Lula cobrará compromisso de países ricos
Jornal do Brasil - 17/12/2009
Cercado de expectativas, o discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, hoje, na Conferência do Clima, será de cobranças aos países ricos. A presidente do evento renunciou ao cargo após críticas dos emergentes.
COPENHAGUE - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fará quinta-feira à tarde seu pronunciamento oficial na Conferência de Copenhague (COP 15). Segundo fontes do governo, Lula vai cobrar que os países industrializados assumam responsabilidades correspondentes às suas emissões de carbono e ao impacto de suas atividades econômicas sobre o clima do planeta.
Segundo fontes do governo federal, os últimos detalhes do discurso de Lula serão fechados na madrugada de quinta-feira. O texto final incluirá temas debatidos quarta-feira entre Lula e outros chefes de Estado, como o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown.
O discurso de Lula é cercado de expectativa por parte do mundo todo, pois o Brasil vem assumindo uma posição de liderança na questão do aquecimento global. Especialmente depois que anunciou metas de redução de CO2 entre 36,1% e 39,8% até 2020, além de se comprometer a reduzir em 80% o desmatamento da Amazônia no mesmo período.
O Brasil é um dos países que lideram as articulações do G77 (grupo de nações pobres e em desenvolvimento) para tentar fechar um acordo até sexta-feira que amplie os compromissos firmados no Protocolo de Kyoto. O tratado impõe aos países ricos a responsabilidade pelas emissões históricas de gases de efeito estufa.
Quarta-feira, Lula, que chegou à Dinamarca na madrugada de quarta-feira, se reuniu com os negociadores brasileiros que já estavam em Copenhague, pela manhã. Dentre eles, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, e o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc.
Relato
Dilma passou a Lula um relato das negociações e impasses da COP 15. Ela disse, por exemplo, que os países ricos desejam repartir em fatias praticamente iguais as contribuições de países ricos e de nações em desenvolvimento para o fundo de combate ao aquecimento global. Segundo ela, a proposta fixa a participação dos emergentes em 20% do total dos recursos e a das nações desenvolvidas, em 25%. A parcela restante seria preenchida com dinheiro privado.
– Somos a favor de compromissos diferenciados. Esses países têm 200 anos de desenvolvimento e de acúmulo de riqueza, por isso não concordamos com a proposta – afirmou Dilma.
O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, complementou:
– Daqui a pouco, os EUA vão dizer que são um país em desenvolvimento.
Segundo a ministra Dilma Rousseff, um estudo encomendado pela ONU indica que o fundo deve receber entre US$ 200 bilhões e US$ 210 bilhões em 2030. Esse seria o valor anual quando ele estivesse em pleno funcionamento. Dilma informou ainda que o compromisso voluntário do Brasil de diminuir as emissões de gases de efeito estufa entre 36,1% e 39,8% até 2020 tem um custo estimado de US$ 166 bilhões nos próximos dez anos.
A redução do desmatamento na Amazônia em 80% até 2020 custaria US$ 20 bilhões desse total, de acordo com ela, e somente neste caso o país precisa de dinheiro internacional a fundo perdido
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