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sábado, 2 de outubro de 2010

Quando os jornais atuam de forma isenta e imparcial, quem ganha é a democracia deste país.

 Terra

Profissão Repórter

Antônio Cruz/Agência Brasil
Gilmar Mendes, que segundo a  Folha de S. Paulo  teria recebido ligação de José Serra antes do julgamento da obrigatoriedade de dois documentos para ...
Gilmar Mendes, que segundo a Folha de S. Paulo teria recebido ligação de José Serra antes do julgamento da obrigatoriedade de dois documentos para votar

José Luiz Teixeira
De São Paulo
Os repórteres Moacyr Lopes Júnior e Cátia Seabra, da "Folha de S.Paulo", podem ter contribuído, na última quinta-feira, para derrubar o segundo turno das eleições presidenciais brasileiras com uma simples nota jornalística.
Ao noticiar o telefonema de José Serra ao ministro Gilmar Mendes, do STF, podem ter abortado um eventual plano de postergar o julgamento sobre a obrigatoriedade de apresentação de dois documentos na hora do voto.
Em tese, caso o STF não derrubasse esse item da legislação, a abstenção entre os eleitores de menor escolaridade poderia tirar da candidata do Governo os dois ou três por cento necessários, segundo os institutos de pesquisa, para ganhar já no primeiro turno.
Ironia do destino: Moacyr e Cátia teriam prejudicado o candidato que Lula e José Dirceu acusam de ser apoiado pela "Folha".
Além de alimentar as mais complexas teorias da conspiração, o pequeno grande fato demonstra a importância dos repórteres na linha editorial dos jornais.
Por mais que o dono de um veículo de comunicação possa apoiar este ou aquele candidato, ele não tem o poder de monitorar todo o noticiário a ser publicado.
Quem levanta e escreve a notícia é o repórter; e ele a acompanha como quem cuida de um animal de estimação, ou até mesmo de um filho, desde a redação até sua publicação no dia seguinte.
Ainda que sejam verdadeiras as acusações de Lula e de José Dirceu de que a "Folha" apóia o candidato do PSDB, seus diretores não poderiam censurar a notícia da suposta conversa com Gilmar Mendes.
Aos poderosos, portanto, não basta conquistar para suas causas os donos dos jornais, rádios e TV; se quiserem ficar bem na fita, não podem desprezar os repórteres.
Até porque, se forem inimigos do peão do jornalismo, esse chato que geralmente está iniciando na profissão e tem mania de denunciar as mazelas de todo mundo, podem ficar marcados.
Gilmar Mendes, por exemplo, foi figura fundamental para acabar com o diploma de jornalismo, desagradando grande parte do reportariado nacional que penou quatro anos na faculdade para ganhar uma profissão.
Como ocorreu na última quarta-feira, haverá sempre um repórter de olho nele.

José Luiz Teixeira é jornalista. Formado pela Faculdade Cásper Líbero, trabalhou em diversos órgãos de imprensa, entre os quais as rádios Gazeta, Tupi e BBC de Londres, e os jornais O Globo, Folha de S.Paulo e Folha da Tarde.
Fale com José Luiz Teixeira: jl.teixeira@terra.com.br

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