Nunca antes, na história deste País, houve uma coincidência tão grande
entre capas de revistas e manchetes de jornais; essa sintonia ocorre às
vésperas de uma reunião do Comitê de Política Monetária e tem dois
objetivos paralelos: arrancar juros maiores do governo e desgastar a
presidente Dilma; quem seriam os articuladores? FHC? Roberto Setubal?
A bem da verdade, além de FHC e
Olavo Setúbal, Eduardo Campos também está articulando para desgastar
Dilma.Semana passada, durante a inauguração de uma fábrica de gesso em
Afogados da Ingazeira-PE, Eduardo Campos reclamou dos juros baixos.
Segundo Campos, para baixar a inflação o remédio é juro alto.
Há quem acredite em coincidências. E na hipótese de que, ao longo desta
semana, os editores das revistas Época e Veja tenham tido a mesma
inspiração. A capa seria dedicada ao tema inflação e não haveria nada
melhor para sinalizar a escolha do que o tomate. Nos dois casos, a mesma
piadinha: a de que a presidente Dilma Rousseff teria "pisado no
tomate".
Assim como nas revistas semanais, coincidências também ocorreriam nos
principais jornais do País, que, num mesmo dia, seriam capazes de
produzir manchetes idênticas, sobre o estouro da meta inflacionária e a
necessidade de juros maiores. Aconteceu com Globo, Estado e Folha na
semana passada.
No entanto, deve-se desconfiar de tamanha sintonia entre veículos de
comunicação, que, não por acaso, ganharam o carimbo de PIG, Partido da
Imprensa Golpista. Por que, afinal, escolhas tão idênticas e manchetes
tão afins num mundo de múltiplos acontecimentos? Haveria alguma
articulação? Um ponto de contato entre seus editores? Uma construção de
consensos artificiais no processo de formação da opinião pública? Ou
será que tudo acontece mesmo por acaso?
Seja como for, a sintonia entre os meios de comunicação acontece num
momento emblemático. Dentro de 48 horas, técnicos do Banco Central
começam a discutir a política monetária e qual será a próxima taxa
Selic, hoje fixada em 7,25%. Seja em Época, Veja, nos jornais, como no
editorial do Globo deste domingo, ou na voz de lobistas do sistema
financeiro, como Maílson da Nóbrega, Alexandre Schwartsman e Ilan
Goldfajn, o que se pede, com todas as letras, é uma dose forte de juros,
cujos efeitos serviriam muito mais para realimentar a especulação financeira do que para baixar o preço do tomate, que subiu em razão de secas e já está em queda acentuada.
Diante de tudo isso, é de se perguntar: de quem é a mão que balança o
berço da mídia? Será Roberto Setubal, presidente do Itaú Unibanco, que
tem se mostrado como maior antagonista da política de juros baixos? Ou,
quem sabe, Fernando Henrique Cardoso, que manteve sua interlocução
privilegiada com os magnatas da mídia brasileira nos últimos anos?
Neste fim de semana, tanto Veja como Época também tiveram a ideia de
comparar Dilma a Margaret Thacther. Sobre a presidente brasileira, diz
Veja que ela "esnoba o capital externo, demoniza o lucro e muda as
regras do jogo toda hora" (alguém pensou em Roberto Setubal, que disse o
mesmo ao Financial Times?).
Há uma mão invisível no noticiário. Só falta descobrir a quem pertence.
Extraído do
O TERROR DO NORDESTE
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