por Martinho Costa |
AS ENTRANHAS DA REVISTA VEJA -- A revista VEJA, segundo constatou FÁBIO JAMMAL MAKHOUL na pesquisa para sua tese de mestrado, "foi a mais engajada na tentativa frustrada de derrubar o presidente da República em 2005 e 2006". Ele também comprovou que "a revista VEJA está claramente do lado do PSDB e completamente contra o PT. Se você pesquisar a revista desde o início dos anos de 1980 vai constatar que o Partido dos Trabalhadores e o próprio LULA nunca tiveram um tratamento positivo nas páginas de VEJA".
Quanto à mídia como um todo, diz ele: "Essa história de imparcialidade da imprensa não existe. Os veículos de comunicação são empresas e têm os seus interesses e preferências políticas".
Mais: "Assumir uma posição ideológica ou política não é ruim ... O problema é quando se abandona o jornalismo para se transformar num panfleto político-partidário. E foi o que aconteceu com a VEJA de 2005 para cá ... ao apostar que poderia derrubar o presidente da República em 2005, perdeu a aposta e a credibilidade".
Duas denúncias fantasiosas de VEJA, por ele apuradas: 1) "espiões da Abin gravaram representantes da narco-guerrilha colombiana anunciando doação de 5 milhões de dólares para candidatos petistas na campanha de 2002"; 2) em 02/11/2005 - "... dizia que a campanha de LULA recebeu dólares de Cuba".
Aprofundando a campanha anti-LULA: "Nos quatro anos do primeiro mandato de LULA ... a revista lançou mão de uma estratégia discursiva que visava claramente dar a LULA o mesmo destino de Collor: o impeachment. Sem sucesso nesse intento, o semanário passou a trabalhar para evitar a reeleição do petista". Foi então ela mais fundo e proclamou "a associação entre o PT e bandidos; de traficantes a assassinos".
Além disso, e de colocações preconceituosas como: "A suposta falta de escolaridade e de atenção dos petistas com a educação ..., VEJA mostrou aos leitores que a máquina foi tomada pelos petistas, que aparelharam o Estado como fizeram os soviéticos ..."
Até aqui, a explanação de MAKHOUL já nos oferece duas conclusões óbvias: primeiro, a conduta totalmente desprovida de ética da revista VEJA; segundo, a revelação da fonte de onde Serra tirou as "informações" para acusar os petistas de manter um relacionamento com as Farc da Colômbia, de ter promovido o aparelhamento do Estado, de constituir vínculos político-ideológicos com Cuba, etc.
"A corrupção, entretanto, foi o tema mais explorado nas capas que retrataram o PT e o governo LULA. Além disso, suas reportagens serviram tanto para iniciar um escândalo como para mantê-lo na pauta da mídia. Em muitos momentos, principalmente durante o escândalo 'mensalão', as reportagens de VEJA alimentaram os jornais diários e a própria TV".
Uma estatística eloquente: "VEJA publicou 206 edições entre 01/01/2003 e 31/12;2006. Nesse período, saíram 621 reportagens sobre o 1º governo LULA. Dessas, 252 trataram de escândalos. Por edição, havia 3 matérias sobre o governo petista, com enfoque negativo, e sempre uma sobre algum escândalo". Como se pode averiguar, um fogo cerrado para minar politicamente o governo LULA, foi mantido em permanente vigor durante todo o tempo do primeiro mandato. "Em 2006, último ano do governo (1º mandato), VEJA publicou 15 capas sobre LULA e o PT, todas desfavoráveis em pleno ano eleitoral'.
"Comparativamente à atuação de governos passados, o tratamento da imprensa e de VEJA à gestão LULA foi muito desigual. Durante a era tucana, por exemplo, as denúncias contra o governo federal não tiveram muito destaque". Enquanto isso, VEJA chegou a defender o fim do PT...". Naturalmente, isso só poderia ser conseguido mediante um golpe de Estado. "Ela tinha uma estratégia discursiva e a seguiu até o fim com um objetivo bem claro: derrubar LULA da presidência".
Finalmente, "VEJA assume com todas as letras que fala em nome das classes mais abastadas e que defende uma política e um projeto de Estado mais à direita do que voltados para o social. Sua intenção é proteger o capital...". Doa em quem doer.
Chamou a atenção do jornalista FABIO JAMMAL MAKHOUL, para o tema de sua tese de mestrado em Ciência Política na PUC de São Paulo, a inescapável realidade dos desvios éticos da revista VEJA. Semanário de maior tiragem do Brasil (acima de 1,2 milhão de exemplares), enveredou, "nos últimos anos", pela "degradação" do seu jornalismo de forma "assustadora". È a genuína reedição da Guerra Fria, agora de modo mais quente, em território nacional e nos tempos atuais, 20 anos após terminada a verdadeira Guerra Fria. A quem serve tamanha e despudorada investida? Somente a interesses da classe conservadora patrimonialista nacional? Certamente que não. O conservadorismo radical e o neoliberalismo locais têm sócios majoritários além-mar, todos com interesses colonialistas sobre nossa Terra e suas imensas riquezas. Além do mais, a queda da bandeira desfraldada por LULA, significaria o desmantelamento das ações políticas de soberania, em curso em toda a América Latina, com repercussões em todo o mundo, especialmente na África. A tarefa, dá para desconfiar, é grande demais para a onipresente CIA não estar também presente, à socapa, como de costume.
FÁBIO JAMMAL MAKHOUL dá mais uma última justificação do seu interesse jornalístico pela pauta da revista: "VEJA é a quarta maior revista de informação do mundo e seu jornalismo já foi referência para toda mídia impressa brasileira. Mas, nos últimos anos, o semanário também se transformou no maior fenômeno de anti-jornalismo do país". Passou a ser a locomotiva (hoje, frente às Organizações Globo, apenas uma maria-fumaça) do trem-fantasma chamado PIG.
Como sempre foi assim, os tempos idos, junto às circunstâncias do presente, constituem uma base sólida para o futuro que, é claro, pode ser ruim ou promissor. Portanto, diferentemente daqueles que fogem do passado (p/ex., dizendo: "esqueçam o que escrevi") - talvez para aliviar a própria consciência e também fugir a responsabilidades) - , nada há de mais certo do que "olhar o retrovisor" (expressão dita por FHC, copiada por Serra, para tentar jogar no esquecimento o desastroso governo do primeiro) para relembrar ou conhecer o passado. O povo que não conhece a própria história, pode se ver obrigado a repeti-la. Talvez não haja outro continente com o da América Latina, onde essa verdade é mais palpável, mais gritante. Os acontecimentos entre nós brasileiros, antes e após 1964, se devem, em grande medida, por ter a mídia pautado o comportamento da nossa conservadora classe média. Martinho Nunes da Costa
Quanto à mídia como um todo, diz ele: "Essa história de imparcialidade da imprensa não existe. Os veículos de comunicação são empresas e têm os seus interesses e preferências políticas".
Mais: "Assumir uma posição ideológica ou política não é ruim ... O problema é quando se abandona o jornalismo para se transformar num panfleto político-partidário. E foi o que aconteceu com a VEJA de 2005 para cá ... ao apostar que poderia derrubar o presidente da República em 2005, perdeu a aposta e a credibilidade".
Duas denúncias fantasiosas de VEJA, por ele apuradas: 1) "espiões da Abin gravaram representantes da narco-guerrilha colombiana anunciando doação de 5 milhões de dólares para candidatos petistas na campanha de 2002"; 2) em 02/11/2005 - "... dizia que a campanha de LULA recebeu dólares de Cuba".
Aprofundando a campanha anti-LULA: "Nos quatro anos do primeiro mandato de LULA ... a revista lançou mão de uma estratégia discursiva que visava claramente dar a LULA o mesmo destino de Collor: o impeachment. Sem sucesso nesse intento, o semanário passou a trabalhar para evitar a reeleição do petista". Foi então ela mais fundo e proclamou "a associação entre o PT e bandidos; de traficantes a assassinos".
Além disso, e de colocações preconceituosas como: "A suposta falta de escolaridade e de atenção dos petistas com a educação ..., VEJA mostrou aos leitores que a máquina foi tomada pelos petistas, que aparelharam o Estado como fizeram os soviéticos ..."
Até aqui, a explanação de MAKHOUL já nos oferece duas conclusões óbvias: primeiro, a conduta totalmente desprovida de ética da revista VEJA; segundo, a revelação da fonte de onde Serra tirou as "informações" para acusar os petistas de manter um relacionamento com as Farc da Colômbia, de ter promovido o aparelhamento do Estado, de constituir vínculos político-ideológicos com Cuba, etc.
"A corrupção, entretanto, foi o tema mais explorado nas capas que retrataram o PT e o governo LULA. Além disso, suas reportagens serviram tanto para iniciar um escândalo como para mantê-lo na pauta da mídia. Em muitos momentos, principalmente durante o escândalo 'mensalão', as reportagens de VEJA alimentaram os jornais diários e a própria TV".
Uma estatística eloquente: "VEJA publicou 206 edições entre 01/01/2003 e 31/12;2006. Nesse período, saíram 621 reportagens sobre o 1º governo LULA. Dessas, 252 trataram de escândalos. Por edição, havia 3 matérias sobre o governo petista, com enfoque negativo, e sempre uma sobre algum escândalo". Como se pode averiguar, um fogo cerrado para minar politicamente o governo LULA, foi mantido em permanente vigor durante todo o tempo do primeiro mandato. "Em 2006, último ano do governo (1º mandato), VEJA publicou 15 capas sobre LULA e o PT, todas desfavoráveis em pleno ano eleitoral'.
"Comparativamente à atuação de governos passados, o tratamento da imprensa e de VEJA à gestão LULA foi muito desigual. Durante a era tucana, por exemplo, as denúncias contra o governo federal não tiveram muito destaque". Enquanto isso, VEJA chegou a defender o fim do PT...". Naturalmente, isso só poderia ser conseguido mediante um golpe de Estado. "Ela tinha uma estratégia discursiva e a seguiu até o fim com um objetivo bem claro: derrubar LULA da presidência".
Finalmente, "VEJA assume com todas as letras que fala em nome das classes mais abastadas e que defende uma política e um projeto de Estado mais à direita do que voltados para o social. Sua intenção é proteger o capital...". Doa em quem doer.
Chamou a atenção do jornalista FABIO JAMMAL MAKHOUL, para o tema de sua tese de mestrado em Ciência Política na PUC de São Paulo, a inescapável realidade dos desvios éticos da revista VEJA. Semanário de maior tiragem do Brasil (acima de 1,2 milhão de exemplares), enveredou, "nos últimos anos", pela "degradação" do seu jornalismo de forma "assustadora". È a genuína reedição da Guerra Fria, agora de modo mais quente, em território nacional e nos tempos atuais, 20 anos após terminada a verdadeira Guerra Fria. A quem serve tamanha e despudorada investida? Somente a interesses da classe conservadora patrimonialista nacional? Certamente que não. O conservadorismo radical e o neoliberalismo locais têm sócios majoritários além-mar, todos com interesses colonialistas sobre nossa Terra e suas imensas riquezas. Além do mais, a queda da bandeira desfraldada por LULA, significaria o desmantelamento das ações políticas de soberania, em curso em toda a América Latina, com repercussões em todo o mundo, especialmente na África. A tarefa, dá para desconfiar, é grande demais para a onipresente CIA não estar também presente, à socapa, como de costume.
FÁBIO JAMMAL MAKHOUL dá mais uma última justificação do seu interesse jornalístico pela pauta da revista: "VEJA é a quarta maior revista de informação do mundo e seu jornalismo já foi referência para toda mídia impressa brasileira. Mas, nos últimos anos, o semanário também se transformou no maior fenômeno de anti-jornalismo do país". Passou a ser a locomotiva (hoje, frente às Organizações Globo, apenas uma maria-fumaça) do trem-fantasma chamado PIG.
Como sempre foi assim, os tempos idos, junto às circunstâncias do presente, constituem uma base sólida para o futuro que, é claro, pode ser ruim ou promissor. Portanto, diferentemente daqueles que fogem do passado (p/ex., dizendo: "esqueçam o que escrevi") - talvez para aliviar a própria consciência e também fugir a responsabilidades) - , nada há de mais certo do que "olhar o retrovisor" (expressão dita por FHC, copiada por Serra, para tentar jogar no esquecimento o desastroso governo do primeiro) para relembrar ou conhecer o passado. O povo que não conhece a própria história, pode se ver obrigado a repeti-la. Talvez não haja outro continente com o da América Latina, onde essa verdade é mais palpável, mais gritante. Os acontecimentos entre nós brasileiros, antes e após 1964, se devem, em grande medida, por ter a mídia pautado o comportamento da nossa conservadora classe média. Martinho Nunes da Costa
Texto disponibilizado no grupo de discussão Os Amigos do Franklin.
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