Bem, são várias
concepções de aprendizagem que professores utilizam em suas metodologias de
ensino, de forma consciente ou não: as concepções interacionista e sócio-interacionista contribuem para o aluno vivenciar o aprendido,
onde o foco está na aprendizagem.
Busca-se criar
situações de aprendizagem para os alunos participarem das atividades escolares,
ou seja, oportunizá-los a vivenciarem experiências e aprender participando do
processo de ensino e aprendizagem. E nas concepções instrucionistas, onde o
foco é no ensino e transmissão de informações, de estímulo e respostas, o aluno
é estimulado a assimilar e memorizar informações, onde esta prática de ensino,
a despeito das “críticas reflexivas”, é ainda muito utilizada.
Vejamos, o construtivismo
é uma teoria científica desenvolvida pela psicóloga argentina, aluna e
colaboradora de Piaget, Emília Ferreiro. Essa teoria, tida por muitos
especialistas como linha pedagógica, propõe que o aluno participe ativamente do
próprio aprendizado, mediante a experimentação, a pesquisa em grupo, o estímulo
à dúvida e o desenvolvimento do raciocínio, dentre outros procedimentos.
Esta concepção
de aprendizagem rejeita a apresentação de conhecimentos prontos ao estudante e indica
que uma pessoa aprende melhor quando toma parte de forma direta na “construção
do conhecimento” que adquire. O construtivismo enfatiza a importância do erro
não como um tropeço, mas como um trampolim no caminho da aprendizagem.
No que diz
respeito à educação e à pedagogia, Piaget (1974) afirma que o conhecimento se
forma e evolui através de um processo de construção e reconstrução (Pedro Demo
em Educar pela Pesquisa não fala construção, mas em reconstrução), que é
resultado da interação entre o organismo e o meio em que o sistema genético
sofre mudanças. O que Piaget fez foi explicar como se dá a passagem de um determinado estágio de conhecimento para uma
etapa posterior, em que o conhecimento é tido como melhor, mais completo.
Mostrando como ocorre essa passagem, Piaget cria a teoria dos estágios: caminho
percorrido pelas crianças em seu desenvolvimento.
Sobre a
concepção sócio-interacionista, a essência das pesquisas de Vygotsky é que o
aprendizado se dá, acima de tudo, pela interação social, quando a criança
utiliza seu instrumento biológico mental e com ele interage.
Vygotsky postula
que a criança aprende por um processo que associa o conhecimento ao sentimento.
Essa apropriação se dá como uma interiorização da experiência sócio-cultural
dos adultos e do meio que cerca a criança, sendo a cooperação e o papel do
outro importantes na aquisição do conhecimento. E sua visão
sócio-interacionista, propõe a necessidade da mediação, a experiência coletiva,
para que possa existir experiência individual. Nesse contexto, o processo de
aprendizagem é algo altamente dinâmico e sem papéis preestabelecidos.
Nesta visão
sócio-interacionista, a intervenção do professor mediador consiste em detectar
se a criança está fazendo o que sabe, o que pode, se está aquém de seu
potencial e o quanto poderia avançar. Nessa linha de aprendizagem, a criança
tem a capacidade de ir além das estruturas e do nível de desenvolvimento
estabelecidos por Piaget, se o professor interferir, ajudar, em vez de deixá-la
trabalhar sozinha e só ficar acompanhando o que ela sabe.
Vygotsky
salienta que o aprendizado da criança se inicia antes mesmo dela freqüentar a
escola, embora o aprendizado escolar introduza novos elementos no seu
desenvolvimento. Para isso, o pesquisador sócio-interacionista traça uma
distinção entre aprendizado espontâneo e aprendizado científico. Para o autor,
o ser humano não se encontra limitado à sua própria experiência pessoal, ou às
suas próprias reflexões, mas expande-se e aprofunda-se, em especial, graças à
apropriação da experiência social que é
veiculada pela linguagem. A criança amadurece
sob orientação de adultos ou crianças mais experientes,
apropriando-se da cultura elaborada pela
humanidade.
Tanto Vygotsty
como Piaget, veem a necessidade de estudar e de
conhecer a origem dos processos
mentais, isto é, como esses processos são construídos ao longo da vida das
crianças. Para Piaget, essa construção ocorre a partir do mecanismo de
equilibração e seus dois componentes: a assimilação, no qual o sujeito atua
sobre o meio, transformando-o, a fim de adequá-lo às suas estruturas mentais; e
a acomodação, no qual o indivíduo é modificado para se ajustar às diferenças
impostas pelo meio.
Já para Vygotsky, a construção se dá pelo mecanismo
da internalização e enfatiza que no desenvolvimento cultural da criança, todas
as funções ocorrem duas vezes: primeiro no nível social e depois no nível
individual; primeiro entre pessoas (interpsicológica) e depois no interior da
criança (intrapsicológica).
Nessa linha de
pensamento, estes dois pesquisadores são chamados de interacionistas, posto que
ambos consideram essa construção como ocorrendo a partir da interação do
sujeito com o meio. A diferença é que enquanto Piaget enfoca a interação com o
meio físico, Vygotsky dá total importância à interação com o meio sócio-cultural.
Suas congruências estão no entendimento que têm da criança como sujeito
construtor do próprio conhecimento, que constrói ou reconstrói esse
conhecimento, participando ativamente como arquiteto da aprendizagem.
Contrapondo-se
aos construtivistas que têm nas crianças o sujeito em ação, ativo,
incentivando-se ao processo de aprendizagem e portanto um ser arquiteto do
conhecimento, os behaviorista, segundo Moraes, 1997, p. 102) ignoraram
totalmente a interação mútua e a interdependência entre um organismo vivo e seu
ambiente natural, do qual é parte integrante. (...). Do ponto de vista
psicológico, animais e seres humanos são máquinas cujas atividades estão
limitadas às respostas condicionadas aos estímulos ambientais. Subjacente ao
princípio estímulo-resposta do comportamentalismo está a causalidade
mecanicista, em que, para cada efeito, deve haver uma causa anterior, e a mesma
causa produz sempre o mesmo efeito.
Por outro lado,
dentro da concepção construtivista, com pedagogia de projetos, ou currículo
focado na resolução de problemas, as mídias na educação permitem uma nova
dimensão de entendimento de aprendizagem como processo de descobertas, de
ensino, de leitura, porque provoca novas formas de aprendizagem.
Além do mais, as
mídias oferecem ainda recursos e meios
que nenhuma tecnologia educacional ofereceu até agora, pois como importante
meio integrador entre alunos-alunos e professores-alunos desmistifica o pavor
do erro, através de situações de aprendizagem desafiadoras.
Segundo Segundo
JOLIBERT (1994, p.21-22) uma nova
abordagem de educação permite que
(...)as crianças construam o sentido de sua atividade,
aceitando que um grupo viva com suas alegrias, entusiasmos, conflitos, choques,
com sua experiência própria e todos os lentos caminhos que levam às realizações
complexas. Vida cooperativa de aula e projetos... Projetos referentes à vida
cotidiana.
Nessa linha de
pensamento, é imperativo destacar que as mídias na educação vêm ao encontro da
natureza inata das crianças, de pesquisar e descobrir o mundo, de manipular objetos, seja tateando e manipulando pelas mãos e bocas, onde
aprendem pela aprendizagem exploratória. sentido, o computador é um recurso
rico da aprendizagem exploratória. De fato, Freinet (1991) e Vygotsky (1994)
enfatizam o valor da aprendizagem por descobertas, porque o conhecimento se
torna mais significativo, deixando aberto uma maior flexibilidade para o erro,
reforçando as construções de novas estruturas (Piaget, 1974) para a
autoaprendizagem. E a partir desse enfoque, aprender é naturalmente um jogo de
conquistas e surpresas reforçadas nas atividades cognoscitivas e processos de
vivências experimentais.
Portanto, nessa
mudança paradigmática, o professor deixa de ser o “instrutor” do aluno e passa
a exercer o papel de parceiro da aprendizagem, proporcionando um ambiente de
aprendizagem capaz de envolver as estruturas mentais pré-existentes das
crianças em conexões individuais e coletivas. Assim, trabalhará o uso das
mídias na pedagogia de projetos
vinculadas com a realidade dos seus alunos, integrando as diferentes áreas do
conhecimento de maneira interdisciplinar.
Referências
DOLLE, Jean Marie. Para Compreender Jean Piaget: uma
iniciação à psicologia genética piagetiana. Trad. de Edouard Privat.
Rio de Janeiro: Zahar, 1974.
FREINET, Celestina. Pedagogia do Bom Senso. Trad. De
J. Baptista, 3ª ed. São Paulo: Fontes, 1991.
GARDNER, Howard. Inteligências Múltiplas. A
Teoria na Prática. Trad. de Maria Adriana Verissímo Veronese. Porto Alegre:
Artes Médicas, 1995.
HERNÁNDEZ, Fernando; VENTURA, Montserrat. A Organização
do Currículo por Projetos de Trabalho: o conhecimento é um
caleidoscópio. 5ª ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.
JOLIBERT,
Josette. Formando Crianças Leitoras. Trad. de Bruno Charles Magne. Porto
Alegre: Artes Médicas, 1994.
NOGUEIRA, Nilbo Ribeiro. Uma Prática para o
Desenvolvimento das Múltiplas Inteligências: aprendizagem com projetos.
São Paulo: Érica, 1998.
OLIVEIRA, Marta Kohl de. Vygotsky – Aprendizado e
Desenvolvimento: um processo sócio-histórico. São Paulo: Spcione,
1993.
VYGOTSKY, L. S. A Formação Social da Mente. 5ª ed.
São Paulo: Martin Fontes, 1994.
OLIVEIRA, Marta Kohl de. Vygotsky – Aprendizado e
Desenvolvimento: um processo sócio-histórico. São Paulo: Spcione,
1993.
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