Translate / Tradutor

domingo, 31 de julho de 2011

Bolivianos sofrem em São Paulo o mesmo preconceito de nordestinos.



A humanidade, infelizmente, não aprende com os seus erros. E o Brasil e o povo brasileiro precisam provar, agora, que são solidários. 

E não podemos deixar de sermos um povo oprimido para sermos um povo opressor.

Não podemos cometer o mesmo erro dos EUA: ser um país rico em meio à miséria na América Latina. 

Autor(es): Alana Rizzo e Izabelle Torres
Correio Braziliense - 31/07/2011

Casamento e ter uma criança em terras nacionais regularizam a situação dos estrangeiros no Brasil. Condição que nem sempre os protege do preconceito local


São Paulo e Manaus — O teste indicava que o hormônio HCG estava acima de cinco. Mudavam — naquela tarde de julho de 2010 — os destinos de Maria Ester, boliviana, 35 anos, moradora da capital paulista; e do namorado, boliviano, também operário, dia e noite das máquinas de costura. Em sete meses, nasceria o mais novo brasileiro com nome de espanhol. O bebê, hoje com 5 meses, garantiu a permanência dos pais na terra que elegeram para viver. "A oportunidade está aqui. Não quero voltar para La Paz", diz Maria Ester, enquanto empurra o carrinho do filho.

Ela tem a certeza de que não poderá mais ser deportada, um antigo pesadelo diante da dificuldade em conseguir documentos para a regularização do visto. As dúvidas de Ester agora são outras: casa, comida e emprego. Durante o período de gestação, Maria separou-se do pai da criança e foi morar na Casa do Migrante, ligada à Pastoral do Migrante, no centro da capital paulista. Precisou parar de trabalhar nos últimos meses de gestação e, sem ter com quem deixar o filho, ainda não pode retornar para as máquinas de costura. Passa os dias no abrigo ao lado de outras jovens mães. A maioria também boliviana. A pastoral registrou o aumento de grávidas. Sem ter condições de criar os filhos sozinhas, as mães recorrem à igreja.

Manai Guerrie é uma das 40 haitianas alojadas em uma casa emprestada pela Igreja Católica em Manaus. Aos 26 anos, ela está grávida e completou a travessia com o pai do filho que espera. A chegada foi um teste de resistência. Foram dois meses de trajeto, que incluíram passagens pela República Dominicana, Equador e Peru. "Enjoei um pouco por conta do barco. Mas a vontade de chegar era maior e resistimos bem. Agora, nossa vida só tende a melhorar."

Fraudes
"São inexpulsáveis pais de filhos nascidos no Brasil e percebemos a procura cada vez maior pela regularização de jovens grávidas", afirma a delegada Bruna Rodrigues Menk, chefe do Setor de Registro de Estrangeiros da Delegacia de Polícia de Imigração em São Paulo. A união estável com um brasileiro é outro item previsto em lei. Numa tentativa de coibir casamentos forjados e barrigas de aluguel, a Polícia Federal tem reforçado diligências para apurar detalhes da união e da convivência com os filhos. Nos primeiros cinco meses do ano, a Polícia Federal recebeu 1.110 pedidos de permanência com base em filhos e cônjuges — 565 foram deferidos.

A geração de novos brasileiros começa a enfrentar, segundo o procurador da República Jefferson Aparecido Dias, a intolerância. "Identificamos casos de crianças que eram obrigadas a pagar "pedágio" nas escolas de São Paulo para os alunos brasileiros", disse.

O boliviano Raul Torrez está no Brasil há 13 anos. Teve dois filhos com uma conterrânea. "As meninas são brasileiras, como qualquer outra garota nascida aqui, mas enfrentam diariamente o preconceito. A mais velha, de 6 anos, chora porque as meninas puxam o cabelo dela na escola e a chamam de índia e de boliviana", relata.

Nenhum comentário: