Mais do que os seis pontos recuperados por Dilm,a a pesquisa mostra principalmente a fraqueza da oposição sem candidatos e grande possibilidade de Dilma vencer as eleições em primeiro turno .
Dilma vira o jogo!
Tijolaço
Os analistas da mídia vão demorar alguns dias para admitir isso de maneira franca e transparente. Mas os números do Datafolha
divulgados hoje mostram uma espetacular virada nas expectativas
políticas e eleitorais. Até então, os opositores de Dilma apostavam numa
degeneração constante e gradual da popularidade presidencial, arrastada
pelos protestos de junho, inflação crescente e deterioração geral de
índices econômicos.
Entretanto, política – especialmente no Brasil – é um jogo cheio de
reviravoltas surpreendentes. Quer dizer, talvez se tivéssemos olhado com
mais atenção pudésssemos ter previsto, mas depois que as coisas
acontecem é sempre mais fácil compreender o que aconteceu. Difícil é
entender o futuro.
Os seis pontos recuperados por Dilma em sua popularidade, passando de
30% para 36%, representam um golpe na campanha de grandes proporções
que setores de oposição vinham patrocinando, até então com sucesso, para
reverter a expectativa de uma vitória de Dilma em 2014. Era importante
que o “baixo astral” de Dilma se mantivesse até outubro, quando se
encerram prazos eleitorais importantes para as eleições de 2014.
A campanha, que tinha apoio eufórico da grande mídia, deu nos burros.
O desemprego se manteve firme, a inflação caiu, com ênfase na cesta
básica e transportes. A produção industrial registrou um sólido
crescimento em junho, com destaque para a indústria de bens de capital,
que cresceu quase 20% sobre o ano anterior.
O escândalo do propinoduto tucano, que a Istoé, redes sociais e
imprensa internacional, fizeram a mídia tradicional engolir à força,
cumpriu um papel fundamental de romper um dos últimos bastiões da
hipocrisia partidária, e produziu uma perigosa fissura na principal
fortaleza tucana, o Palácio dos Bandeirantes.
Os ânimos se acalmaram em relação aos protestos. A ficha parece ter
caído na população de que protestar é legal, mas com foco, objetivo,
métodos civilizados, e prazo. Há hora de protestar, há hora de comemorar
as conquistas, e há hora de trabalhar. Segundo o Datafolha, o apoio
popular aos protestos registrou forte queda. No auge deles, 65% achavam
que eles lhes trariam melhoras pessoais: agora são 49%.
Interessante notar que Dilma recuperou terreno principalmente no
Sudeste, onde seu índice de ótimo/bom cresceu de 26% em 28 de junho para
32% agora; e seu índice de ruim/péssimo caiu de 30% para 24%. Como se
diz em tempos eleitorais, a boca do jacaré voltou a se abrir.
Na análise segmentada por renda e escolaridade, a recuperação de
Dilma também é notável junto aos setores onde ela mais perdeu em junho:
classe média e mais escolarizados. Vale lembrar que Dilma, à diferença
de Lula, vinha se caracterizando por uma sólida popularidade nestes dois
segmentos, conforme se pode verificar na tabela abaixo, com dados até o
final de junho. Dilma possuía, até pouco tempo, muita força na classe
média, perdida subitamente após os protestos de junho; e que agora
inicia um processo de recuperação.
Observe que Dilma chegou a possuir 70% de ótimo/bom entre os que
ganham mais de 10 salários; era o seu maior índice, uma anomalia para um
governo progressista. Após os protestos, esse índice cai para 21%; e
agora está em 29%. Na faixa de renda mais representativa da classe
média, a que ganha entre 5 e 10 salários, o ótimo/bom de Dilma passou de
25% ao fim de junho para 32% agora, e o ruim/péssimo caiu de 31% para
26%.
À guisa de conclusão, podemos dizer que a recuperação de Dilma está
ligada à uma mudança de estratégia, com a presidente estabelecendo
diálogos com diversos movimentos sociais, coisa que não vinha fazendo
antes. Tudo que não pode acontecer é a melhora dos números fazer o staff
da presidente “relaxar” novamente e voltar a se isolar em seu
tecnicismo frio e apolítico. Falta ainda aprimorar, e muito, a
estratégia de comunicação, com uso mais assertivo, intenso e criativo
das redes sociais; seria ótimo que isso acontecesse antes do 7 de
setembro, data na qual os movimentos de protesto – desta vez com muita
participação de grupos truculentos, de um lado, e reacionários, de
outro, – devem usar para acordar novamente o “gigante”.
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