A jornalista Mônica Bergamo, da Folha, entrevistou Nicolás Maduro, que
lidera as pesquisas na Venezuela. A ela, Maduro falou sobre as próximas
eleições, a morte de Hugo Chávez e a influência que o ex-presidente Lula
exercerá na América Latina. Confira alguns trechos:
Chavismo sem Chávez
O presidente Chávez fundou um movimento revolucionário e de massas na
Venezuela. Deu a ele uma ideologia e uma Constituição. Nosso processo
revolucionário está constitucionalizado. Ele nos dotou de um corpo de
doutrinas e de princípios. Nos deixou um testamento político, o programa
da pátria, com objetivos de curto, médio e longo prazos. E promoveu um
nível de participação e de protagonismo das amplas maiorias como nunca
se viu na história da Venezuela. Estamos preparados para seguir fazendo a
revolução. Ele formou um povo. Nos formou para um projeto.
Democracia na Venezuela
Nós aceitamos todas as eleições que perdemos. A Venezuela tem
governadores e prefeitos de oposição. Tem deputados, 40% do Parlamento.
Se algum dia ganharem, coisa que eu duvido que se passe no século 21,
bem, ganhariam e assumiriam a Presidência. E teriam que ver o que fazer
com o país. A Venezuela tem um povo consciente e bases sólidas de país
independente em vias do socialismo.
Disputa na mídia entre canais públicos e privados
Os canais públicos, em uma revolução como a que estamos vivendo na
Venezuela, têm que formar o povo, educar o povo, prepará-lo para essa
revolução. Têm que sair defendendo a verdade frente a uma ditadura
midiática que promoveu um golpe de Estado [em 2002, as emissoras
privadas apoiaram a tentativa frustrada de depor Chávez]. Foi o primeiro
golpe de Estado dado por canais de televisão. É preciso buscar uma
leitura mais próxima do que se passa na Venezuela. Os canais públicos
têm sido o contrapeso necessário e são o sustentáculo para estabilizar a
sociedade. Se tivessem desaparecido nos últimos seis anos, haveria uma
guerra civil. Os canais privados nos teriam levado a uma guerra de todos
contra todos.
Venda da Globovisión, que faz oposição ao chavismo
A Globovisión simplesmente jogou para derrubar o governo e fracassou. E o
fracasso político e de comunicação os levou a um fracasso econômico.
Estão quebrados, dizem eles. E simplesmente estão separados da
sociedade. Sabem que vamos governar este país por muitos anos, a
revolução continua. E eu creio que estão cansados já. Se cansaram, se
renderam.
Culto à personalidade de Chávez
Não houve em vida e agora o que há é amor. Culto ao amor, ao
agradecimento do povo a um líder que já é chamado na América de Cristo
Redentor dos Pobres. Um homem que transcendeu as nossas fronteiras.
Exemplo de Lula
Tentou-se por muito tempo [dizer isso]. Em 2007, havia toda essa
campanha brutal contra o presidente Chávez. E Lula propôs, para que eles
não brigassem... ele dizia assim: [imitando Lula] "'Chávess', vamos
fazer uma coisa. Vamos nos reunir a cada três meses para acabar com a
intriga". E assim se fez. Foram mais de 14 reuniões a partir daí. Agora,
sim, o que posso te dizer: Lula para nós também é um pai. Porque Lula é
fundador das correntes de esquerda de novo tipo que surgiram nos anos
80 adiante. Nós nos inspiramos na ética de Lula, na energia dele, em sua
liderança trabalhadora.
Política na América Latina
Se há algo a dizer de Lula, Néstor Kirchner, Cristina [Kirchner] e
outros líderes é que são, na essência, antineoliberais. Libertaram
nossos países do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial. E
essa direita que trata de se colocar disfarçada de Lula é, em sua
essência, privatizadora, dependente da forma neoliberal e do FMI. Não
têm nada que ver com o legado nem com o patrimônio político e cultural
dos valores que Lula representa.
Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, fruto de parceria entre Petrobras e PDVSA
Não tenho os detalhes atualizados, mas sei que marcha agora melhor. E que vai ter um final feliz.
Postado por
O TERROR DO NORDESTE
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