O animal político o qual se refere Aristóteles conseguiu sobrevier às intempéries da natureza e às poderosas mandíbulas dos predadores a uma política de organização e defesa do bem comum que era a própria vida e da espécie.
Alguns caçavam, outros cuidavam das crias, outros vigiavam e outros morriam em defesa da própria espécie e esta organização do bem comum se revelava na forma de pensar e se relacionar uns com outros.
Nesta linha de pensamento, tem-se na Grécia, berço da democracia, a invenção da política com leis e instituições (polis), onde as decisões eram tomadas através de muitas discussões e debates públicos.
Percebe-se pela definição que estamos bem distantes deste ideal, mesmo porque as decisões são tomadas por uma democracia representativa (herança do liberalismo) que está em processo de descrédito e falência (poucos se consideram representados nos poderes legislativos deste país).
Neste contexto, volta-se à Grécia nas leituras de CHAUI, 2000, o ideal de democracia e de política como a ideia da lei como a expressão da vontade de maioria coletiva que pensa, discute e decide por si mesma.
Nessa polis, surge a palavra como direito de cada cidadão de emitir sua opinião, discuti-la com os outros, persuadi-los a tomada de decisões. Aí temos a política como valorização do homem e de suas ideias que são colocadas para discussão, resultando assim em uma democracia direta (participativa).
No Brasil temos experiências de democracia participativa com as experiências dos orçamentos participativos que foram objetos de pesquisas, inclusive de alguns países. A pouca experiência de “participação” e uso da “palavra argumentativa” de nosso povo são alguns dos obstáculos desta experiência que trouxe bons resultados como em Porto Alegre.
No entanto, a despeito dessas experiências e do pouco interesse de participação do cidadão, importante perguntar: que animal político temos no século XXI.
BORBA, Julian. Ciência Política. Florianópolis :SEaD/UFSC. 2006.
CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia Ed. Ática, São Paulo, 2000.
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