. Agora, essas medidas (a violência e o estrangulamento econômico) ficaram debilitadas.

Os Estados Unidos estão reagindo e dando passos para remilitarizar a região. A Quarta Frota, dedicada à América Latina, que tinha sido desmantelada nos anos 1950, foi retomada, e as bases militares na Colômbia são um tema importante.

A ilusão de Obama
A eleição de Barack Obama gerou grandes expectativas de mudança para a América Latina. Mas são ilusões. Sim, há uma mudança, mas o giro é porque o governo de Bush foi tão ao extremo do espectro político estadunidense que qualquer coisa que se movesse iria para o centro. De fato, o próprio Bush, em seu segundo período, foi menos extremista. Desfez-se de alguns de seus colaboradores mais arrogantes e suas políticas foram mais moderadamente centristas. E Obama, de maneira previsível, continua com esta tendência.

Tivemos um giro rumo à posição tradicional. Mas qual é essa tradição? Kennedy, por exemplo, foi um dos presidentes mais violentos do pós-guerra. Woodrow Wilson foi o maior intervencionista do século XX. O centro não é pacifista nem tolerante. De fato, Wilson foi quem se apoderou da Venezuela, tirando os ingleses de lá, em função da descoberta de petróleo. Apoiou um ditador brutal. E dali seguiu rumo ao Haiti e à República Dominicana. Enviou os “marines” e praticamente destruiu o Haiti. Deixou nestes países guardas nacionais e ditadores brutais. Kennedy fez o mesmo. Obama é um regresso ao centro.

A história se repete com o tema de Cuba, onde, por mais de meio século, os EUA se envolveram em uma guerra, desde que a ilha ganhou sua independência. No princípio, esta guerra foi bastante violenta, especialmente com Kennedy, quando houve terrorismo e estrangulamento econômico, ao qual a maioria da população estadunidense se opõe. Durante décadas, quase dois terços da população tem estado a favor da normalização das relações, mas isso não está na agenda política.

As manobras de Obama rumaram em direção ao centro; suspendeu algumas das medidas mais extremas do modelo de Bush, o que até foi apoiado por boa parte da comunidade cubano-estadunidense. Moveu-se um pouco em direção ao centro, mas deixou muito claro que não haverá maiores mudanças.

As “reformas” de Obama
O mesmo ocorre na política interna. Os assessores de Obama durante a campanha foram muito cuidadosos em não deixá-lo comprometer-se com nada. As consignas foram “a esperança” e “a mudança, uma mudança na qual acreditar”. Qualquer agência de publicidade teria feito com que essas fossem as consignas, pois 80% do país pensavam que este andava por trilhos equivocados. McCain dizia coisas parecidas, mas Obama era mais agradável, mais fácil de vender como produto. As campanhas são só assuntos de técnica de mercado; assim entendem a si mesmas. Estavam vendendo a “marca Obama” em oposição à “marca McCain”. É dramático ver essas ilusões, tanto fora como dentro dos EUA.

Nos Estados Unidos, quase todas as promessas feitas no âmbito de reforma trabalhista, de saúde e energia ficaram quase anuladas. Por exemplo, o sistema de saúde é uma catástrofe. É provavelmente o único país no mundo onde não há uma garantia básica de atenção médica. Os custos são astronômicos, quase o dobro de qualquer outro país industrializado. Qualquer pessoa que tenha a cabeça no lugar sabe qual é a consequência de um sistema de saúde privado. As empresas não procuram saúde, mas sim lucro.

É um sistema altamente burocratizado, com muita supervisão, altíssimos custos administrativos, onde as companhias de seguros têm formas sofisticadas de evitar o pagamento de apólices, mas não há nada na agenda de Obama para fazer algo a respeito. Houve algumas propostas “light”, como, por exemplo, “a opção pública”, que acabou anulada. Se alguém ler a imprensa de negócios, encontrará que a capa da Business Week reportava que as seguradoras estavam celebrando a sua vitória.

Foram realizadas campanhas muito exitosas contra esta reforma, organizadas pelos meios de comunicação e pela indústria para mobilizar segmentos extremistas da população. É um país onde é fácil mobilizar as pessoas com o medo e colocar na cabeça delas todo tipo de idéias loucas, como a de que Obama vai matar as suas avós. Assim, conseguiram reverter propostas legislativas já por si débeis. Se, de fato, tivesse ocorrido um compromisso real no Congresso e na Casa Branca, isso não teria prosperado, mas os políticos estavam mais ou menos de acordo.

Obama acaba de fazer um acordo secreto com as companhias farmacêuticas para assegurar-lhes que não fará esforços governamentais para regular o preço dos medicamentos. Os EUA são o único país no mundo ocidental onde não se permite que o governo use seu poder de compra para negociar o preço dos medicamentos. Cerca de 85% da população se opõem, mas isso não significa diferença alguma, até que todos vejam que não são os únicos que se opõem a estas medidas.

A indústria petroleira anunciou que vai utilizar as mesmas táticas para derrotar qualquer projeto legislativo de reforma energética. Se os Estados Unidos não implantarem controles firmes sobre as emissões de dióxido de carbono, o aquecimento global destruirá a civilização moderna.

O jornal Financial Times assinalou com razão que se houvesse uma esperança de que Obama pudesse ter mudado as coisas, agora seria surpreendente que cumprisse minimamente suas promessas. A razão é que ele não queria mudar tanto assim as coisas. É uma criatura daqueles que financiaram sua campanha: as instituições financeiras, instituições de energia, empresas. Tem a aparência do bom moço, seria uma boa companhia para o jantar, mas isso é insuficiente para mudar a política; afeta-a muito pouco, na verdade. Sim, há mudança, mas é de um tipo um pouco mais suave. A política provém das instituições, não é feita por indivíduos. E as instituições são muito estáveis e muito poderosas. Certamente, encontram a melhor maneira de enfrentar os acontecimentos.

Mais do mesmo
Os meios de comunicação estão um pouco surpresos de que esteja regressando para o ponto onde sempre esteve. Reportam, é difícil não fazê-lo, mas o fato é que as instituições financeiras se pavoneiam de que tudo está ficando igual a antes. Ganharam. Goldman Sachs nem sequer tenta esconder que depois de ter arruinado a economia está entregando generosos bônus a seus executivos. Creio que no trimestre passado reportou os lucros mais altos de sua história. Se fossem um pouquinho mais inteligentes tentariam esconder isso.

Isso se deve ao fato de que Obama está respondendo aqueles que apoiaram sua campanha: o setor financeiro. Basta olhar quem ele escolheu para sua equipe econômica. Seu primeiro assessor foi Robert Rubin, responsável pela derrogação de uma lei que regulava o setor financeiro, o que beneficiou muito a Goldman Sachs; assim mesmo, ele se converteu em diretor do Citigroup, fez uma fortuna e saiu justo a tempo, antes do desastre. Larry Summers, a principal figura responsável pelo bloqueio de toda regulação dos instrumentos financeiros exóticos, agora é o principal assessor econômico da Casa Branca. E Timothy Geithner, que como presidente do Federal Reserve de Nova York, supervisionava o que ocorre, é o secretário de Tesouro.

Uma reportagem recente examinou alguns dos principais assessores econômicos de Obama. Concluiu-se que grande parte deles não deveria estar na equipe de assessoria do presidente, mas sim enfrentando demandas legais, pois estiveram envolvidos em manejos irregulares de contabilidade e em outros assuntos que detonaram a crise.

Por quanto tempo podem se manter as ilusões? Os bancos estão agora melhor do que antes. Primeiro receberam um enorme resgate do governo e dos contribuintes e utilizaram esses recursos para se fortalecerem. São maiores do que nunca, pois absorveram os mais fracos. Ou seja, está se assentando a base para a próxima crise. Os grandes bancos estão se beneficiando com uma apólice de seguros do governo que se chama “demasiado grande para quebrar”. Caso você seja um banco enorme ou uma grande casa de investimentos, é demasiado importante para fracassar. Se você é o Goldman Sachs ou o Citigroup, não pode fracassar porque isso derrubaria toda a economia. Por isso podem fazer empréstimos de risco, para ganhar muito dinheiro, e se algo dá errado, o governo se encarregará do resgate.

A guerra contra o narcotráfico
A guerra contra a droga, que se espalha por vários países da América Latina, entre eles o México, tem velhos antecedentes. Revitalizada por Nixon, foi um esforço para superar os efeitos da guerra do Vietnã, nos EUA. A guerra foi um fator que levou a uma importante revolução cultural nos anos 60, a qual civilizou o país: direitos da mulher, direitos civis. Ou seja, democratizou o território, aterrorizando as elites. A última coisa que desejavam era a democracia, os direitos da população, etc., razão pela qual lançaram uma enorme contraofensiva. Parte dela foi a guerra contra as drogas.

Ela foi desenhada para transportar a concepção da guerra do Vietnã: do que nós estávamos fazendo aos vietnamitas ao que eles não estavam fazendo a nós. O grande tema no final dos anos 60 nos meios de comunicação, inclusive os liberais, foi que a guerra do Vietnã foi uma guerra contra os EUA. Os vietnamitas estavam destruindo nosso país com drogas. Foi um mito fabricado pelos meios de comunicação nos filmes e na imprensa. Inventou-se a história de um exército cheio de soldados viciados em drogas que, ao regressar para casa, converteram-se em delinquentes, aterrorizando nossas cidades. Sim, havia uso de drogas entre os militares, mas não era muito diferente do que existia em outros setores da sociedade. Foi um mito fabricado. É disso que se tratava a guerra contra as drogas. Assim se mudou a concepção da guerra do Vietnã, transformando-a em uma guerra na qual nós éramos as vítimas.

Isso se encaixou muito bem com as campanhas em favor da lei e da ordem. Dizia-se que nossas cidades se desgarravam por causa do movimento anti-guerra e dos rebeldes culturais, e que por isso era preciso impor a lei e a ordem. Ali cabia a guerra contra a droga.

Reagan ampliou-a de maneira significativa. Nos primeiros anos de sua administração intensificou-se a campanha, acusando os comunistas de promover o consumo de drogas. No início dos anos 80, os funcionários que levavam a sério a guerra contra as drogas descobriram um incremento significativo e inexplicável de fundos em bancos do sul da Flórida. Lançaram uma campanha para detê-lo. A Casa Branca interveio e suspendeu a campanha. Quem o fez? George Bush pai, neste período o encarregado da guerra contra as drogas. Foi quando a taxa de prisões aumentou de maneira significativa, principalmente a prisão de negros. Agora o número de prisioneiros per capita é o mais alto do mundo. No entanto, a taxa de criminalidade é quase igual a dos outros países. É um controle sobre parte da população. É um assunto de classe.

A guerra contra as drogas, como outras políticas, promovidas tanto por liberais como por conservadores, é uma tentativa para controlar a democratização das forças sociais.

Há alguns dias, o Departamento de Estado emitiu sua certificação de cooperação na luta contra as drogas. Os três países que foram “descertificados” são Myamar, uma ditadura militar – não importa, está apoiada por empresas petroleiras ocidentais -, Venezuela e Bolívia, que são inimigos dos EUA. Nem México, nem Colômbia, nem Estados Unidos, em todos os quais há narcotráfico.

Um lugar interessante
O elemento central do neoliberalismo é a liberalização dos mercados financeiros, que torna vulneráveis os países que têm investimentos estrangeiros. Se um país não pode controlar sua moeda e a fuga de capitais, está sob o controle dos investidores estrangeiros. Eles podem destruir uma economia se não gostarem de algo que esse país faz. Essa é outra forma de controlar povos e forças sociais, como os movimentos operários. São reações naturais de um empresariado muito concentrado, com grande consciência de classe. Claro que há resistência, mas fragmentada e pouco organizada e por isso podem seguir promovendo políticas às quais a maioria da população se opõe. Às vezes isso chega ao extremo.

O setor financeiro está o mesmo que antes; as seguradoras de saúde ganharam com a reforma de saúde, as empresas de energia ganharam com a reforma do setor, os sindicatos perderam com a reforma trabalhista e, certamente, a população dos EUA e do mundo perde porque a destruição da economia é grave por si mesma. Se o meio ambiente é destruído, os que mais sofrerão serão os pobres. Os ricos sobreviverão aos efeitos do aquecimento global.

Por isso a América Latina é um dos lugares no mundo hoje verdadeiramente interessantes. É um dos lugares onde há uma verdadeira resistência a tudo isso. Até onde chegará? Não se sabe. Não me surpreenderia com um giro à direita nas próximas eleições na América Latina. Mesmo assim, terá se conseguido um avanço que assenta as bases para algo mais. Não há muitos lugares no mundo dos quais se possa dizer o mesmo.

Tradução: Katarina Peixoto