Daniel Favero - Direto de Porto Alegre
Um grupo de 14 haitianos desembarcou em Porto Alegre na tarde desta sexta-feira para trabalhar em uma indústria de massas localizada na cidade de Gravataí, região metropolitana.
Os estrangeiros chegaram aparentando muito bom humor, carregando poucos pertences, e cumprimentando todos os novos colegas de trabalho. "Boa tarde", diziam para os funcionários mais antigos enquanto acenavam e sorriam para as câmeras, aproveitando o tratamento de celebridade que receberam por causa do assédio da imprensa.
Os estrangeiros chegaram aparentando muito bom humor, carregando poucos pertences, e cumprimentando todos os novos colegas de trabalho. "Boa tarde", diziam para os funcionários mais antigos enquanto acenavam e sorriam para as câmeras, aproveitando o tratamento de celebridade que receberam por causa do assédio da imprensa.
Além da atividade que vão desempenhar, os recém-chegados compartilham histórias de tragédia, perdas e saudades. "O terremoto foi uma tragédia, muita gente perdeu tudo, sua família... é gente que não tem nada, que está buscando viver sua vida outra vez. O Brasil recebe os haitianos, e nós estamos muito contentes de entrar aqui para buscar uma vida melhor", disse Jackcsin Etienne, um professor de idiomas, de 31 anos, que se tornou o porta-voz do grupo.
Os estrangeiros estavam vivendo na cidade acriana de Brasiléia e foram recrutados por um dos funcionários da fábrica Romena. A empresa alugou uma casa onde o grupo deve se acomodar provisoriamente e na semana que vem passam por treinamento para começar a trabalhar.
Jackcsin fala inglês, espanhol, francês, e agora português, mas mesmo com um diploma, não conseguia oportunidade em seu país, um território arrasado pelo terremoto que deixou mais de 300 mil mortos, há dois anos. Ele diz que chegou no Brasil, no dia 25 dezembro do ano passado e vivia em um abrigo, onde conheceu os colegas que vieram com ele para o Sul. "A situação estava mais ou menos. Tinha comida e lugar para dormir", disse sobre o abrigo onde vivia com os conterrâneos em terras acrianas.
"Depois do terremoto, perdi meu pai.
A situação está muito difícil, muita gente dorme na rua. Não tem nenhuma oportunidade para os jovens, por isso todo mundo está buscando uma oportunidade. Fiz busca na internet e vi que o Brasil é um pais que está crescendo economicamente. Estou buscado uma oportunidade, quero ter um trabalho e seguir estudando, cursei línguas na universidade do Estado do Haiti, e agora, quero trabalhar aqui e seguir estudando. Quero cursar Turismo", adiantou Etienne sobre seus planos.
A situação está muito difícil, muita gente dorme na rua. Não tem nenhuma oportunidade para os jovens, por isso todo mundo está buscando uma oportunidade. Fiz busca na internet e vi que o Brasil é um pais que está crescendo economicamente. Estou buscado uma oportunidade, quero ter um trabalho e seguir estudando, cursei línguas na universidade do Estado do Haiti, e agora, quero trabalhar aqui e seguir estudando. Quero cursar Turismo", adiantou Etienne sobre seus planos.
Ele conta que, além do Brasil, os haitianos têm buscado oportunidade também no Chile, Argentina, Equador. "Eu gosto muito de viajar. Para mim é uma nova descoberta", disse, ao responder se tinha medo de vir para um lugar tão distante de seu país.
O diretor administrativo da Romena, André Rosa, diz que a faixa etária dos haitianos varia entre 26 e 30 anos. Eles receberão um salário de aproximadamente R$ 700 nos primeiros meses, além de treinamento e acomodação até que se estabeleçam.
"Buscamos quem estava com vontade de trabalhar. Um dos motivos que nos fizeram buscá-los foi a falta de mão de obra, é algo que não é recente, e que vem aumentando ao longo do tempo. Há dois anos não conseguimos completar todo o quadro funcional. Conversamos com colegas no comércio e todos reclamam da mesma coisa, não se consegue mão de obra para o trabalho, quando se consegue, não dura muito tempo (...) mas vamos continuar contratando o pessoal local."
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