Moro murcha, Lula cresce
por Mauricio Dias
— Carta Capital
A politização obsessiva da Lava Jato provou ser prejudicial para os inquisidores da República de Curitiba
Ao contrário do que os inimigos esperavam, o golpe acabou por não prejudicar Lula
As mais recentes pesquisas de opinião,
outra vez vantajosas para Lula, acirraram mais o temor dos adversários
do metalúrgico representados por parte da população mais endinheirada,
tendo como porta-voz a oposição da mídia conservadora.
Essa reação nervosa contra Lula tem o apoio,
circunstancial, do desempenho dos operadores da Lava Jato, guiados pela
tirania imposta pelo juiz Sergio Moro
e orientados por certas regras da 13ª Vara Criminal Federal do Estado
do Paraná. Em outras palavras, teria sido melhor para os inquisidores se
a busca de corruptos e corruptores não tivesse sido politizada.
Em busca de um meio qualquer e
na esperança de ordenar a prisão do ex-presidente, o badalado magistrado
às vezes perde as estribeiras com decisões no gênero da exigência da
presença de Lula na audiência de todas as 87 testemunhas elencadas pela
defesa. Esse estranho confronto com o acusado talvez revele o início de
desprestígio de Moro após três anos em cena.
O metalúrgico e o magistrado vão
se encontrar no próximo dia 10 de maio, em Curitiba, quando o
ex-presidente for depor. Frente a frente, diria Moro. Cara a cara, Lula
replicaria. Até agora o juiz carece de provas “robustas”, como se diz
nos corredores da Justiça.
Moro começa a murchar. Lula, ao contrário, cresce. O ex-presidente não desaparece
como pretendiam seus adversários. Ou melhor, inimigos dispostos a
destruí-lo. O golpe contra Dilma Rousseff, nota-se agora, resgatou parte
dos danos provocados na influência política de Lula ao longo do
processo.
Em parte, isso é explicável. O fortalecimento do ex-presidente, após os possíveis estragos da Lava Jato,
contrapõe-se à ascensão de Michel Temer ao poder. Apoiado pelo PSDB, a
crise caiu no colo da extrema direita. Jogar a culpa só no governo
petista não colou.
O líder petista tem hoje o maior
“potencial de votos” numa projetada disputa pela Presidência da
República, em 2018, segundo números do Ibope. A rejeição a ele, embora
elevada (51%), caiu 14% desde o golpe e já incluindo nesses números os
processos da Lava Jato. Entra nessa história, pela convicção e não pela
comprovação, o triplex de Guarujá, cuja propriedade é atribuída a Lula.
O segundo depoimento de Léo Pinheiro,
diretor da OAS preso há quase um ano, desdiz o primeiro. Numa
suplicante delação, ampliada e melhorada na perspectiva de Moro, ele
tentou detonar uma bomba ao afirmar que Lula deu a seguinte ordem a ele:
“Se houver provas, destrua”.
Pinheiro não apresentou provas e ainda deixou um
rastro de incredibilidade na própria resposta que atribuiu a Lula. Seria
mais crível ao soar da seguinte forma: “Se houver provas, rasga essa
merda”.
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