Por Davis Sena Filho — Blog Palavra Livre
"Abutres são
abutres e nada mais"
Lula teve câncer na
laringe. A notícia correu pelo Brasil há alguns meses. Os jornalistas de
oposição e os que apenas repercutem a agressividade de seus patrões e de seus
leitores contra o político estadista se mobilizaram freneticamente e correram
para o Hospital Sírio-Libanês, onde o presidente mais popular da história do
Brasil estava a fazer os exames e procedimentos normais, comuns aos que são
vítimas dessa doença, com o propósito de combatê-la e vencê-la.
Contudo, o que
realmente me chamou a atenção naqueles dias foram alguns jornalistas
pertencentes aos quadros da imprensa de mercado e de seus leitores, que se
comportaram como abutres ou corvos, no sentido simbólico de se reportarem sem o
mínimo de educação e decência e civilidade quando se trata de atacar àquele que
eles consideram o inimigo a ser batido, mesmo quando esse “inimigo” político é
vítima de câncer ao tempo que amado por milhões e milhões de brasileiros, ao
ponto de sair da Presidência com índices gigantescos de aprovação ao seu
Governo, que atingiram o patamar de 87%, a superar os índices de popularidade
do mito Nelson Mandela quando o reconhecido político deixou a presidência da
África do Sul.
Lamentável e
desumano o papel de certos jornalistas e de seus leitores abutres, que
continuam a fazer campanhas nas redes sociais da maneira mais sórdida e infame
possível, que afrontam a dignidade humana. Lúcia Hipólito, Ricardo Noblat,
Arnaldo Jabor, Augusto Nunes e Reinaldo Azevedo, dentre muitos outros bate-paus
da imprensa burguesa, esmeraram-se em repercutir suas vilanias e a total falta
de senso crítico e de respeito à ética jornalística e aos cidadãos, que ficaram
e até hoje ficam a escutar comentários desrespeitosos, agressivos e levianos,
sem conteúdo informativo e que distorcem a verdade e a realidade dos fatos. É o
verdadeiro jornalismo de esgoto, praticado por essa imprensa em um tempo de 11
anos, desde que os governantes trabalhistas (Lula e Dilma) ascenderam ao poder.
Atacam o estadista
brasileiro da forma mais desrespeitosa possível. Lula foi o presidente e é
certamente o político mais agredido pela imprensa de negócios privados e pelos
pequenos mussolinis que infestam as redes sociais. A finalidade desses
despropósitos é desqualificar um dos maiores e importantes presidentes que a
República já teve juntamente com o grande estadista Getúlio Dornelles Vargas,
também vítima de pequenos e grandes abutres ou corvos, como era o corvo-mor da
elite brasileira, Carlos Lacerda, ídolo da direita política e empresarial e dos
nossos pequenos burgueses carregadores de vassouras à moda Jânio Quadros,
racistas e dedicados à causa deles, que é um dia enriquecer e impedir a
ascensão social dos milhões de brasileiros que saíram da linha de pobreza no
decorrer dos oito anos de Governo Lula. Uma classe média que também foi, e
muito, beneficiada pelo governo trabalhista do petista.
Entretanto, é
necessário salientar que desta vez o que me chamou e me chama a atenção foi o
comportamento dos leitores e ouvintes desses jornalistas, que se comportam como
leões-de-chácara dos interesses dos barões da imprensa, do grande empresariado
e da oposição partidária (PSDB-DEM-PPS) aos governos Lula e Dilma Rousseff. Por
intermédio das redes sociais, realizaram uma campanha de conotação fascista,
que pediu, de forma debochada e vil, para o político mais popular da história
deste País tratar sua doença no SUS (rede pública de Saúde que o povo dos
Estados Unidos não tem, e assunto da pauta política e governamental
estadunidense, que causa até hoje transtornos a Obama), que, por sinal, ficou
sem os R$ 40 bilhões da CPMF, criação dos tucanos, que, no decorrer do Governo
do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso — o Neoliberal I —, foram desviados
ilegalmente para outros setores da administração pública. O mesmo governo
neoliberal que vendeu o patrimônio público do Brasil e depois teve de ir pedir
esmolas ao FMI três vezes, de joelhos e com o pires nas mãos, porque,
incompetente e irresponsável, quebrou o País três vezes.
O jornalismo de
meias verdades, manipulado, distorcido e muitas vezes baseado em mentiras,
praticado pelos órgãos de comunicação privados e hegemônicos têm similares na
sociedade globalizada, individualista e de consumo — a sua alma gêmea: os
leitores, ouvintes e telespectadores coxinhas. Pessoas reacionárias,
ideologicamente de direita e que ocupam as redes sociais para disseminar
intolerância e preconceitos abissais, que diminuem a alma humana perante a
vida.
Eles formam uma
coletividade de uma perversidade que impressiona por sua ausência de
sentimentos nobres e humanos, mesmo quando o alvo, no caso o ex-presidente
Lula, ter sido vítima de uma enfermidade grave, como o é a realidade do câncer.
O líder trabalhista, que não os agrada, tanto no aspecto político, partidário e
ideológico quanto no que concerne à sua origem social pobre e nordestina. E é
por isto e por causa disto que nem na enfermidade, na doença lhe deram trégua,
porque a direita sabe — até mesmo os coxinhas de classe média “apartidários” e
“apolíticos” — que Lula, enquanto vivo e com saúde, será o peso que vai pender
a balança de todas as eleições para um lado, o lado trabalhista, a parte da
laranja que não é a deles. Os conservadores não se conformam.
Todavia, não são
apenas essas questões que incomodam os “fãs”, os consumidores (termo que os
neoliberais adoram) da Veja, de O Globo, do Estadão, do Correio Braziliense, da
Época, da Folha, das Organizações(?) Globo e do Zero Hora. O que incomoda mesmo
é ter de ver o Lula ser tratado em um hospital onde os ricos, os brancos, os
“bem” nascidos e os famosos são atendidos. O pior de tudo é que a imensa
maioria desses pequenos abutres é de classe média, consumidores beneficiados
por créditos (empréstimos, CDC, cheque especial, cartões especiais, consignados
etc.) oferecidos democraticamente a todos os brasileiros pelos programas de
governo dos trabalhistas Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva.
Esses fatores de
ascensão social para classe média coxinha e mauricinha não são chamados de
forma irônica e raivosa de “Bolsa Classe Média” ou “Bolsa Me Dei Bem” ou “Bolsa
Desejo e Sonho Realizados”. Por seu turno, o Bolsa Família, que ajuda a
desenvolver a economia brasileira, principalmente nas regiões mais pobres, como
a Nordeste e Norte é criticado, de forma injusta, preconceituosa e cruel. São
essas pessoas que agridem o Lula na internet; as que mais usufruem do acesso ao
crédito fácil, porque antes as diferentes classes médias e os pobres não tinham
direito a nada, a não ser ver novelas e beber cerveja em um barzinho, porque
até passagem de avião era difícil comprar.
Usufruíram tanto
dessas facilidades bancárias que hoje têm carros, móveis, produtos eletroeletrônicos
e da linha branca. Compraram imóveis, terrenos e viajaram e viajam muito, mas
nada reconhecem, porque quando se é escorpião, você não vai deixar de ferroar
também aquele que o beneficiou. Afinal, ouvintes e leitores de Jabor e de
Hipólito, de Azevedo e Nunes, da Globo e CBN não se preocupam com essas
“irrelevâncias” e “pequenos” detalhes, não é? A pequena burguesia não quer
saber de democracia política e econômica. Ela faz marchas e protestos contra a
corrupção e nunca contra os corruptores (empresários e seus lobistas) e usa as
vassouras janistas golpistas como armas. Não é assim?
O pequeno burguês
vive mentalmente em seu mundinho de playground, mesmo se ele viaja e conhece o
mundo, porque para ele ser cosmopolita é usar roupas de grife, ter seu emprego
garantido, estudar preferencialmente em universidade pública e ter ódio da
ascensão social de milhões de brasileiros, que passaram também a ter o direito
de ocupar os aeroportos e viajar de avião, o que faz com que as pessoas
coxinhas de Arnaldo Jabor, Lúcia Hipólito, Boris Casoy e José Nêumanne Pinto,
por exemplo, sintam-se enojadas com a presença da “plebe rude” audaciosa, que
não retrata a massa “cheirosa” e “limpinha” dos tucanos, tão elogiada no tempo
das eleições por Eliane Catanhêde, colunista coxinha da Folha de S. Paulo e que
faz aparições rocambolescas na Globo News, canal que tem milhares de
“especialistas” de prateleira e que o povo brasileiro não está nem aí para o
que eles dizem ou afirmam ou pensam ou deixam de afirmar ou pensar.
São esses mesmos cidadãos
de classe média coxinha — “tão evoluídos, inteligentes e superiores” — que
frequentam as redes sociais e os espaços dedicados às cartas e mensagens
publicadas nos jornais e revistas, com a finalidade de irradiar ou disseminar seus
preconceitos e desumanidades, que se transformam, irremediavelmente, em ódio
racial e de classe social. E Lula, para essa gente, é a representação simbólica
de tudo aquilo que não faz parte do conjunto de valores e princípios que a
classe média conservadora aprendeu com os seus pais e avós. Novamente volto a
citar o jornalista Joseph Pulitzer (1847/1911): “Com o tempo, uma imprensa
cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil quanto ela
mesma”. É isso aí.
Nenhum comentário:
Postar um comentário