Carta Maior
Manifesto que já conta com quase 6 mil assinaturas de professores comprova a rejeição a José Serra no âmbito da Universidade brasileira. O documento critica seu autoritarismo como governador, sua tentativa de revogar a relativa autonomia das Universidades Estaduais paulistas, o uso da força para resolver conflitos e o achatamento salarial, em época de recordes de arrecadação de impostos. Tais métodos, diz ainda o manifesto, estendem-se ao sistema de ensino fundamental e médio, cujo desempenho sofrível revela o fracasso da política educacional que, sob o comando de Paulo Renato, não esconde seu ímpeto privatizante. O artigo é de Ricardo Musse.
Ricardo Musse (*)
O Manifesto dos 5 mil, atualmente com quase 6.000 assinaturas de professores, postado no blog http://emdefesadaeducacao.wordpress.com/, comprova a rejeição a José Serra no âmbito da Universidade brasileira. Critica seu autoritarismo como governador, sua tentativa de revogar a relativa autonomia das Universidades Estaduais paulistas, o uso da força para resolver conflitos e o achatamento salarial, em época de recordes de arrecadação de impostos. Tais métodos estendem-se ao sistema de ensino fundamental e médio, cujo desempenho sofrível revela o fracasso da política educacional que, sob o comando de Paulo Renato, não esconde seu ímpeto privatizante.
Esse diagnóstico torna-se ainda mais desfavorável a José Serra quando comparado ao êxito da política educacional do governo Lula. Sob o comando do ministro Fernando Haddad expandiu-se o número de vagas e de Universidades Federais; institui-se o Prouni, modalidades de cotas e simplificação do crédito estudantil, possibilitando o inédito acesso à Universidade de estudantes oriundos das faixas mais pobres da população. Criaram-se mais de 150 escolas técnicas federais. O ensino fundamental e médio foi reforçado por verbas em escala nunca vista, o que possibilitou o estabelecimento de um piso salarial nacional de professores. Estes se tornaram ainda alvos de engenhosos programas de formação continuada.
O Manifesto também destaca que a campanha de José Serra “promove uma deseducação política ao imitar práticas da extrema direita norte-americana em que uma orquestração de boatos dissemina a difamação manipulando dogmas religiosos”. E encerra, relembrando a crítica de Marx ao sobrinho de Napoleão, afirmando que “a celebração bonapartista de sua pessoa, em detrimento das forças políticas, só encontra paralelo na campanha de 1989, de Fernando Collor”
O retrocesso inerente à candidatura Serra foi condenado não apenas pelo expressivo número de assinaturas, mas também pelo endosso ao Manifesto de alguns dos mais importantes intelectuais brasileiros. A lista abaixo contém uma pequena, mas significativa amostra de signatários agrupados por áreas do conhecimento:
Artes: Ismail Xavier, Léon Kossovitch, Celso F. Favaretto, Angela Leite Lopes, Sérgio de Carvalho, Cibele Forjaz, Consuelo Lins, Ricardo Fabbrini, Carlos Antônio Leite Brandão, Denilson Lopes, Mayra Laudanna, Eduardo Morettin.
Antropologia: Eduardo Viveiros de Castro, Otávio Velho, Carmem Junqueira, Federico Neiburg, Heloisa Pontes, Liv Sovik, Fernanda Peixoto.
Ciência política: Gabriel Cohn, Maria Victoria Benevides, Emir Sader, Sebastião Velasco e Cruz, Armando Boito, Luis Fernandes, Otavio Dulci, Giuseppe Cocco, Juarez Guimarães, Walquíria Leão Rego, João Roberto Martins Filho, Rachel Meneguello, Carlos Ranulfo.
Comunicação: Ivana Bentes, Laurindo Lalo Leal Filho, Celso Frederico, Marcos Dantas, Francisco Rüdiger, Antonio Albino Canelas Rubim, César Bolaño.
Crítica literária: Antonio Candido, Alfredo Bosi, Walnice Nogueira Galvão, João Adolfo Hansen, Luiz Costa Lima, Flora Sussekind, Wander Melo Miranda, Flavio Aguiar, Modesto Carone, Luiz Roncari, José Antônio Pasta, Eliane Robert Moraes, Marcos Siscar, José Camilo Pena, Luís Augusto Fischer.
Direito: Fábio Konder Comparato, Gilberto Bercovici, Sérgio Salomão Shecaira, Jorge Luiz Souto Maior, Marcus Orione, Alysson Mascaro, Alessandro Octaviani.
Economia: Theotonio dos Santos, Leda Paulani,Wilson Cano, Ladislau Dowbor, Frederico Mazzucchelli, Paulo Nakatani, Eleutério Prado, Carlos Alonso Barbosa de Oliveira.
Filosofia: Marilena Chaui, Ruy Fausto, Franklin Leopoldo e Silva, Guido Antônio de Almeida, Scarlett Marton, Newton Bignotto, Wolfgang LeoMaar, Arley R. Moreno, Maria Lucia Cacciola, João Quartim de Moraes, Rosa Maria Dias, Sergio Cardoso, Peter Pal Pelbart, Vladimir Safatle, Ernani Chaves, Rodrigo Duarte, Vinicius Berlendis de Figueiredo.
Física: Enio Candotti, Ildeu de Castro Moreira, Edilson Crema, Ernesto dos Santos Caetano Neto, Gil Vicente Reis de Figueiredo.
História: Emilia Viotti da Costa, João José Reis, Laura de Mello e Souza, Luiz Felipe Alencastro, Luiz Alberto Moniz Bandeira, Ronaldo Vainfas, Maria Odila Dias, Ilmar de Mattos, Daniel Aarão Reis, Sidney Chalhoub, John Monteiro, Marcos Silva, Claudio Batalha, Wilma Peres Costa, Maria Ligia Coelho Prado, Eliana Dutra .
Pedagogia: Dermeval Saviani, Liliana Segnini, José Sérgio F. de Carvalho, Nelson Schapochnik, Vanilda Paiva, César Augusto Minto, Eugenio França Ramos.
Sociologia: Sergio Miceli, Renato Ortiz, Laymert Garcia dos Santos, José Vicente Tavares dos Santos, José Ricardo Ramalho, Glauco Arbix, José Sergio Leite Lopes, Maria Lygia Quartim de Moraes, Irene Cardoso, Vera da Silva Telles, Adalberto Cardoso.
Outro dado importante no Manifesto foi a adesão de intelectuais filiados ou próximos de partidos como PSOL, PSTU e PCB, como é o caso, entre outros, de Carlos Nelson Coutinho, Heloisa Fernandes, José Arbex Jr., Caio Navarro de Toledo, Afrânio Catani, Luiz Renato Martins, Cibele Rizek, Sean Purdy, Henrique Carneiro e Antonio Carlos Mazzeo.
(*) Ricardo Musse é professor de sociologia na USP.
Esse diagnóstico torna-se ainda mais desfavorável a José Serra quando comparado ao êxito da política educacional do governo Lula. Sob o comando do ministro Fernando Haddad expandiu-se o número de vagas e de Universidades Federais; institui-se o Prouni, modalidades de cotas e simplificação do crédito estudantil, possibilitando o inédito acesso à Universidade de estudantes oriundos das faixas mais pobres da população. Criaram-se mais de 150 escolas técnicas federais. O ensino fundamental e médio foi reforçado por verbas em escala nunca vista, o que possibilitou o estabelecimento de um piso salarial nacional de professores. Estes se tornaram ainda alvos de engenhosos programas de formação continuada.
O Manifesto também destaca que a campanha de José Serra “promove uma deseducação política ao imitar práticas da extrema direita norte-americana em que uma orquestração de boatos dissemina a difamação manipulando dogmas religiosos”. E encerra, relembrando a crítica de Marx ao sobrinho de Napoleão, afirmando que “a celebração bonapartista de sua pessoa, em detrimento das forças políticas, só encontra paralelo na campanha de 1989, de Fernando Collor”
O retrocesso inerente à candidatura Serra foi condenado não apenas pelo expressivo número de assinaturas, mas também pelo endosso ao Manifesto de alguns dos mais importantes intelectuais brasileiros. A lista abaixo contém uma pequena, mas significativa amostra de signatários agrupados por áreas do conhecimento:
Artes: Ismail Xavier, Léon Kossovitch, Celso F. Favaretto, Angela Leite Lopes, Sérgio de Carvalho, Cibele Forjaz, Consuelo Lins, Ricardo Fabbrini, Carlos Antônio Leite Brandão, Denilson Lopes, Mayra Laudanna, Eduardo Morettin.
Antropologia: Eduardo Viveiros de Castro, Otávio Velho, Carmem Junqueira, Federico Neiburg, Heloisa Pontes, Liv Sovik, Fernanda Peixoto.
Ciência política: Gabriel Cohn, Maria Victoria Benevides, Emir Sader, Sebastião Velasco e Cruz, Armando Boito, Luis Fernandes, Otavio Dulci, Giuseppe Cocco, Juarez Guimarães, Walquíria Leão Rego, João Roberto Martins Filho, Rachel Meneguello, Carlos Ranulfo.
Comunicação: Ivana Bentes, Laurindo Lalo Leal Filho, Celso Frederico, Marcos Dantas, Francisco Rüdiger, Antonio Albino Canelas Rubim, César Bolaño.
Crítica literária: Antonio Candido, Alfredo Bosi, Walnice Nogueira Galvão, João Adolfo Hansen, Luiz Costa Lima, Flora Sussekind, Wander Melo Miranda, Flavio Aguiar, Modesto Carone, Luiz Roncari, José Antônio Pasta, Eliane Robert Moraes, Marcos Siscar, José Camilo Pena, Luís Augusto Fischer.
Direito: Fábio Konder Comparato, Gilberto Bercovici, Sérgio Salomão Shecaira, Jorge Luiz Souto Maior, Marcus Orione, Alysson Mascaro, Alessandro Octaviani.
Economia: Theotonio dos Santos, Leda Paulani,Wilson Cano, Ladislau Dowbor, Frederico Mazzucchelli, Paulo Nakatani, Eleutério Prado, Carlos Alonso Barbosa de Oliveira.
Filosofia: Marilena Chaui, Ruy Fausto, Franklin Leopoldo e Silva, Guido Antônio de Almeida, Scarlett Marton, Newton Bignotto, Wolfgang LeoMaar, Arley R. Moreno, Maria Lucia Cacciola, João Quartim de Moraes, Rosa Maria Dias, Sergio Cardoso, Peter Pal Pelbart, Vladimir Safatle, Ernani Chaves, Rodrigo Duarte, Vinicius Berlendis de Figueiredo.
Física: Enio Candotti, Ildeu de Castro Moreira, Edilson Crema, Ernesto dos Santos Caetano Neto, Gil Vicente Reis de Figueiredo.
História: Emilia Viotti da Costa, João José Reis, Laura de Mello e Souza, Luiz Felipe Alencastro, Luiz Alberto Moniz Bandeira, Ronaldo Vainfas, Maria Odila Dias, Ilmar de Mattos, Daniel Aarão Reis, Sidney Chalhoub, John Monteiro, Marcos Silva, Claudio Batalha, Wilma Peres Costa, Maria Ligia Coelho Prado, Eliana Dutra .
Pedagogia: Dermeval Saviani, Liliana Segnini, José Sérgio F. de Carvalho, Nelson Schapochnik, Vanilda Paiva, César Augusto Minto, Eugenio França Ramos.
Sociologia: Sergio Miceli, Renato Ortiz, Laymert Garcia dos Santos, José Vicente Tavares dos Santos, José Ricardo Ramalho, Glauco Arbix, José Sergio Leite Lopes, Maria Lygia Quartim de Moraes, Irene Cardoso, Vera da Silva Telles, Adalberto Cardoso.
Outro dado importante no Manifesto foi a adesão de intelectuais filiados ou próximos de partidos como PSOL, PSTU e PCB, como é o caso, entre outros, de Carlos Nelson Coutinho, Heloisa Fernandes, José Arbex Jr., Caio Navarro de Toledo, Afrânio Catani, Luiz Renato Martins, Cibele Rizek, Sean Purdy, Henrique Carneiro e Antonio Carlos Mazzeo.
(*) Ricardo Musse é professor de sociologia na USP.
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