O baixinho sem pescoço, ao lado da mãe é o presidente Lula
Inicio este post com um forte pensamento de Roberto Malvezzi de que precisamos de um projeto de Brasil. Este Brasil, caracterizado por Celso Furtado como uma construção interrompida, precisa de um novo projeto. E não é de um projeto qualquer. É de um Projeto de Nação, um projeto de desenvolvimento nacional sustentado e sustentável, tal que contemple os interesses de todos os brasileiros, indistintamente, sem prevalências de quaisquer naturezas.
Todavia, há que se dar prioridade para aqueles que até hoje têm sido
privados de uma participação plena e digna na vida nacional como a
maioria do povo brasileiro, motivo pelo qual este blog irá mostrar as
mudanças que estão acontecendo nesta "Terra Severina", mas que está
encontrando aos poucos os seus caminhos de vida mais digna pela própria
convivência no semi-árido.
Historicamente
as nossas famílias tiveram que deixar suas terras, suas culturas e seus
familiares para viver em outros lugares distantes, isso porque aqui
colocaram cercas até nos rios e nas lagoas. O semi-árido, a despeito de
suas características geofísicas, não era e nunca foi o principal
problema de sobrevivência, mas sim um sistema de exploração que
abortava a vida do sertanejo e colocava-o em situação de extrema
pobreza.
O
caminho era ir – ser retirantes - como a própria família do presidente
Lula, morrendo de fome, de sede e de angústia, vai para São Paulo
trabalhar nas mais difíceis condições de vida, pelo menos lá não se
morre de sede, pode-se morrer de fome e das condições de vida e de
trabalho. Lá, o nordestino luta até o fim como em sua terra.
O baixinho sem pescoço, ao lado da mãe é o presidente Lula
A
despeito de toda a sorte e das mais imagináveis situações de vida, do
abandono do pai, as condições de trabalho, a luta sindical durante o
período militar, este tornou-se o Filho do Brasil, filho que
reconhecendo o valor de sua Terra e de suas origens retorna à casa como
presidente e um bom filho.
Este
conhecedor profundo de Brasil retorna com políticas públicas de
valorização do sertanejo que este blog pretende explorar com fatos e
relatos dos próprios sertanejos. Aqui as políticas públicas podem fazer a
redenção do sertão.
Os
pensamentos de Roberto Malvezzi vêm ao encontro dos meus e dos
objetivos deste blog. Perdemos décadas de políticas públicas
ineficientes e incompetentes. As nossas elites que governaram este país
nestes quinhentos anos não tiveram um projeto de Brasil e nem de nação.
Até hoje mandam os seus filhotes conhecerem a Europa, os EUA, mas estes
se desenvolvem sem conhecer a nação onde nasceram. São parias de uma
pátria que os acolheu, deu amor através de sua cultura e natureza, mas
crescem sem amor e sem sentimento de nação.
Em
2002 fui fazer um curso sobre meio ambiente ministrado por um professor
paulista e ele me confessou até de certa forma “ingênua” que ficou
surpreendido pela quantidade árvores e de pássaros. em nossa Caatinga.
Ele revela como outros conhecer muito pouco sobre Brasil e seus
riquíssimos Biomas. Deixa-se levar pelo poder ideológico e das formas
estereotipadas das informações divulgadas sobre o semi-árido – sertão.
Eu disse: professor, com ou outros paulistas que chegam aqui, você ficou
“desequilibrado”. Ele ficou meio errado, mas não podia deixar de
chamá-lo atenção pela sua ignorância de Brasil.
Em
seu livro “O Sertão Aqui se Despeja no Mar”, o engenheiro e Geógrafo e
Professor Caio Lóssio Botelho escreve que a palavra sertão deriva de
desertão, cobrindo todo o Ceará e grande parte dos Estados do Nordeste.
O
professor vai dissecando sobre as características do nordeste, citando o
Ceará, onde se denomina a estação chuvosa de inverno e a estação seca
de verão. Este fato se deve ao desconhecimento pelos portugueses da
Meteorologia e Climatologia equatorial, em razão de que na Península
Ibérica o período corresponde à estação do inverno (frio) e o período
seco ao verão (calor).
O
Semi-árido brasileiro, também chamado de Sertão - cenário geográfico
onde ocorrem as secas - abrange os seguintes estados: Piauí, Ceará, Rio
Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e o Vale
do Jequitinhonha, no norte de Minas Gerais. Estima-se nele uma população
de cerca de 20 milhões de pessoas das quais, no exacerbar de uma seca,
10 milhões passam sede e fome. É uma região de elevadas temperaturas
(média de 26º C), onde o regime pluvial é bastante irregular.
A
cobertura vegetal do Semi-Árido é a caatinga. No período chuvoso ela
fica verde e florida. Abriga uma das maiores biodiversidades brasileiras
de insetos, inclusive a abelha, o que a torna muito favorável para a
produção de mel.
O
Ceará está se tornando um dos maiores exportadores de mel do Brasil,
inclusive compro mel de comunidades que trabalham a terra de forma
sustentável, caso da comunidade de Lagoa dos Cavalhos. São experiências
que estão mudando a vida do sertanejo, mas por falta de compromisso de
entendimento de Brasil nossas elites deram às costas aos sertanejos
durante séculos.
Entretanto,
no período normal de estiagem, ela hiberna, fica seca, adquire uma
aparência parda; daí o nome caatinga, expressão indígena que quer dizer
“mata branca”. Mas não está morta. Quando a chuva retorna, acontece uma
espécie de ressurreição: o que parecia morto ressuscita; o que estava
seco volta a ser verde. Parece que a vida brota do nada.
Na verdade, o Semi-Árido tem apenas duas estações: a das chuvas e a sem chuvas.
Assim, historicamente, as expressões “inverno e verão” têm um sentido
tradicional, mas técnica e cientificamente é uma denominação errônea,
visto que aqui inexiste a estação fria (inverno) e o verão (calor),
estações típicas das zonas temperadas.
A
seca não é a falta absoluta de água, mas sim a sua má distribuição no
tempo e no espaço. Isso porque durante o ano chove dois ou três meses,
ficando o restante do ano sem chuvas.
No
momento a caatinga já saiu de sua hibernação e o verde conta dos campos
e das matas. Os buchos das lagoas e rios estão tomando água e a
passarada faz uma festa linda no sertão. Mesmo no período seco é preciso
entender quão lindo e majestoso é o nosso sertão.
A
título de esclarecimento o professor Caio Lóssio escreve que países
como Alemanha (670 mm) e Franca (690 mm) têm uma mídia pluvial inferior à
média histórica do Ceará (750 mm) e não tem o chamado fenômeno da seca.
Características principais do semi-árido nordestino:
A
região são aproveita 8% das chuvas caídas, pois 92% das precipitações
pluviais são absorvidas pela evaporação, evapotranspiração e
infiltração, tendo em vista a nossa equatorialidade;
No
nordeste semi-árido equatorial só temos uma fonte de água (as chuvas),
enquanto que as outras regiões semi-áridas da Terra possuem 4 fontes
como chuva, granizo, neve e geada;
O
Ceará é a região mais atingida pela seca porque aqui o sertão se
despeja no mar, em virtude de aqui inexistir a zona da mata e do
agreste;
A seca é normalidade na zona equatorial semi-árida do Nordeste brasileiro;
Sendo
a vegetação um espelho do clima, o semi-árido em questão apresenta
respectivamente a última (seridó) e penúltima (caatinga) formas
biofísicas antes do aparecimento do deserto;
A
agricultura no semi-árido é mais uma questão uma questão sociológica do
que econômica, pois a economia primária é grande absorvedora de
mão-de-obra. Esta questão se refere porque historicamente existe no
semi-árido a concentração de Terra e de água nas mãos de poucos. Os
poucos açudes e lagoas estavam concentrados nas mãos dos coronéis que
também controlavam o Estado por aqui;
Por
estas características, entende-se que a presença do Estado era através
dos coronéis que tinha no que é hoje os DEMOS-TUCANOS, os mais legítimos
representantes e que pouco a pouco estão sendo exterminados aqui no
semi-árido. Como vermes e todo o tipo de parasitas, nao encontrando mais
substrato para viverem e se reproduzirem o seu modus de vivência, vão
embora a procura de outros substratos, encontrando em São Paulo, do
conservadorimo paulista o ideal de reproduzirem Vida, Morte e Severina
por 500 longos no semi-árido equatorial nordestino.
Bem,
por enquanto paro aqui, mas as discussões sobre o Brasil e o sertão
nordestino continuam e temos uma longa caminhada para mostrar que se
Deus tinha uma terra prometida para os Hebreus que emana leite e mel,
errou de lugar e de direção geográfica e trouxe para a nossa região.
Certamente
ele errou as coordenadas geográficas, porque é aqui no semi-árido a
Terra prometida, mas a elite colocou tudo a perder e transformou isso em
campo de concentração de aniquilamento do sertanejo, onde o Diabo e
Deus pelejam na terra do sol.
Júlio
José Chiavenato, em As Lutas do Povo Brasileiro escrevendo sobre
Conselheiro afirma que este é o mais caluniado na história brasileira,
assim como o Presidente Lula chamado de analfabeto, corrupto e todo o
tipo de sorte pela elite através de seus meios de comunicação.
Nas
reflexões sobre Conselheiro, continua Chiaventato, a terra é o próprio
inferno, terra de cão, por isso ele sempre vence e a elite sempre teve o
leite e o mel. A batalha tem que ser ganha trazendo o céu para a terra.
Aqui será o Céu, na terra. Então venceremos Satanás e o presidente Lula
tem trabalhado para trazer o céu para a terra semi-árida nordestina.
REFERÊNCIAS
Defesa do Nordeste Semi-Árido Equatorial (Sertão). Cássio Lóssio Botelho
Malvezzi,
Roberto Semi-árido - uma visão holística. – Brasília: Confea, 2007.
140p. – (Pensar Brasil) 1.Semi-árido brasileiro. I. Título. II. Série
CHIAVENATO, Júlio José. As Lutas do Povo Brasileiro.
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