do Brasil 247
O acórdão do
julgamento do mensalão deve sair nesta semana, mas o mais controverso
processo judicial dos últimos anos no Brasil segue com inúmeras questões
a serem respondidas. No próximo fim de semana, chega às bancas das
princiais capitais do País edição da revista Retrato do Brasil que esmiúça a “construção do mensalão”, e a que você tem acesso em primeira mão no 247.
Na reportagem de capa, a publicação promete mostrar que “o mensalão
foi uma espécie de maldição aspergida pelo ex-deputado Roberto Jefferson
sobre um esquema de financiamento eleitoral por meio do qual o partido
do presidente Lula e de seu ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu,
distribuiu, entre 2003 e 2004, cerca de 56 milhões de reais para vários
de seus filiados, para o marqueteiro de muitas de suas campanhas, Duda
Mendonça, e para vários partidos da chamada base aliada”.
Entre os questionamentos apresentados pela revista está o fato de que
os empréstimos do Banco Rural ao ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e
aos dirigentes da empresa SMP&B, que levaram ex-executivos do banco e
da agência à condenação, “estavam perfeitamente contabilizados
exatamente para confirmar sua existência e para cobrar do PT que os
pagasse”, como destacam depoimentos dos ex-executivos do banco. “Eram
empréstimos, efetivamente. Esperávamos que o PT os pagasse. Se era
dinheiro para corrupção, porque fazer e depois entregar à polícia essa
contabilidade minuciosa?”, questiona Ramon Hollerbach, ex-sócio da
SMP&B, na reportagem.
Destacando que a Justiça no processo faz lembrar “tempos medievais”, a
publicação comandada por Raimundo Rodrigues Pereira detalha ainda o
caso Visanet, que, no processo, teria provado a existência de dinheiro
público no suposto esquema. “Um dos segredos da Visanet nos lugares em
que opera é colocar a serviço da venda de seus cartões – e, portanto, do
aumento de seu faturamento – bancos rivais entre si, cada um
interessado em emitir mais cartões que o outro, disputando cada espaço
do mercado”, explica o texto, que exemplifica: “se havia, como de fato
houve nesse período, um congresso de magistrados em Salvador e o BB
queria fazer uma promoção no local, isso não deveria estar escrito num
plano a ser discutido dentro da Visanet, onde estava o Bradesco, por
exemplo, com mais ações que o BB na empresa e igualmente ávido para
vender cartões Visa aos juízes, pessoas de alto poder aquisitivo”.
Visanet
A estratégia empresarial explica, segundo a revista, porque “as
relações entre Visanet, bancos e agências de publicidade tinham de ser
mais frouxas, para que o negócio funcionasse melhor”. “Os negócios foram
feitos assim e o truque funcionou, especialmente para o BB, que se
tornou, nos anos da gestão Pizzolato, líder no faturamento de cartões de
crédito entre os bancos associados à Visanet”, conta a Retrato do
Brasil. “Os auditores foram procurar documentos onde esses documentos
não estavam. Notas fiscais, faturas e recibos da agência DNA e de
fornecedores que teriam feito para ela as ações de incentivo autorizadas
pelo BB foram buscados no próprio BB, onde não estavam. Como quem
procura acha, os auditores encontraram ‘fragilidades e falhas’:
descobriram que, nos dois períodos até então (…), as ações com dinheiro
do FIV [Fundo de Incentivos Visanet] alocado para o BB, com falta
absoluta ou parcial de documentos nos arquivos do próprio BB, chegavam
quase à metade dos recursos despendidos”, lembra o texto.
“Ao procurarem os mesmos documentos na Visanet, os auditores os
encontraram. Evidentemente, a grande mídia – cujos colunistas mais
raivosos chamam os petistas de petralhas – divulgou apenas que os
auditores tinham achado, nos arquivos do BB, ‘fragilidades e falhas’ que
mostravam indícios de que os serviços da DNA para o BB poderiam não ter
sido realizados. A transformação das ‘fragilidades e falhas’ no
processo de controle dos recursos do Fundo de Incentivos Visanet pelo
Banco do Brasil num clamoroso ‘desvio de dinheiro público’ não se deu
por força de afirmações contidas nos frios relatórios da auditoria feita
pelo banco nesse fundo. Essa metamorfose ocorreu após a denúncia do
escândalo na Câmara dos Deputados, um local no qual o PT sofrera uma
grande derrota no início de 2005, com a perda da presidência da Casa,
cargo em que estava seu deputado João Paulo Cunha, um ex-metalúrgico,
como o presidente Lula”, conta a revista.
Extraído do blog Esmael
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